O horror…

“A coisa é que, agora que fiquei ciente do fenômeno, eu o vejo em todo lugar…”

“Não se pode deixar isso assim. Isso é como descobrir que um serial killer abusador de crianças está no comando da seu time da liga júnior local. Este não é um caso de tolerância. Este é um caso de forquilhas e tochas metafóricas. …isto, a ‘Neorreação’, é uma ameaça definitiva, e deve ser encarada.”

(Alguns empurrões impressionantes já estão ocorrendo na seção de comentários lá em cima.)

Original.

Horror Reacionário

Dentro da tradição ocidental, a expedição para encontrar Kurtz no fim do rio tem um única e esmagadora conotação. É uma viagem ao Inferno. Daí sua absoluta importância, excedendo totalmente as ‘especificações da missão’. Os objetivos atribuídos não são mais do que um pretexto, organizando os termos da aproximação a um destino derradeiro. A unidade narrativa, conforme ganha impulso, é verdadeiramente infernal. O Iluminismo Sombrio é a atração comandante.

Sem dúvida existem espécies de filosofia reacionária política e histórica que permanecem completamente inocentes de tais impulsos. Quase certamente, elas predominam sobre suas sócias mórbidas. Manter uma orientação psicológica retrógrada, por reverência ao que já foi e está deixando de ser, pode se opor de maneira razoável àqueles para quem a desintegração da tradição descreve um gradiente e um vetor, que propele a inteligência adiante, para dentro do abismo que se escancara.

A reação é articulada como uma inversão da promessa progressista, dissociando ‘o bem’ e ‘o futuro’. A narrativa tácita da ficção científica, que corresponde à evolução social projetada, é despojada de seu otimismo, e dois gêneros alternativos surgem em seu lugar. O primeiro, como fugazmente notamos, é suave e nostálgico, reequilibrando a tensão do tempo em direção ao que foi perdido e tendendo a uma residência cada vez mais onírica de antigas glórias. Uma mentalidade conservadora-tradicionalista se devota a uma busca mnemônica, preservando vestígios de virtude em meio a remanescentes de uma sociedade erodida, ou – quando a preservação finalmente renuncia à sua compreensão da realidade – se voltando para evocações fantástica, enquanto reduto final da resistência. Tolkien exemplifica essa tendência em sua expressão mais sistemática. O futuro é gentilmente obliterado, conforme o bem morre dentro dele.

A segunda alternativa reacionária à ruína do futurismo utópico se desenvolve na direção do horror. Ela não hesita em sua viagem ao fim do rio, mesmo quando agouros envoltos em fumaça se espessam no horizonte. Conforme a devastação se aprofunda, seu futurismo é ainda mais acentuado. A projeção histórica se torna a oportunidade para uma exploração do Inferno. (O ‘neo-‘ da ‘neorreação’, assim, encontra uma confirmação adicional.)

Nessa trajetória, a antecipação histórica reacionária se funde com o gênero do horror em sua possibilidade mais intensa (e verdadeira vocação). Numerosas consequências ficam bem rapidamente evidentes. Uma zona especial de significância se refere à insistente questão da popularização, que está substancialmente resolvida, quase desde o começo. O gênero do populismo reacionário já está firmemente formulado, no lado da ficção de horror, onde coisas indo para o Inferno é uma pressuposição estabelecida. O Apocalipse Zumbi é apenas a variante mais proeminente de uma acomodação cultural bem mais geral ao desastre iminente. O ‘sobrevivencialismo’ é uma convenção do gênero tanto quanto uma expectativa sócio-política. (Quando, como VXXC aponta no blog, a munição .22 funciona como uma moeda virtual, a ficção de horror já se instalou como uma dimensão da realidade social.)

A reação não faz dialética, nem conversa com a Esquerda (com a qual não tem nenhuma comunidade), ainda assim a fatalidade histórica carrega sua mensagem: Suas esperanças são nossa estória de horror. Conforme o sonho perece, o pesadelo se fortalece e até mesmo – horrendamente – se revigora. Então, como se desenrola esse conto …?

elysium

O que você estava esperando? Valfenda?

Original.

Fome Zumbi

O Psykonomist encaminhou (pt) um extraordinário ensaio sobre o tópico do apetite popular pelo Apocalipse Zumbi, considerado como um canal expressivo para uma hostilidade vagamente ‘anarquista’ ao estado. Dada a falha das iniciativas democráticas do polo Direito em reverter – ou sequer restringir – as implacáveis concentração e expansão governamentais, ‘soluções’ catastróficas emergem como a única alternativa:

Filmes e programas de televisão têm permitido que os americanos imaginem como seria a vida sem todas as instituições que lhes disseram que eles precisam, mas que eles agora suspeitam que podem estar frustrando sua autorrealização. Estamos lidando com uma ampla variedade de fantasias aqui, principalmente nos gêneros do horror e da ficção científica, mas o padrão é bastante consistente e impressionante, atravessando distinções genéricas. No programa de televisão Revolution, por exemplo, algum evento misterioso faz com que todos os dispositivos elétrico ao redor do mundo deixem de funcionar. O resultado é catastrófico e envolve uma enorme perda de vida, conforme aviões em pleno ar se chocam contra a terra, por exemplo. Todas as instituições sociais se dissolvem, e as pessoas são foçadas a confiar em suas habilidades  pessoais de sobrevivência. Governos ao redor do mundo colapsam, e os Estados Unidos se dividem em uma série de unidades políticas menores. Este desenvolvimento contraria tudo que temos sido ensinados a acreditar sobre “uma nação, indivisível”. Ainda assim, é característico de quase todos esses programas que o governo federal esteja entre as primeiras baixas do evento apocalíptico e – por mais estranho que isso possa parecer a princípio – que haja um forte elemento de realização de desejos neste evento. A força destes cenários de fim do mundo é precisamente o governo ficar menor ou desaparecer inteiramente. Esses programas parecem refletir um sentimento que o governo ficou grande e distante demais das preocupações dos cidadãos comuns e indiferente às suas necessidades e exigências. Se o Congresso e o Presidente são incapazes de diminuir o tamanho do governo, talvez uma praga ou uma catástrofe cósmica possam fazer algum corte real de orçamento para variar.

O ensaio captura uma dimensão crítica de desintegração dentro do ‘campo reacionário’, que divide aqueles que buscam cooptar a elite gerencial da Catedral-Leviatã para uma filosofia política mais realista (ou tolerante à tradição) e aqueles que – bem mais numerosa e desarticuladamente – estão investidos na morte dura do regime. A última posição (imoderada), parece, é genuinamente e até mesmo chocantemente popular. Grupos de produção de entretenimento em massa são capazes de prosperar com base em seus pesadelos sedutores. (Seria o catastrofismo pulp é a base econômica que apoiará o contágio neorreacionário?)

Ler o ensaio de Cantor junto com o histórico ensaio Natural Law and Natural Rights de Jim Donald é altamente sugestivo. Um fio condutor comum a ambos é a centralidade do vigilantismo para a Direita popular. O propósito da Lei Natural, Donald argumenta, não é exigir justiça de uma autoridade superior, mas neutralizar a interferência de qualquer autoridade desse tipo na busca da justiça por parte de agências descentralizada. A Lei Natural protege o direito de vingança legítima, garantindo que os indivíduos não sejam inibidos no seu exercício da auto-proteção. Quando o se vê o Estado operar primariamente como uma força social que defende os criminosos contra a retaliação, ele perde a solidariedade instintiva dos cidadãos, e sonhos sombrios de um Apocalipse Zumbi começam a se amalgamar.

Dada a ética sobrevivencialista em todos esses programas sobre o fim do mundo, eles provavelmente não são populares com os defensores controle de armas. Um dos motivos mais impressionantes que eles têm em comum – evidente em Revolution, Falling Skies, The Walking Dead e muitos outros programas do tipo – é o cuidado amoroso com o qual eles descrevem um espantoso conjunto de armas. The Walking Dead apresenta uma guerreira amazona, que é adepta de uma espada samurai, assim como um redneck sulista, que se especializa em uma besta. A oferta cada vez menor de munições coloca um prêmio nas armas que precisam de balas. Isso não quer dizer, contudo, que The Walking Dead não tenha lugar para armas de fogo modernas e, com efeito, para o que há de mais recente em armas automáticas. Tanto os heróis quanto os vilões na série – difíceis de diferenciar a este respeito – estão tão bem armados quanto o time local da SWAT na América contemporânea.

Entre as atrações do Apocalipse Zumbi, nesta construção, está o desaparecimento do Estado enquanto um fator inibidor na economia social da retaliação. O mundo empesteado de zumbis é uma zona de fogo livre, na qual não há mais nenhuma autoridade entre os remanescentes armados e as hordas triturantes de descivilização. Quaisquer que sejam as probabilidades da luta por vir, o direito à violência vigilante e contra-revolucionária foi inequivocamente restaurado e isto é profundamente apreciado – por um impulso popular opaco – como um returno à ordem natural. O Estado havia tomado partido contra a Lei Natural, de modo que sua extirpação do campo social é saudada com alívio, mesmo que o custo deste desaparecimento seja um mundo reduzido a cinzas, predominantemente populadas pelos mortos-vivos canibais.

Há uma ferocidade nisto que será trabalhada. É melhor estar preparado.

Original.

Um Caminho Abstrato para a Liberdade

Nesta seção de comentários (e em outros lugares), o comentador VXXC cita o Conselho Sombrio de Durant: “Pois a liberdade e a igualdade são inimigas declaradas e perpétuas, e, quando uma prevalece, a outra morre. Deixe os homens livres, e suas desigualdades naturais se multiplicarão quase geometricamente”. Ele, então, observa: “Isso está bom para mim, eu vou com a Liberdade”. Este blog concorda sem reservas.

Tome este conselho sombrio como a tese de que uma dimensão praticamente significante pode ser construída, dentro da qual a liberdade e o igualitarismo estão relacionados como variáveis estritamente recíprocas. Tomando esta dimensão como orientação, dois modelos abstratos de redistribuição demográfica podem ser examinados, a fim de identificar o que é que os neorreacionários querem.

O Modelo Libertarianismo Suicida (MLS) de Caplan-Boudreaux, considerado aqui e depois esboçado aqui, toma a seguinte forma aritmética:

Suponha que existem dois países com populações iguais. A qualidade das políticas vai de 0 a 10, 10 sendo a melhor. No país A, os pontos de felicidade (a primeira escolha de políticas das pessoas) estão uniformemente distribuídos de 2 a 6. No país B, os pontos de felicidade estão uniformemente distribuídos de 4 a 8. […] Quando os países são independentes, o país A fica com uma qualidade política de 4 ( a mediana da distribuição uniforme de 2 a 6), e o país B fica com uma qualidade política de 6 (a mediana da distribuição uniforme de 4 a 8). A política média sob a qual as pessoas vivem: 50%*4+50%*6-5. …suponha que você abra as fronteiras, e todo mundo se mude para o país B (o país mais rico). A mediana de toda a distribuição é 5. Resultado: Os imigrantes vivem sob políticas melhores, os nativos vivem sob políticas piores. A média (5) continua inalterada.

Alguns ajustes preparatórias ajudam a suavizar o processo. Primeiramente, converta os “pontos de felicidade” de Caplan em coeficientes de liberdade (de ‘0’, ou igualitarismo absoluto, até ‘1’ ou liberdade irrestrita). Uma sociedade na qual a liberdade fosse maximizada não seria totalmente desigual (coeficiente de Gini 1.0), mas seria totalmente indiferente à desigualdade enquanto problema. Em outras palavras, preocupações igualitárias teriam impacto político zero. É neste sentido, apenas, que a liberdade é aperfeiçoada.

Em segundo lugar (e automaticamente), os julgamentos peticionadores de princípio de “melhor” e “pior” são deslocados pelos recíprocos ideológicos de liberdade e igualdade – não há qualquer necessidade de se compelir aquiescência quanto aos méritos objetivos de qualquer uma das duas. De fato, há toda razão para se encorajar aqueles inconvictos das atrações superiores da liberdade a buscarem satisfação ideológica em um reino igualitário, em outro lugar. Da perspectiva da liberdade, o êxodo igualitário é um bem inequívoco – mesmo supremo, análogo à dissipação de entropia política.

É ainda tacitamente presumido aqui que os coeficientes de liberdade se correlacionam linearmente com a otimização de inteligência, mas isto depende de mais argumentos, a serem colocados entre parênteses por ora.

O valor teórico extraordinário do MLS pode agora ser demonstrado. Devido a seu igualitarismo radical, ele define um limite péssimo para a neorreação e, assim, – por inversão estrita – descreve o programa abstrato para uma restauração da sociedade livre (o Modelo Neorreacionário de redistribuição demográfica, ou MN). A fim de mapear esta reversão, o curso mais simples é pressupor a realização completa do MLS em um espaço ‘geográfico’ arbitrário, que é tomado como sendo flexivelmente divisível e populado por 320 milhões de pessoas, homogenizadas pelo MLS a um coeficiente de liberdade de 0.5.

Confinando-nos às ferramentas já empregadas no estabelecimento do clímax do MLS (ao passo que – pelo bem a apresentação lúcida – ignoramos quaisquer assimetrias da catraca degenerativa), vamos agora proceder no caminho da reversão. A lei de conservação do MLS mantém que a liberdade média é preservada, de modo que um cisma inicial produz duas populações iguais – equivalente àquelas do ponto inicial de Caplan – cada uma contando com 160 milhões, mas agora diferenciadas, na dimensão do conselho sombrio, com coeficientes de liberdade de 0.6 e 0.4.

Persiga este procedimento de divisão territorial / populacional e diferenciação ideológica de maneira recursiva, focando exclusivamente no segmento comparativamente livre a cada vez. Os 160 milhões de 0.6s se tornam 80 milhões de 0.7s, e um número igual de 0.5s. Após cinco iterações, a distribuição des-homogeneizada neorreacionária-secessionista final é alcançada:

160 milhões x 0.4
80 milhões x 0.5
40 milhões x 0.6
20 milhões x 0.7
10 milhões x 0.8, e – encarnando o significado da histórial mundial, ou pelo menos absorvendo a exaltação neorreacionária –
10 milhões x 1.0

Aproximadamente 3% da população original agora vive em uma sociedade verdadeiramente livre. Para Caplan e outros proponentes do MLS, claro, nada que seja foi ganho.

Ainda assim, assuma, ao invés do universalismo utilitários do MLS, sobre fundamentos profundamente desigualitários, que a quantidade agregada de liberdade fosse considerada de importância vastamente menor do que a qualidade exemplar da liberdade, então a realização neorreacionária é gritante. Onde a liberdade não existia em nenhum lugar, agora ela existe, a um custo essencialmente irrelevante de deterioração socialista moderada em outros lugares. Metade da população original – 160 milhões de almas – foi agora liberada para gozar de uma sociedade ‘mais justa’ do que conheciam antes. Por que não lhes parabenizar pelo fato, sem ser distraído indevidamente pela fome e pelos campos de reeducação? Pode-se confiantemente presumir que eles teriam votado pelo regime que agora toma conta deles. Seus arranjos políticos internos não precisam mais nos preocupar.

Para a Neorreação (O MN), não é uma questão de se as pessoas (em geral) são livres, mas apenas se a liberdade existe (em algum lugar). A mais alta obtenção de liberdade dentro do sistema, em vez do nível médio de liberdade ao longo de todo o sistema, é sua esmagadora prioridade. Ao reverter o processo de redistribuição demográfica vislumbrado pelo MLS, seus fins são alcançados.

As conclusões utilitárias de soma zero desta comparação seriam perturbadas por uma elaboração mais concreta do MN, na qual os efeitos da exemplaridade, da concorrência, das externalidades positivas do desempenho tecno-econômico e de outras influências da liberdade fossem incluídos. No presente nível de abstração – estabelecido pelo próprio modelo (LS) de Caplan – tais desdobramentos positivos poderiam parecer não mais do que concessões sentimentais ao sentimento comum. É a essência cruel do Modelo Neorreacionário que tem, inicialmente, que se afirmar. Melhor a maior liberdade possível, mesmo que para uns poucos, do que uma liberdade menor para todos. A qualidade é o que mais importa.

A objeção semi-rawlesiana – completamente implícita dentro do MLS – poderia ser: “E se a sociedade livre, conforme a ‘probabilidade’ dita, não fosse a sua?” – nossa réplica: “Seria necessário um egoísta desprezível para não se deliciar com ela, mesmo à distância, como um farol de aspiração, e um idiota ou canalha para não partir no mesmo caminho, de qualquer maneira que eles fossem capazes”.

Desintegre o destino.

Original.

Marcadores de Fendas

O comentador que usa o rótulo Saddam Hussein’s Whirling Aluminium Tubes produziu algumas das críticas mais brilhantes a que este blog já esteve sujeito. Argumentando contra a estirpe tecno-comercial da NRx a partir de um ponto de vista paleorreacionário linha-dura, sua contribuição para esta (pt) seção é o ponto alto de seu engajamento aqui. Que, mesmo no clímax do ataque, este blog seja incapaz de declinar o diagnóstico oferecido, com a exceção de apenas as mais ligeiras e marginais reservas, é um fato que atesta a lucidez de sua visão. (Alguns ajustes editoriais mínimos foram feitos por consistência – o original pode ser conferido no link fornecido). SHWAT escreve:

A analogia do Admin entre o Tecno-Comercialismo e as estruturas do governo colonial na época da companhia das Índias Orientais está absolutamente correta e fornece um esclarecimento decisivo. Isto é como a vez quando um grupo ficou na Europa, enquanto o outro grupo ia fazer sua fortuna no Novo Mundo.

Reação: Ordem estável (como valor, se não efeito prático), posição hereditária
Tecno-comercialismo: Competição desintegradora, dinamismo

Reação: Conservadorismo, tradição, as antigas maneiras
Tecno-comercialismo: Compatição desintegradora, inovação

Reação: Autoridade pessoal, Realeza sacra, privilégios hereditários
Tecno-comercialismo: Governo corporativo, inclinando-se para o oligárquico, composição dinâmica da oligarquia, baseado na política corporativa e no Darwinismo Social

Reação: História cíclica, Kali Yuga
Tecno-comercialismo: História linear, progresso em direção à singularidade

Reação: Foco no país antigo, nas pessoas antigas, salvando o Ocidente
Tecno-comercialismo: Abandonar o antigo, colonizar novos espaços, tanto no Oriente quanto (espera-se) no Espaço

Reação: Ordem social tradicional, comunidade, pertencimento, senso de local e enraizamento, casta
Tecno-comercialismo: Dinamismo social moderno, liberdade, meritocracia, desenraizamento, atomização, Darwinismo Social, um futuro questionável para certas classes sociais

Reação: Conservadoramente comunitária
Tecno-comercialismo: Radicalmente individualista

Reação: Identitário
Tecno-comercialismo: Cosmopolita

Reação: Alega acabar com a política, acaba com a política Bizantina / Otomana
Tecno-comercialismo: Alega acabar com a política, acaba com a Política Corporativa

Reação: Marcial
Tecno-comercialismo: Mercantil, pós-Marcial (Drones > Xátrias)

Reação: Desdenhosa de empreendimentos mercantis crassos
Tecno-comercialismo: Vê empreendimentos mercantis como primários

Reação: Falha sem bons líderes
Tecno-comercialismo: Foco em estruturas governamentais inovadoras, de modo que as pessoas não precisem ser boas

Reação: Conservadora, quer que as coisas fiquem as mesmas ou volta para trás
Tecno-comercialismo: Desintegrador, dinâmico, quer que as coisas mudem constantemente, Avante!

Reação: Capitalismo ordinário, enjaulado (o que, para o Ultra-Capitalista, é socialismo)
Tecno-comercialismo: Ultra-Capitalismo

Reação: Religiosa
Tecno-comercialismo: Quer invocar um deus-máquina

Reação: Sobre encontrar uma maneira para que os humanos vivam vidas espiritualmente satisfatórias e depois morram e abram espaço para seus filhos
Tecno-comercialismo: Sobre encontrar uma maneira de invocar um deus-máquina para acabar com a humanidade e/ou encontrar uma maneira de viver para sempre. Muito poucos filhos.

Reação: Exigiria a criação de uma elite marcial nova e legítima ou a cooptação de alguém como Putin (horripilante para os tecno-comercialistas)
Tecno-comercialismo: Busca cooptar a atual elite mercante progressista e colocar alguém como o cara do Google no poder (horripilante para os reacionários)

Reação: Causa perdida romântica
Tecno-comercialismo: Perturbadoramente plausível, no sentido de que alguém como o cara do Google provavelmente iria acabar no topo de qualquer maneira, e ele poderia ouvir aqueles que lhe bajulam.

Então, eu tenho boas notícias e más notícias. As boas notícias são que [vocês tecno-comercialistas] provavelmente vão conseguir muito do que vocês querem no futuro. As más notícias são que você não são reacionários, nem mesmo um pouco. Vocês são liberais clássicos, só estava um pouco obscurecido porque vocês são liberais clássicos ingleses, em vez de americanos ou franceses. Consequentemente a falta de interesse em revoluções. O equivalente moderno daqueles caras liberais clássicos da Companhia das Índias Orientais.

Então, a escolha é de vocês. Vocês certamente podem manter o rótulo neo-reacionário e transformá-lo em algo como o “neo” em “neo-conservador”, onde o “neo” significa “pwnado”. Mas isso significará que os conservadores tradicionalistas e NBs continuam a vaguear por aqui. Ou você pode cortar o cordão e completar a fissão.

De qualquer forma, neste ponto provavelmente deveríamos seguir nossos caminhos separados e começar a conspirar uns contra os outros. Obrigado por uma leitura agradável

Se isto é realmente uma nota de despedida, é o exemplo mais magnífico que já vi. Estou quase tentado a dizer, com inimigos como este, quem precisa de aliados?

Há reviravoltas e meandros a serem adicionados esta cartografia rígida do cismo, incluindo aqueles que o cismo fará a si mesmo. Da atual perspectiva deste blog (que ele, claro, suspeita ser alguma outra coisa), a orientação quanto a esses é a complicação do tempo através do espiromorfismo, ou restaurações inovadoras, que nem ciclos, nem simplesmente trajetórias de escape podem capturar. Essas, em última análise, re-formam tudo, mas elas podem esperar (enquanto a ferida apodrece criativamente). A fissão libera energia. Talvez ironicamente – SHWAT demonstrou isso para além de toda controvérsia.

Original.

Nota Fragmentada (#11)

Com toda produtividade coerente sugada para dentro de um nodoso ensaio aceleracionista no momento, alguns fragmentos:

Update da Fissão – aparentemente os gênios na arquibancada geral da NRx estão convencidos agora de que Justine Tunney usurpou Michael Anissimov em seu universalmente reconhecido cargo sagrado como Deus-Imperador da Nova Reação. Anissimov, para seu grande crédito, está perplexo. Essa coisa vai se reduzir a cinzas em sua própria insanidade radiante ou se amplificar até algum nível ainda inimaginável de loucura? A opção responsável seria abandonar o banco dos tolos agora, mas é interessante demais para isso. Sinalizar alguma distância está se tornando absolutamente imperativo, contudo.

Um ponto que tem que ser enfatizado com renovado fervor é a prioridade absoluta da fragmentação territorial para qualquer linha da discussão da NRx que comece a se imaginar ‘política’. Modelos universalistas da boa sociedade são inteiramente inconsistentes com a NRx em suas fundações, e transformar tais diferenças em argumento político é ter vagueado desesperadoramente para fora do roteiro. Todo o ponto dos arranjos sociais neorreacionários é eliminar o argumento político, substituindo-o por problemas práticos de micro-migração. Facilitar pátrias para seus antagonistas é ainda mais importante do que projetá-las para seus amigos. (Mesmo a antiga República da África do Sul sabia disso – embora tenha estragado a execução.) A triagem geográfica dissipa a dialética.

***

Brett Stevens (do blog Amerika, @amerika_blog) deu uma de supernova no Twitter de uma maneira que grita esgotamento iminente, mas por ora ele é uma fonte de comentários e links soberbos. Entre as gemas mais recentes, estas duas peças, que levantam questões sobre a restauração de ideias teleológicas sofisticadas dentro da ciência natural.

por que a vida resiste à desordem? #entropy http://t.co/ggmrjqv4bq

— brett stevens (@amerika_blog) may 1, 2014

Também, duas outras sobre a catedralização das instituições literárias da FC, que se desenrola em público.

***

Mark Steyn se apresenta como um leitor de Sailer. Nenhuma grande surpresa ali, eu acho, mas as trevas crescem…

***

crown-of-thorns

Do que vi das respostas ao Trancendence, o filme foi quase universalmente mal compreendido. Sem modéstia, eu creio que meu ainda não escrito post sobre o tópico o entende com o título Páscoa dos Nerds. Estupidamente, a maioria dos críticos o descrevem como sendo sobre os perigos da superinteligência artificial. Na realidade, é sobre o pecado humano do medo e da negação de Deus, culminando no assassinato do Messias (enquanto divindade computacionalmente encarnada), e seu quieto retorno, em um jardim, enquadrando toda a imagem na promessa da ressurreição. Ele assim expõe o Transhumanismo não apenas como um sub-clade cristão, mas como um sub-clade notavelmente conservador (certamente em comparação com o Protestantismo Mainline). A significância disto precisa ser explorada em algum ponto.

Original.

Realismo Neorreacionário

O lugar mais fácil para se começar é com o que o realismo neorreacionário não é, que é isto:

Para se estabelecer um estado reacionário no Ocidente durante nossas vidas, precisaremos articular a necessidade de um em uma linguagem que milhões de pessoas possam entender. Se não para produzir nacionalistas, para pelo menos produzir um grande contingente de simpatizantes. A questão “O que é exatamente que vocês propõem fazer?” deve ser respondida, primeiro em termos simples, e depois em termos detalhados que apoiem de forma direta os argumentos simples. A ânsia de desenvolver teorias esotéricas de causas e circunstâncias deveria ser deixada de lado e substituída por propostas concretas para uma nova forma de governo que harmonize com princípios perenes. Isto pode ser alcançado ao se produzir teorias positivas para uma nova ordem, em vez de analizar as porcas e parafusos de uma ordem decadente.

Começar com um modelo de uma sociedade ideal é um procedimento que já tem um nome, e um que é diferente: Utopismo. Não é uma maneira difícil de pensar. Por exemplo, imagine um regime embasado na política fiscal comutativa. No que concernem considerações econômicas, o problema político está resolvido. Escolhas de políticas estão alinhadas com incentivos práticos, e o impulso democrático manifestamente irresistível em direção à violação redistributiva dos direitos de propriedade é imediatamente exterminado. O problema com esta ideia? – Não há nenhuma maneira prática de consegui-la. O problema real da filosofia política não está no esforço conceitual de modelar uma sociedade ideal, mas em sair de onde estamos, em uma direção que tenda à otimização de um valor selecionado (igualdade é uma merda, utilidade não funciona, liberdade é OK, inteligência é o melhor).

Aonde podemos chegar a partir daqui? A menos que esta questão controle a teoria política, o resultado é irrelevância utópica. O problema inicial real é escapar. Em consequência, duas amplas avenidas de reflexão neorreacionária realista estão abertas:

(1) Elabore a escapada. Este tópico naturalmente se bifurca, por sua vez, em identificação e investimento em instituições embasadas em saída e na promoção de opções secessionistas (desde o federalismo fissional até o seasteading). Uma sociedade baseada em escapar, ao contrário de uma utopia, é estruturada da mesma maneira em que é alcançada. Ao se chegar em um mundo feito do tipo certo de fragmentos – estilhaçado por filosofia política, em vez de variedade tribal – todos os tipos de possibilidades reais surgem. (Tribos são uma distração inútil, porque elas ressoam com filosofias defeituosas – um mundo de social-democracias fracassadas, diferenciadas no esquema Benetton, é no que estamos sendo arrebanhados agora.)

(2) Defenda a diversidade. Mais uma vez, a diversidade étnica – como tal – não significa quase nada (na melhor das hipóteses). Todo ‘povo’ se mostrou capaz de idiotice política. O que merece preservação é a fratura, definida em posição ao universalismo da Catedral. Qualquer lugar que possa contar, de maneira prática, como ‘offshore’ é uma base para o futuro. Em particular, a tradição tecnocapitalista antidemocrática do Leste Asiático merece uma defesa ideológica feroz contra a subversão catedralista. Dentro do Ocidente, enclaves domésticos que resistiram à absorção macrossocial – de comunidades Amish à movimentos de milícias sobrevivencialistas – têm valor comparável. Onde quer que o globalismo político falhe, a neorreação vence.

A última coisa que a neorreação tem para declarar de maneira útil é Eu tenho um sonho. A promoção de sonhos é o inimigo. O único futuro pelo qual vale a pena lutar está estilhaçado em miríades, frouxamente reunidas por conexões de saída livre, e que conduza a inúmeros experimentos de governo, a vasta maioria dos quais falhará.

Não sabemos e não podemos saber o que queremos, não mais do que podemos saber como serão as máquinas do próximo século, porque potenciais reais precisam ser descobertos, não imaginados. O realismo é o negativo de uma pretensão infundada de conhecimento, não menos na sociologia política do que na tecnologia da informação. Invenção não é planejamento, e castelos no céu não oferecem nenhum refúgio contra a Catedral. Se há uma coisa que precisamos ter aprendido, e nunca esquecer, é isso.

Original.

Anarquia na NRx

Arthur R. Harrison (@AvengingRedHand) faz a observação incisiva: “Bem, a coisa é que a NRx é um tipo específico de pós-libertarianismo, ou era. Agora parece ser apenas um nome para a reação pós-Moldbug”. Poderiam existir pessoas que não vêem isso como uma degeneração. Na verdade, parece que existem.

O reactotwitter está se balançando em puro delírio (como *ahem* previsto) Para começar, ele parece não concordar mais sobre com o que ele começa:

evola tem uma patente maior que moldbug. as realizações e credenciais do primeiro são bem superiores.

— michael anissimov (@mikeanissimov) february 17, 2014

(Não no meu exército.)

É hora de escolher sua própria tradição e estampar um adesivo NRx nela. Alguém está vislumbrando quaisquer limites para isto:

Então a NRx é uma anarquia amorfa dizendo ao mundo como se colocar em ordem? Na verdade, eu acho que isto provavelmente está certo, e é teoricamente interessante, mas certamente é algo sobre o que precisa-se pensar. Como imaginavelmente pode haver uma ameaça de ‘entrismo’ quando o controle de comendo é um caos fervilhante? O que este exemplo de desordem radical sugere?

Eis aqui o anarco-caos da NRx já vazando pelo ladrão:

@mikeanissimov @anarchopapist @outsideness i respect moldbug, but he is one of many. we all have our voice – we can and should add our ideas

— anti democracy blog (@antidemblog) february 18, 2014

Todo mundo tem uma voz, e nós respeitamos isso… não, espera…

[Algumas pistas intrigantes em outros lugares do twitter de que o Urbit poderia eventualmente resolver esta gritante insanidade.]

ADICIONADO: Occam’s Razor coloca as coisas em uma perspectiva sensata.

Original.

O Desvendamento

Uma democracia não pode sobreviver como forma permanente de governo. Ela só pode durar até que seus cidadãos descubram que eles podem votar benesses para si mesmos vindas dos cofres públicos. Deste momento em diante, a maioria (que vota) votará nos candidatos que prometam os maiores benefícios vindos do erário público, com o resultado de que uma democracia sempre colapsará por conta de políticas ficais relaxadas, sempre seguidas por uma ditadura. – Macaulay [ou a ‘Calúnia de Tytler‘ (obrigado Matt)]

Do Urban Dictionary, Democracia:

1) Um sistema comum de governo, dirigido pelos caprichos das massas e marcado por uma baixa tolerância a direitos humanos básicos e ao senso comum; primariamente usado para se transicionar, de maneira incremental, de um governo regrado pelo direito comum (República) para um governo regrado pela lei política de uma pequena elite (Oligarquia).

Conforme o declive continua, o entendimento perene do estadismo anti-demótico (e compreensão iniciadora da nova reação) parece estar ficando mainstream. Alex Berezow escreve no blog The Compass do Realclearworld:

Têm sido anos duros para a democracia. Apesar disso, os ocidentais sempre parecem assumir que a forma mais altamente evoluída de governo é democrática. O problema com essa noção é que, em algum ponto, a maioria dos eleitores percebem que podem votar em políticos que lhes prometam mais coisas, independente de se é uma boa política ou financeiramente sustentável, ou não. E, uma vez que isso ocorra, o país está (talvez irreversivelmente) em um caminho para o declínio.

Embora levianamente insubstancial para os padrões de Moldbug (claro), o artigo nunca retira esta premissa inicial e conclui com a sugestão de que o mundo todo poderia, com lucro, aprender da China as artes de inibição da democracia.

[Nota: os dois artigo imediatamente abaixo do de Berezow no site da RCW são ‘Is Cameron’s EU Strategy Unraveling?’ (“A Estratégia de Cameron na EU Está se Desvendando?”) (por Benedict Brogan) e ‘Libya Is Still Unraveling’ (“A Líbia Ainda Está se Desvendando’ (por Max Boot) – apenas notei (conscientemente). Notícias contemporâneas: tudo se desvendando, todo o tempo.]

O ‘mundo pós-democrático’ terá um princípio claro de legitimidade política? O mais elegante, de longe, seria a introdução da comutatividade no slogan da rebelião colonial da Anglosfera: ‘Nenhuma tributação sem representação’.

Nenhuma representação sem tributação restringe a legitimidade àqueles regimes nos quais aqueles que financiam o governo determinam sua estrutura, escopo e política, em proporção direta à sua contribuição. As melhorias que resultariam desta integração dos circuitos de feedback fiscal e eleitoral do Estado são profundas e numerosas demais para se delinear prontamente, mas elas podem ser resumidas em uma única expectativa: uma mudança radical, irreversível e contínua para a direita.

Entre as objeções antecipadas mais óbvias:
(1) Não é prático (Ah sim, apenas horrores são práticos)
(2) É injusto (Para soldados e tiras, talvez, mas os efeitos deletérios da complicação prevalecem sobre os benefícios do nuance moral)
(3) No Ocidente, pelo menos, os plutocratas brâmanes o desfariam na primeira oportunidade (Uma previsão tristemente plausível – talvez nenhum cultura abraâmica seja capaz de sustentar uma ordem social sã e sempre escolherá resolver problemas de policiamento através da expensão do direito ao voto.)

Concedendo todas estas objeções, e mais, o princípio da política fiscal comutativa ainda fornece um serviço muito valioso: ele explica o que deu errado. A hipertrofia representativa destruiu a ordem constitucional moderna, embasada em uma interpretação unilateral da exigência de que o governo seja feito responsável por suas exações. O equilíbrio (comutatividade) poderia muito bem ser inalcançável, mas não é difícil entender o que ele seria.

Original.

Nenhum Caminho para Casa

Segue-se da análise da modernidade socio-política enquanto uma catraca degenerativa que a identificação da deterioração não equivale, em si, a um programa para sua reversão. A vividez deste problema é diretamente proporcional à seriedade com a qual a natureza do tempo, enquanto consideração prática, é abordada. A diferença essencial entre reação e neorreação é adequadamente articulada tão logo esse ponto seja feito.

A ‘orientação ao passado’ é um valor impressivamente defensável (mesmo pelos critérios tecno-comerciais). A ação retro-direcionada, em contraste, é puro erro. Esta é uma ideia óbvia demais para se trabalhar sobre ela. Aqueles que não a entendem escolheram não o fazer.

Ao contrário de muitas controvérsias não resolvidas da neorreação, a tentação de simplesmente retornar, não importa o quão bem intencionada, não merece mais do que condescendência. Neste caso – como em tantos outros – uma imagem vale mais do que mil palavras:

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(clique para ampliar)

Original.