O antônimo filosófico para ‘universalidade‘ é ‘particularidade’. Seu antônimo ideológico mais amplo é algo próximo a independência.
Esta não é uma palavra muito enfatizada pela NRx até este ponto, ou – aliás – uma que figure muito proeminentemente em discussões contemporâneas de qualquer tipo. Isso é estranho, porque ela orquestra um extraordinário conjunto de conexões conceituais.
Independência é um sinônimo aproximado de soberania, para começar. A profunda associação entre estes termos carrega uma pressão analítica bastante extrema. O soberano é aquela instância capaz de decisão independente. Um estado independente é indistinguível de um soberano, e impugnar sua real soberania é questionar sua independência efetiva. Secessão é um processo de independência. Um Patchwork (Moldbuggiano) é uma rede de entidades geopolíticas independentes. Todas as tendências relevantes para a fragmentação geopolítica são orientadas à independência. Cada opção de Saída executada (mesmo em uma expedição de compras) é uma declaração implícita de independência, pelo menos em miniatura. (As relações entre independência e conectividade são sutis e complexas.)
Permanecendo (por um momento) no mais estrito canal da NRx, toda a discussão sobre passivismo está relacionada à independência. O protesto (‘ativismo’) é desdenhado por conta de sua dependência fundamental (da tolerância política simpática). Nenhum processo social genuinamente direcionado à independência cairia dentro do escopo desta crítica. (A ‘Opção Beneditina’ é um exemplo óbvio.)
Toda a gama de controvérsias sobre a díade individualismo/coletivismo não pode ser remodelada em termos de independência? A dependência existe em um espectro, mas a atitude definidora em relação a ela tende à polarização. A dependência deve ser abraçada, ou configurada como um problema contra o qual se trabalhar? Este blog está altamente tentado a projetar a dimensão Esquerda/Direita ou ‘dimensão política principal’ ao longo do eixo que estas respostas distintas definem. A Esquerda se entusiasma com a interdependência e (em maior ou menor medida) aceita uma comparativa independência, ao passo que para a Direita este sistema de atitude é exatamente inverso. (As tensões mais fundamentais dentro da reactosfera estão claramente relacionadas a esta articulação.)
Um inevitável ponto de controvérsia – afinado ao longo de décadas de oposição ao libertarismo – é capturado pela questão: As crianças não são essencialmente dependentes? Sim, claro que elas são, mas crescer é qualquer outra coisa além de um processo de independência? De uma perspectiva, uma família pode ser interpretada como um modelo de interdependência (sem imprecisões óbvias). Ainda assim, de uma outra, uma família é uma unidade de produção de independência, tanto em sua autonomia comparativa em relação à sociedade mais ampla, quanto como matriz de criação de crianças. Famílias são locais de luta por independência (para a qual a resposta da esquerda é: Elas não deveriam ter que ser). A cultura de dependência é o coração da Esquerda.
Independência e autonomia são termo muito estreitamente relacionados. Todas as discussões sobre autonomia, e mesmo sobre automação, fazem sentido bem nitidamente neste modelo, mas este é um ponto que excede as ambições do presente post.
Abstração, também, é um tópico que se sobrepõe tentadoramente à independência. Se a independência cognitiva acomoda inteiramente a optimização de inteligência também é uma questão para uma outra ocasião.
A NRx, tentativamente propomos, é uma filosofia política orientada à promoção da independência. (Muitos empurrões são, naturalmente, esperados.)
Orginal.