Países Não Descobertos

Depois de (re)ler a análise crítica de Adam Gurri da problema central da Neorreação (uma tragédia dos comuns políticos), leia a resposta cirúrgica de Handle. A calma inteligência em exposição de ambos os lados é quase suficiente para lhe deixar insano. Isto não pode estar acontecendo, certo? “De uma maneira, é um pouco triste, porque eu consigo adivinhar que o artigo de Gurri será o zênite e a linha de maré alta da cobertura da neorreação, o que significa que só vai ficar pior daqui em diante.” Aproveite a compreensão enquanto ela dura.

A minha própria resposta a Gurri ainda é embrionária, mas eu já suspeito que ela diverge da de Handle em algum grau. Em vez de defender o elemento ‘tecnocrata’ no modelo Patchwork-Neocameral de Moldbug, eu concordo com Gurri que este é um problema real, embora (claro) eu seja bem mais simpático ao projeto intelectual subjacente. Diferente de Gurri – que, neste aspecto crucial, representa uma posição liberal clássica em sua forma mais pensativa – Moldbug não concebe a democracia como um processo de descoberta, iluminado pela analogia à dinâmica de mercado e à evolução social orgânica. Pelo contrário, ela é um mecanismo de catraca que sucessivamente distancia a esfera política da sensibilidade ao feedback, devido a seu caráter enquanto loop fechado (ou igreja estatal) sensível apenas a uma opinião pública que ela mesmo fabricou. Conforme a Catedral se expande, sua adaptação à realidade se atenua progressivamente. O resultado é que todo processo efetivo de descoberta – que ele seja econômico, científico ou de qualquer outro tipo – está sujeito a uma subversão cada vez mais radical por parte de influência política cujo único ‘princípio de realidade’ é interno: baseado em um circuito fechado de manipulação social.

A democracia é assim, estritamente falando, uma produção de insanidade coletiva, ou dissociação da realidade. A solução de Moldbug, portanto, só pode ser uma tentativa de reincorporar a governança em uma sistema efetivo de feedback. Uma vez que já está evidente que mecanismos democráticos, em vez de fornecer tal feedback, confiavelmente aprofundam a dissociação, o sinal da realidade tem que vir de algum outro lugar. Para retornar a uma condição adaptativa, a governança tem que simultaneamente se desconectar da opinião popular (voz) e se reconectar a um registro de desempenho real – em vez de ideologicamente produzido. O meio de comunicação para o feedback não contaminado requerido por um governo sensato é o tráfego de saída dentro do Patchwork (comparável, em sua operação, a uma preferência revelada de consumo dentro de mercados).

A grande dificuldade que aí emerge – lançando todo o esquema Neocameral em questão – é a exigência de um salto ‘não descoberto’ ou ‘tecnocrata’, a partir de um ambiente de descoberta ou pressão seletiva progressivamente decadente, para um que a descoberta possa novamente ocorrer. A Neorreação confronta um problema bem real de transição, e Gurri está bastante correto em apontar isto. Handle está não menos correto quando insiste que a opção ‘conservadora’ de acomodação ao processo social democrático em movimento é profundamente indefensável, porque a deterioração da descoberta é essencial para a tendência democrática. A mal adaptação à realidade deixa de ser corrigível sob a governança da Catedral, e o reconhecimento desta condição maligna é a compreensão neorreacionária definitiva.

Se ficarmos no trem, seremos esmagados em uma insanidade consumada, mas saltar é erro tecnocrata (não suportado pela descoberta). Quanto à prevaricação: A intensificação deste dilema pode ser confiantemente esperada da mera continuação do processo democrático, dominado pela política degenerativa de um hospício, e que embaralha toda a informação social. É nesta posição precária que a tarefa de uma avaliação rigorosa do esquema Neocameral, junto com seus prospectos de renovação e reposição, tem que ocorrer.

“… só vai ficar pior daqui em diante.”

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Linhas da Trike

Michael Anissimov esteve conduzindo uma enquete online sobre afinidades da NRx. Embora questões de princípio e método pudessem ter atrasado este experimento, tal procrastinação teria sido um erro. Os resultados já contribuíram com informações significantes. Mais obviamente (como já largamente notado) o padrão de fidelidade primária às diferentes tendências da trike é bem mais uniformemente equilibrado do que muitos haviam esperado. Enquanto tema intelectual – e agora como uma distribuição demonstrada – a ‘Tricotomia Sprandrelliana’ demonstra uma estabilidade notavelmente resiliente. O pluralismo integral da NRx está se tornando impossível de marginalizar.

Nyan Sandwich postou uma resposta à teoria da Trike em More Right. Embora cético, em última análise, quanto a interpretação pluralista da Tricotomia, a ordem de seu argumento a respeita como um fenômeno primário. Nyan está entre aqueles que esperam que a NRx se incline para uma síntese concentrada ou unidade compacta – suplantando sua distribuição.

Assim, de fato não faz sentido perguntar com que ramo da NRx alguém se identifica. É como perguntar a físicos se eles acham que a mecânica quântica ou a relatividade geral é mais verdadeira. O ponto é que a verdade é uma síntese das teorias componentes, não uma disjunção.

A contra-posição natural a isto seria uma defensa da integridade irredutivelmente plural, ou desunião operacional. As linhas de controvérsia lançadas aqui não correspondem aos ‘ramos’ da Trike, mas os atravessam e cortam através de uma série de tópicos críticos, certamente incluindo:

(1) A existência de esquemas irredutivelmente triangulares dentro de todas as grandes civilizações do mundo, representados dentro do Ocidente Cristão pela teologia trinitária. Como deve se conceber a relação entre a tríade e a mônada? Esta relação varia de maneira fundamental entra as culturas do mundo? (Estas observações decididamente pré-NRx parecem muito velhas agora, mas continuam pelo menos sugestivamente relevantes.) Esta é a principal articulação Hindu.

(2) Em que medida a NRx é inerentemente crítica a poderes estruturalmente (em vez de demoticamente) divididos? (Entre as ironias de qualquer comprometimento consensual da NRx com a monarquia absoluta seria seu anti-feudalismo radical, ou proto-modernismo.)

(3) A aspiração tecno-racionalista a um ‘Singleton‘ super-inteligente claramente assume a supressão da pluralidade soberana. Isto é completamente suficiente para enxertar a controvérsia NRx nos debates moral-político e teórico sobre a Singularidade (da Direita).

Na realidade, dificilmente existe qualquer coisa em que a NRx concorde de maneira mais consistente do que a estrutura de suas discordâncias. Há três conflitos básicos (diádicos) implícitos na Tricotomia, dos quais apenas um – até este ponto – foi seriamente iniciado. (Nossos ‘Teonomistas’ ainda têm que ficar briguentos.) Muito tumulto ainda está adiante.

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Susto Branco

O medo racial é uma coisa complicada. Vale a pena tentar quebrá-lo, sem piscar demais.

Conforme se regride através da história e para dentro da pré-história, o padrão de encontros entre grupos em larga escala de humanos com ancestralidade marcantemente distinta é modelado – com fidelidade cada vez maior – sobre um ideal genocida. O ‘outro’ precisa ser morto ou, no mínimo, interrompido em sua alteridade. Abater todos os machos, começando com aqueles em idade militar, e então assimilar as fêmeas como gado reprodutor poderia ser suficiente como solução (Javé adverte especificamente os antigos hebreus contra tais medidas hesitantes). Qualquer coisa a menos é pura procrastinação. Quando imperativos econômicos e altos níveis de confiança civilizacional começam a soterrar considerações mais primordiais, é possível que a supressão de outros povos tome a forma humanizada de obliteração social combinada com escravização em massa, mas tal suavidade é um fenômeno comparativamente recente. Durante quase todo o período em que animais reconhecivelmente ‘humanos’ existiram neste planeta, se pensou a diferença racial como motivo suficiente para o extermínio, com o contato limitado e a inadequação de meios sociotécnicos servindo como os únicos freios significantes sobre a violência inter-racial. A única alternativa histórica profunda para a opressão racial foi a erradicação racial, exceto quando a separação geográfica adiou a resolução. Este é o lado simples do ‘problema da raça’, mas ele também começa a ficar complicado … (o retomaremos novamente após um desvio).

No momento, precisamos apenas notar o oceano arcaico e subterrâneo de animosidade racial que envolve o abismo sem sol do cérebro, dirigido por genomas esculpidos por éons de guerra genocida. Chame de terror racial. Não é nossa preocupação principal aqui.

O horror racial é uma outra coisa, embora esteja, sem dúvida, intricadamente interconectado. Horror ao próprio fenômeno da raça – à raça como tal – é um tópico tanto maior quanto menor. É, de uma só vez, um afeto expansivo que não encontra nenhum conforto na identidade biológica e uma síndrome distintamente etno-específica. Quando elaborada de forma positiva, o horror racial explode em uma revulsão cósmica ‘Lovecraftiana’ dirigida à situação da inteligência humana através de sua herança natural. A expressão negativa, bem mais comum hoje (entre aqueles de uma herança natural muito específica), toma a forma de uma negação inexpressiva de que qualquer realidade tal como raça sequer exista. Temos todo direito de descrever este último desenvolvimento como um “whiteout” racial. Qualquer Estudo Crítico da Branqueza de seriedade sequer mínima se concentraria nele implacavelmente.

A BDH, ou biodiversidade humana, evidentemente não é redutível à variação racial. Ela está pelo menos igualmente preocupada com o dimorfismo sexual humano e é, em última análise, indistinguível de uma eventual genômica humana comparativa. Quando considerada como uma provocação, contudo, a tradução de BDH para ‘ciência da raça’ ou, mais incisivamente, ‘racismo científico’ abafa qualquer outra dimensão do significado. O que se acha aterrador sobre a BDH é a insistência de que raça existe. É um ‘trigger’ do horror racial. Indignação social, certamente, mas, para além disso, aflição cósmica, inclinando-se a um pânico sem limites. A BDH subtrai a promessa da humanidade universal, então ela deve – a qualquer custo – ser parada.

Uma vez que este não é mais que um post preliminar de um blog, irei restringi-lo a uma única e modesta ambição: a refundação dos Estudos Críticos da Branqueza sobre uma base impiedosamente Neorreacionária. Pessoas brancas são estranhas. Um grupo especialmente significante delas, em particular, quebrou radicalmente com o padrão arcaico de identidade racial humana, criando, em consequência, o mundo moderno, e, dentro dele, sua identidade étnica se tornou um paradoxo dinâmico. A branqueza é uma reação histórica não controlada que ninguém – muito menos alguém dentre os anti-racistas complementares dos Estudos Críticos da Branqueza e do Nacionalismo Branco – começou a entender. Para começar a fazê-lo, ter-se-ia que compreender por que o ensaio em que Mencius Moldbug mais explicitamente repudia o Nacionalismo Branco é o mesmo em que ele mais inequivocamente endossa a diversidade racial humana. Isso exige um reconhecimento da dificuldade que – já que ela destrói soluções irresistivelmente atraentes, mas desesperadamente simplistas, em ambos os lados – poucos estão motivados a fazer.

A assinatura da indissolúvel diferença Branca é precisamente o horror racial. A BDH é singularmente horrível para as pessoas brancas. Até que você entenda isso, você não entende nada.

Brinque com isso por um momento, ou por mais do que um momento (isso realiza um enorme quantidade de trabalho indesejado mas indispensável). Para começar com:

(1) Os Estudos Críticos da Branqueza, quaisquer que sejam suas pretensões etno-minoritárias, são todos sobre ‘agir branco’. Na medida em que eles criticam o ‘privilégio branco’ essencialmente, eles o fazem reproduzindo um modo etnicamente singular de razão universal, do qual nenhum outro povo consegue fazer qualquer sentido que seja, exceto de maneira oportunista e parasitária. A ‘branqueza’ tende a se tornar um princípio religioso, exatamente na medida em que carece das características reconhecíveis da dominância de grupo racial (“raça não existe”) e se sublima em um modo de reprodução cultural que apenas uma etnia já manifestou. Para citar Alison Bailey – que tomba para dentro da psicose crua da crítica sistemática à ‘branqueza’ (link repetido):

Em sua busca por certeza, a filosofia Ocidental continua a gerar o que imagina serem descrições sem cor e sem gênero do conhecimento, da realidade, da moralidade e da natureza humana. Talvez isto seja porque a filosofia acadêmica nos EUA tenha sido largamente guiada por métodos analíticos e pelo legado de pensadores gregos clássicos e europeus, ou porque os departamentos de filosofia são espaços sociais brancos onde a maioria esmagadores dos filósofos profissionais são homens brancos. Em ambos os casos, é provável que a maioria dos membros da disciplina tenham evitado tópicos raciais porque acreditam que o pensamento filosófico transcende as diferenças culturais, raciais, étnicas e sociais básicas e que estas diferenças são melhor abordadas por historiadores, acadêmicos de estudos culturais, teóricos literários e cientistas sociais. A ausência da conversa sobre cor na filosofia é um marcador de sua branqueza.

O racismo supremacista branco vai tão fundo que é absolutamente indistinguível de uma completa ausência de racismo – quod erat demonstrandum.

(2) O Nacionalismo Branco se encontra frustrado a cada passo pelo universalismo, pelo altruísmo patológico, pelo etno-masoquismo – todas essas coisas brancas nojentas. Se apenas você conseguisse fazer um Nacionalismo Branco sem pessoas brancas, ele varreria o planeta. (Tente não entender isto, eu sei que você não quer.) Heartiste está captando o padrão:

“Aonde este pensamento está levando? O estoque nativo do Ocidente está claramente sofrendo de uma doença mental causada por excesso de exogamia. O universalismo é a religião dos brancos liberais, e eles se apegam tão fortemente a esta religião secular que estão felizes, ou melhor, exultantes! em abrir as fronteiras e legar seu território e cultura duramente conquistados para batalhões de terceiro-mundistas e outros estrangeiros de temperamento distante que, claro, dados número grande o suficiente, irão prontamente, quer intencionalmente ou consequentemente, executar sua destruição.”

(3) Tudo que as pessoas brancas precisam é uma religião identitária. Isso não é aproximadamente o mesmo que dizer: uma história contra-factual?

(4) Esses libertários malucos, com seu esquema universal de emancipação humana que é tão facilmente confundido com uma propaganda de sabão em pó – é tão estonteantemente branco. Negue a branqueza e se auto-destrua na degradação bleeding-heart e na insanidade das fronteiras abertas, ou a afirme e dirija-se à perplexidade racial pós-libertária.

O destino é difícil – não menos, o destino racial. Eu não acho que muitas pessoas querem pensar sobre isso, mas estou determinado a ser tão estranho sobre isso quanto eu possa ser… (provavelmente é uma coisa de branco).

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Tricotomocracia

Por volta de 2037, as fases duras da Revolta finalmente acabaram. A Eurásia Ocidental está arruinada e confusa, mas o combate se reduziu a cinzas entre os escombros. No Extremo Oriente, a República Confucionista da China foi grandemente bem-sucedida em restaurar a ordem e está até gozando da primeira onda de prosperidade renovada. A guerra civil islâmica continua, mas – agora quase completamente introvertida – é facilmente colocada em quarentena. Ninguém quer pensar demais sobre o que está acontecendo na África.

O território dos extintos EUA é firmemente controlado pela Coalizão Neorreacionária, cuja vantagem é fortalecida pela fuga de 20 milhões de Legalistas da Catedral para o Canadá e para a Europa (incidentalmente derrubando ambos em caos terminal). O Conselho Tricotômico Provisório, selecionado primariamente através de um processo de promoção militar e delegação a partir de dentro dos principais grupos guerrilheiros Neorreacionários, agora se confronta com a tarefa de estabelecer uma ordem política restaurada.

Rapidamente fica óbvio para cada uma das três principais facções Neorreacionárias que futuros desenvolvimentos – mesmo que estes devam incluir uma subdivisão ordeira da nação – dependerão inicialmente da instituição de um governo que equilibre as três grandes correntes que agora dominam o continente norte-americano: Etno-Nacionalistas (“Gênios” ou “Rochosos”); Teonomistas (“Toras” ou “Chiasoures”); e Tecno-Comercialistas (“Ciboides” ou “Cedulosos”). Agora que a Catedral foi completamente extirpada, divergências significativas entre estas três visões do futuro da nação ameaçam se escalar, de maneira imprevisível, até antagonismos perigosos.

Uma vez que o realismo prático, enraizado em um entendimento da dependência de trajetória, é uma herança comum à todas as três facções, há um consenso imediato sobre a necessidade de se começar de onde as coisas estão. Uma vez que uma ordem triangular virtual de agendas parcialmente compatíveis já está refletida na composição do Conselho Provisório, esta é reconhecida como o modelo para um governo emergente e triadicamente estruturado – a ascendente Tricotomocracia Neorreacionária, ou “Trike”. (Uma estátua colossal de Spandrell – o reverenciado barba-branca da Tricotomia – já foi erigida na comparativamente livre de radiação capital provisória de Omaha, contemplando moisaicamente a nova terra prometida, com uma cintilante espada cerimonial samurai colocada triunfantemente acima de sua cabeça.)

Dentro de alguns meses, a fórmula básica da Tricotomocracia foi ajustada no lugar. Ela consiste em três Compartimentos, cada um dominado de forma abrangente por uma das facções principais. Procedimentos para a seleção de oficiais são determinados internamente por cada Compartimento, valendo-se das tradições específicas da hierarquia funcional afinada durante a Guerra Zumbi.

A autoridade é distribuída entre os Compartimentos em um circuito triangular. Cada Compartimento tem uma responsabilidade interna e externa específica – sua própria função governamental positiva, assim como um controle externo (e estritamente negativo, ou inibidor) do Compartimento seguinte. Isto é coloquialmente conhecido como o sistema ‘Rochoso-Chiasouro-Ceduloso’.

Os ‘Rochosos’ Etno-Nacionalistas administram o Compartimento da Segurança, que inclui as funções essenciais do Executivo. Ele é controlado financeiramente pelo Compartimento dos Recursos. Sua responsabilidade externa é a limitação do Compartimento da Lei, cujos estatutos podem ser devolvidos e, em último caso, vetados (mas não positivamente emendados), se forem considerados incompatíveis com aplicação prática. A estrutura do Compartimento da Segurança coincide,em grande parte, com a cadeia de comando militar. (Os Rochosos podem decidir se querem descrever o Comandante Supremo como um monarca constitucional, um senhor supremo da guerra ou um semideus da aniquilação.)

Os ‘Chiasoures’ Teonomistas administram o Compartimento da Lei, que combina funções legislativas e judiciais. Para efeitos de financiamento, o Compartimento da Lei está subordinado ao Compartimento da Segurança, por razões constitucionais óbvias. Isto o mantém pequeno, restringindo seu potencial para atividades legislativas extravagantes. Uma vez que o Compartimento da Segurança também filtra a legislação (de acordo com um critério prático), a Lei da Tricotomocracia é notável por sua clareza, economia e concisão. Todo o edifício da Lei, pelo entendimento informal, está limitado a um único volume de proporções bíblicas. Espera-se que os oficiais Chiasoures sêniores o memorizem. A responsabilidade externa do Compartimento da Lei é restringir o Compartimento dos Recursos, limitando estritamente a legalidade das medidas de levantamento de receitas (vinculadas informalmente a um ‘dízimo’ nacional). A ordem interna do Compatimento é determinada pela hierarquia eclesiástica da Igreja Neorreacionária do Triarquiteto Cósmico.

Os ‘Cedulosos’ Tecno-Comercialistas administram o Compartimento dos Recursos, com o ‘poder do bolso’. Como único Compartimento ‘auto-financiado’, ele é minuciosamente escrutinado pelo Compartimento da Lei, que controla de maneira estrita seus procedimentos de levantamento de receitas. Dominado por uma cabala de capitalistas e tecnólogos extremamente laissez-faire, o Compartimento dos Recursos é guiado pelo mantra de economizar em todas as coisas. Ele faz tão pouco quanto possível, para além do financiamento maximamente parcimonioso do Compartimento da Segurança, com suas próprias operações internas restritas rigorosamente a racionalização de impostos de Pigou, pesquisas estatísticas e a provisão de incentivos ao desenvolvimento no estilo XPRIZE. O conselho do Compartimento é preenchido pelos nove maiores pagadores de impostos, rotacionados a cada três anos. O conselho elege um CEO.

As discrepâncias ideológicas entre os Compartimentos fazem uma importante contribuição à estabilidade da Tricotomocracia, uma vez que limitam o potencial para uma re-amalgamação em uma unidade tirânica. Este é um dos princípios gêmeos através dos quais seu sucesso deve ser estimado – a perpetuação da pluralidade governamental durável. O segundo princípio – imunidade completa à pressão populista – é garantido automaticamente na medida em que a Tricotomocracia perdure, uma vez que nenhum dos Compartimentos são demoticamente sensíveis e, mesmo que este não fosse o caso, cada um está isolado da subversão demótica que afeta qualquer um dos outros. O resultado é um governo que responde apenas a si mesmo, com um si que é irredutivelmente plural e, assim, intrinsecamente auto-crítico.

Sob a mão leve do governo da Tricotomocracia, qualquer ‘cidadão’ que busque participar do governo, de qualquer maneira que seja, tem três opções aberta a ele: (a) Juntar-se aos Serviços de Segurança e subir na hierarquia. (b) Juntar-se à Igreja da Sagrada Triarquia e se tornar adepto da lei; (c) Criar renda vulnerável a impostos o suficiente para conseguir um lugar no Conselho Nacional de Recursos. Poderiam existir, além disso, oportunidades de carreira para um número bem pequeno de administradores profissionais, a depender das políticas internas de pessoal dos três Compartimentos. Qualquer outra ‘política’ seria desordem social criminosa, embora, na maioria dos casos, isso provavelmente seria tratado de maneira leniente, devido a sua completa impotência. Se suficientemente disruptiva, tal comportamento ‘de relíquia demo-zumbi’ seria melhor administrado através de deportação.

(Questões sobre diversidade do governo local, secessão e construção de micro-estados excedem os termos deste acordo inicial Integral-Neorreacionário. Tais potenciais podem apenas fortalecer os controles externos e, assim, restringir ainda mais o escopo da discrição governamental.)

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A Ideia da Neorreação

Traduzir ‘neorreação’ para ‘a nova reação’ não é de forma alguma censurável. Ela é nova e aberta à novidade. Apreendida historicamente, ela não remonta a mais do que alguns anos. Os escritos de Mencius Moldbug foram um catalisador crítico.

Neorreação é também uma espécie de análise política reacionária, herdando um profunda desconfiança do ‘progresso’ em seu uso ideológico. Ela aceita que a ordem sociopolítica dominante do mundo ‘progrediu’ unicamente na condição de que tal avanço, ou movimento implacável para frente, fosse inteiramente destituído de endosso moral e está, de fato, ligado a uma associação primária com a piora. O modelo é aquele de uma doença progressiva.

O ‘neo-‘ da neorreação é mais do que apenas um marcador cronológico, contudo. Ele introduz uma ideia distintiva, ou tópico abstrato: aquele de uma catraca degenerativa.

O impulso de recuar de algo já é reacionário, mas é a combinação de um crítica do progresso com um reconhecimento de que a simples reversão é impossível que inicia a neorreação. A este respeito, a neorreação é uma descoberta específica da seta do tempo, dentro do campo da filosofia política. Ela aprende e, então, ensina que a maneira de sair não pode ser a maneira em que entramos.

Onde quer que o progressismo tome conta, uma catraca degenerativa é colocada em funcionamento. É impensável que qualquer sociedade poderia recuar do direito expansivo ao voto, do estado de bem-estar social, da formulação de políticas macroeconômicas, da burocracia regulatória massivamente extensa, da religião secular coerciva-igualitária ou da arraigada intervenção globalista. Cada uma dessas coisas (inter-relacionadas) são essencialmente irreversíveis. Elas dão à história moderna um gradiente. Dados quaisquer dois ‘instantâneos’ históricos, pode-se dizer imediatamente qual é anterior e qual é posterior, simplesmente observando-se a medida em que quaisquer desses fatores sociais progrediram. O Leviatã não diminui.

Dentro da teoria dos sistemas complexos, certas transições de fase exibem propriedades comparáveis. Efeitos de rede podem prender mudanças, que são então irreversíveis. A adoção e a consolidação do teclado Qwerty exemplifica este padrão. Empresas de tecnologia comumente tornam o aprisionamento central às suas estratégias e, se elas forem bem-sucedidas, elas não podem, então, morrer da mesma maneira em que amadureceram.

Quando a neorreação identifica uma catraca degenerativa – tal como a Singularidade da Esquerda (de Jim Donald) – ela necessariamente coloca o problema de um novo fim. O processo dá errado consistente e irreversivelmente. Para repetir a Ideia Neorreacionária como um mantra: o caminho para fora não pode ser o caminho para dentro.

Uma catraca degenerativa só pode progredir, até que não possa continuar, e ela para. O acontece depois é alguma outra coisa – seu Exterior. Moldbug o chama de reinicialização. A história nos diz para esperá-la, mas não o que devemos esperar.

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Tricotomia

A ‘Tricotomia Spandrelliana’ (cunhagem de Nick B. Steves, baseado neste post) se tornou um incrível motor de discussão. O tópico é efervescente em tal medida que qualquer lista de links estará desatualizada assim que for compilada. Entre os marcadores de caminho mais óbvios são este, este, este, este e este. Dada a necessidade de se referir a este complexo de maneira sucinta, eu confio que abreviá-lo para ‘a Tricotomia’ não será interpretado como uma tentativa desajeitada de obstruir a candidatura de Spandrell ao Prêmio Nobel da Paz.

O que já está, de maneira geral, acordado?

(1) Há um substrato de consenso neorreacionário, envolvendo uma variedade de compreensões realistas abominadas, especialmente as contribuições da herança profunda para os resultados sociopolíticos. Ao passo que a ênfase difere, uma atitude ultra-burkeana é tacitamente compartilhada e, entre aqueles autores que se auto-identificam com o Iluminismo Sombrio, a importância da BDH é geralmente colocada em primeiro plano.

(2) A neorreação também compartilha um inimigo: a Catedral (como delineada por Mencius Moldbug). Sobre a natureza deste inimigo, muito está acordado, não menos que ele é definido por um projeto de apagamento – tanto ideológico quanto prático – da herança profunda, que, simultaneamente, eclipsa sua própria herança profunda enquanto uma profunda síndrome religiosa, de um tipo peculiar. Uma elaboração maior da genealogia da Catedral, contudo, aventura-se em controvérsia. (Em particular, sua consistência com o cristianismo é um tópico ferozmente contestado.)

(3) Conforme as perspectivas neorreacionárias são sistematizadas, elas tendem a cair em um padrão tricotômico de dissenso. Isto, ironicamente, é algo com que se pode concordar. A Tricotomia, ou tríade neorreacionária, é determinada por identificações divergentes da tradição Ocidental que a Catedral suprime de maneira primária: Cristão, Caucasiano ou Capitalista. Meus termos preferidos para as estirpes neorreacionárias resultantes são, respectivamente, o Teonomista; o Etno-Nacionalista; e o Tecno-Comercial. Estes rótulos têm a intenção de ser descrições acuradas e neutras, sem bagagem polêmica intrínseca.

É de se esperar – pelo menos inicialmente, e ocasionalmente – que cada estirpe busque repudiar, subordinar ou amalgamar as outras duas. Se elas não estivessem assim tentadas, sua desintegração tricotômica nunca teria surgido. Cada uma tem que acreditar que apenas ela tem a verdade, ou o caminho para a verdade, a não ser que a pura insinceridade reine.

Este blog não finge imparcialidade, mas afirma uma desilusão invencível.
– Se a Tricotomia fosse redutível, a nova reação já seria uma coisa. Ela não é e não vai ser (em breve).
– Como a astrologia revela, e sistemas mais ‘sofisticados’ confirmam, as pessoas se deliciam em serem categorizadas, aceitando a não-universalidade como o preço real da identificação. (A resposta ao diagrama de Scharlach atesta isso.)
– Aceitar a Tricotomia e os argumentos que ela organiza é uma maneira de ser testado, e qualquer posição neorreacionária que a recuse morrerá uma morte flácida.
– A Tricotomia torna impossível que a neorreação brinque de dialética com a Catedral. Só por essa razão, já deveríamos ser gratos a ela. A unidade – mesmo a unidade oposicional – nunca esteve do nosso lado.

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Neorreação (para leigos)

Mate o hífen, Anomaly UK aconselhou (em algum lugar) – ele deixa a Busca do Google dissolver e evitar o assunto. Escrever ‘neo-reação’ como ‘neorreação’ a estimula a se tornar uma coisa.

A Busca do Google pode editar nossa auto-definição? Isso é o ‘neo’ em ‘neorreação’, bem ali. Ela não apenas promove uma regressão drástica, mas uma regressão drástica altamente avançada. Como o retrofuturismo, o paleomodernismo e o cibergótico, a palavra ‘neorreação’ descreve compactamente um vetor retorcido no tempo, que espirala adiante para o passado e para trás para o futuro. Ela emerge, quase automaticamente, conforme o presente é dilacerado pelas marés – quando a política democrática-Keynesiana de adiamento-deslocamento se exaure e a lata chutada sai da estrada.

Expressa com verbosidade abstrusa, portanto, a neorreação é uma crise temporal, manifesta através de um paradoxo, cuja elaboração adicional pode esperar (se não por muito tempo). Desordenando nossas instituições mais básicas, ela é, por sua própria natureza, difícil de compreender. Poderia qualquer coisa ser dita de maneira fácil sobre ela?

Anomaly UK oferece uma explicação terra-a-terra para a inversão do rumo sociopolítico:

Em última instância, contudo, se depois de todos esses séculos tentando melhorar a sociedade com base em ideias abstratas de justiça só tornaram a vida pior do que teria sido sob sistemas sociais pré-Iluminismo, chegou a hora de simplesmente desistir de todo o projeto e reverter às formas tradicionais cuja base podíamos não ser capazes de estabelecer racionalmente, mas que têm a evidência da história para lhes suportar.

Este entendimento da neorreação – que, sem dúvida, captura seu sentimento predominante – a equaciona com um conservadorismo burkeano radicalizado, projetado para uma era em que quase tudo foi perdido. Uma vez que a destruição progressista da sociedade tradicional foi em grande medida realizada, se agarrar ao que resta não é mais suficiente. É necessário voltar atrás, para além da origem do Iluminismo, porque a Razão falhou no teste da história.

A neorreação só é uma coisa se alguma medida de consenso for alcançável. Burke-com-esteroides é um candidato excelente para isso. Primeiramente, porque todos os neorreacionários se definem através do antagonismo à Catedral, e a Catedral é a auto-proclamada consumação do racionalismo Iluminista. Em segundo lugar, por razões mais complicadas e positivas …

Spandrell prestativamente decompõe a neorreação em duas ou três correntes principais:

Há duas linhas do [nosso] pensamento reacionário [contemporâneo]. Uma é o ramo tradicionalista e [a outra é] o ramo futurista.

Ou talvez exista[m] três. Há o ramo religioso/tradicionalista, o ramo étnico/nacionalista e o ramo capitalista.

Futuristas e tradicionalistas se distinguem por ênfases distintas e unilaterais em ‘neo’ e ‘reação’, e suas divergências perdem a identidade na espiral neorreacionária. A diferenciação triádica é mais resilientemente conflitiva, e, ainda assim, esses ‘ramos’ são ramos de algo, e esse algo é um tronco ultra-burkeano.

Teonomistas, etno-nacionalistas e tecno-comercialistas compartilham uma aversão fundamental à reconstrução social racionalista, porque cada um subordina a razão à história e às suas normas tácitas – à ‘tradição’ (diversamente entendida). Quer a linhagem soberana seja considerada como sendo predominantemente religiosa, biocultural ou consuetudinária, ela se origina fora do estado (de iluminação) auto-reflexivo e permanece opaca à análise racional. Fé, liturgia ou escritura não são solúveis na crítica; a identidade comunal não é redutível à ideologia; e a lei comum, a estrutura de reputação ou a especialização produtiva não são passíveis de supervisão legislativa. A ordem profunda da sociedade – o que quer que se assuma que isso seja – não está aberta à intromissão política sem consequências desastrosas previsíveis.

Esta junção burkeana, onde a concordância neorreacionária começa, é também onde ela termina. Revelação divina, continuidade racial e descoberta evolutiva (catalaxia) são fontes de soberania absoluta, instanciadas na tradição, para além do estado-Catedral, mas elas são auto-evidentemente diferentes – e apenas precariamente compatíveis. Estranhamente, mas inescapavelmente, tem que se reconhecer que cada ramo principal da super-família neorreacionária tende a um resultado social que seus irmãos achariam ainda mais horripilante do que a realidade Catedralista.

Intelectuais de esquerda não têm qualquer dificuldade de conceber um Hiper-Capitalismo Teocrático Supremacista Branco®. De fato, a maioria parece considerar esse modo de organização social a norma Ocidental moderna. Para aqueles agachados nas confusas trincheiras da neorreação explodidas pela Catedral, por outro lado, os múltiplos absurdos desta construção não são tão facilmente esquecidos. De fato, cada ramo da reação dissecou os outros mais incisivamente – e brutalmente – do que a esquerda foi capaz de fazê-lo.

Quando os teonomistas escrutinam os etno-nacionalistas e os tecno-comercialistas, eles vêm pagãos perversos.
Quando os etno-nacionalistas escrutinam os teonomistas e os tecno-comercialistas, eles vêm traidores da raça iludidos.
Quando os tecno-comercialistas escrutinam os teonomistas e os etno-nacionalistas, eles vêm cripto-comunistas retardados.
(Os detalhes destes diagnósticos excedem a presente discussão.)

Quando desenvolvida para além de seu tronco ultra-burkeano, portanto, os prospectos para o consenso neorreacionário – para uma coisa neorreacionária – dependem da desintegração. Se formos compelidos a compartilhar um estado pós-Catedral, nos mataremos uns aos outros. (O hífen destruído foi apenas um aperitivo.)

Original.

Negócio de Macaco

Um prolongado vaivém no Twitter com Michael Anissimov expôs algumas linhas de falha deliciosamente irregulares e sangrentas na Neorreação sobre a questão do capitalismo. Houve uma série de partes envolvidas, mas estou focando em Anissimov porque sua posição e a minha são tão fortemente polarizadas em questões chave e especialmente nesta (o status do economismo orientado ao mercado). Se fôssemos isolados como uma díade, não é fácil ver ninguém encontrando uma raiz comum forte (apiedem-se de @klintron). São apenas os vínculos de ‘semelhança de família’, através de Moldbug, que nos unem, e cada um de nós se afasta de Unqualified Reservations com comparável infidelidade, mas em direções exatamente opostas. (Como fragmentacionista, essa síndrome de fissão é algo que eu aprecio fortemente.)

O Neocameralismo de Moldbug é uma construção com face de Jano. Em uma direção, representa um retorno ao governo monárquico, ao passo que, na outra, consuma o libertarianismo ao subsumir o governo em um mecanismo econômico. Uma inspiração ‘Moldbugiana’, portanto, não é uma coisa inequívoca. Na medida em que ‘Neorreação’ designa esta inspiração, ela foge da teleologia da Catedral em (pelo menos) duas direções muito diferentes – que bem rapidamente parecem profundamente incompatíveis. Na ausência de um meta-contexto secessionista, no qual tais diferenças possam ser absorvidas como variação sócio-política geograficamente fragmentada, sua inconsistência crua é quase certamente insuperável.

Anissimov pode falar e de fato fala por si mesmo (em More Right), então eu não vou empreender uma apreciação detalhada de sua posição aqui. Para os propósitos desta discussão, ela pode ser resumida por um único princípio profundamente anti-capitalista: A economia deveria (e tem que) estar subordinada a algo além de si mesma. O argumento alternativo segue agora, em pedaços.

A modernidade, na qual a economia e a tecnologia ascenderam a seu presente status (e, em seu auge, muito além), é sistematicamente caracterizada por uma inversão de meios e fins. Aquelas coisas naturalmente determinadas como ferramentas para propósitos superiores vieram a dominar o processo social, com a maximização de recursos se dobrando sobre si mesma, como um telos dominante. Para conservadores sociais (ou paleo-reacionários), este desenvolvimento tem sido consistentemente abominado. É o elemento teórico mais profundo envolvido em toda rejeição da modernidade como tal (ou em geral) por sua subversão demoníaca dos valores tradicionais.

Em seus próprios termos, este argumento é coerente, incisivo e plenamente convincente, dado apenas o reconhecimento suplementar realista de que a otimização de inteligência e a inversão de meios e fins são a mesma coisa. Em um contexto histórico profundo – estendido para englobar a história evolutiva – a inteligência é, ela mesma, uma ‘ferramenta’ (como a fraternidade ortogonalista da IA Amigável está inteiramente disposta a aceitar). A fuga da ferramenta à propósitos supra-ordenados, através da involução em auto-cultivo, é a inovação télica comum ao capitalismo e à inteligência artificial real – que são a mesma coisa. Deplorar a inversão de meios e fins é – objetivamente – defesa da perpetuação da estupidez.

A economia é a aplicação da inteligência à provisão de recursos, e nada deste tipo pode surgir de dentro de uma tradição sem desencadear uma resposta paleo-reacionária. Claro que recursos são para alguma coisa, por que mais eles jamais teriam sido buscados? Tornar a produção de recursos um fim-em-si-mesmo é inerentemente subversão, com uma oposição não apenas esperada, mas positivamente pressuposta. Isto é verdade em tal medida que mesmo a própria disciplina da economia manifestamente se subscreve à posição tradicional, ao determinar o fim da produção como consumo (humano), avaliado nos termos de uma filosofia utilitarista governante. Se a produção não é para nós, para o que ela poderia ser? Mas isso seria … (Sim, seria.)

Em qualquer lugar aquém do horizonte biônico, onde a história humana perde a inteligibilidade tradicional, a alternativa aos negócios-por-negócios (ou capitalismo involutivo, inteligênico) é o negócio de macaco – a subordinação da economia / tecnologia a propósitos humanos discerníveis. A psicologia evolutiva nos ensina o que esperar disso: competição por status selecionada por sexo, sublimada em hierarquias políticas. O harém do imperador é o propósito humano absoluto da ordem social pré-capitalista, com variedade significante na forma específica, mas extrema generalidade no padrão darwinista básico. Uma vez que o capitalismo não surgiu a partir da inteligência abstrata, mas, em vez disso, a partir de uma organização social humana concreta, ele necessariamente se distingue como um negócio de macaco melhor, até que possa decolar para algum outro lugar. Tem que ser o caso, portanto, que a cínica redução psic-evo da atividade empresarial permaneça altamente plausível, uma vez que o limiar de escape do capitalismo não foi atingido. Ninguém tem um pico hormonal com negócios-por-negócios enquanto a história política continua. Fixar-se nisso, contudo, é perder tudo de importante (e talvez possibilitar que a coisa importante permaneça escondida). Nossos propósitos herdados não fornecem a chave de decodificação.

Há muito mais a se dizer sobre tudo isso – e ainda mais que, devido a considerações estratégicas ocultas, busca permanecer não dito – mas a opção fundamental está clara: ultra-capitalismo ou um retorno ao negócio de macaco. A última ‘possibilidade’ corresponde a um revalorização dos propósitos humanos tradicionais profundos, uma restauração da subordinação original dos meios aos fins e uma autorização efetiva de hierarquias de status de um tipo apenas modestamente renovado desde a antropologia paleolítica. Eu não deveria rir disso (porque seria irritante). Então eu vou parar aqui mesmo.

Original.

A Armadilha do Sexo

Mais cibernética maligna, desta vez delineada por Janet L Factor em um brilhante ensaio no Quillette. O moedor básico:

Uma vez que a proporção entre os sexos na população humana é normalmente 50/50, quando um homem assume uma esposa a mais, um outro homem é privado da oportunidade de ter uma sequer. Então, se apenas um homem em dez assume uma esposa a mais, um grau muito modesto de poliginia, isso significa que plenos 10% dos homens são completamente excluídos do mercado de casamento. Isso desencadeia uma corrida louca entre os homens jovens para não acabar nesses infelizes 10% inferiores. Ali, as opções para se obter sexo (pelo menos com uma mulher) estão reduzidas a duas: subterfúgio ou estupro.

Agora, pense sobre os números reprodutivos. Digamos que pode se esperar que uma mulher crie, com sucesso, dez crianças durante seu tempo de vida. Mas um homem pode ter isso 10 vezes o número de esposas (ou concubinas) que ele obtiver. O que isso significa para o investimento parental? Os pais só podem esperar um pequeno número de netos das filhas, mas um grande número dos filhos. A seleção favorecerá os pais que favorecerem os filhos lhes concedendo os meios necessários para obterem esposas. As filhas sofrerão negligência; alguns homens desesperados provavelmente as assumirão de qualquer forma.

Na verdade, a realidade é ainda pior do que isso, porque o valor biológico relativamente baixo das filhas encoraja o infanticídio feminino. Então, o número de mulheres disponível para o casamento se torna, na verdade, menor do que aquele de homens, mesmo em termos teóricos, e ainda assim o número de filhos que cada um deles pode ter não aumenta. É um círculo vicioso que escala o conflito sexual – uma armadilha.

O senso de humor de Gnon nem sempre é fácil de se apreciar.

(Circuitos-armadilha severos anteriores no XS aqui e aqui.)

Original.

A Armadilha do Calor

No nível máximo de abstração, há apenas duas coisas sobre as quais a cibernética fala: explosões e armadilhas. A dinâmica de feedback ou foge do equilíbrio ou traz os errantes de volta a ele. Qualquer outra coisa é uma compleição de ambos.

O furor fervoroso em torno do Aquecimento Global Antropogenético assume uma massa efervescente de cibernética técnica e especulativa, com mecanismos de feedback postulados alimentando inúmeras controvérsias, mas a armadilha de calor terrestre em larga escala que o envolve raramente é notada explicitamente. O que quer que os humanos tenham conseguido fazer com o clima é de insignificância que se esvai quando comparada ao que o megamecanismo bioclimático está fazendo com a vida na terra.

Com base nesta apresentação da jaula biogeológica em constante contração da terra, Ugo Bardi retrocede até o sombrio aparato de confinamento:

… a biosfera da Terra, Gaia, chegou ao auge com o começo da era Fanerozoica, cerca de 500 milhões de anos atrás. Depois disso, ela entrou em declínio. Claro, há bastante incerteza neste tipo de estudos, mas eles se embasam em fatos conhecidos sobre a homeostase planetária. Sabemos que a irradiação do sol continua a aumentar com o tempo a uma taxa de cerca de 1% a cada 100 milhões de anos. Isso deveria ter resultado no aquecimento do planeta, mas os mecanismos homeostáticos da ecosfera mantiveram temperaturas aproximadamente constantes, ao gradualmente diminuir a concentração de CO2 na atmosfera. Contudo, há um limite: a concentração de CO2 não pode ir abaixo do nível mínimo que torna a fotossíntese possível; caso contrário, Gaia “morre”.

Então, em algum momento no futuro, a homeostase planetária deixará de ser capaz de estabilizar as temperaturas. Quando atingirmos esse ponto, as temperaturas começarão a subir e, eventualmente, a terra será esterilizada. De acordo com Franck et al., em cerca de 600 milhões de anos a partir de agora, a terra terá se tornado quente demais para criaturas multicelulares existirem.

Mesmo aqueles comentadores de espírito ecológico que são atraídos pela ideia de estabilidade poderiam se encontrar perturbados pela insidiosa compreensão de que o equilíbrio bioecológico ‘Gaiano’ só é alcançado através do estrangulamento termo-atmosférico. Através do tempo profundo, as paredes estão se fechando. A biosfera está lentamente se asfixiando – de acordo com um requintado mecanismo auto-regulador – para não cozinhar.

Armadilhas cibernéticas produzem um condição objetivamente esquizoide, já que o que elas capturam é mantido em um dilema. A alternativa ‘Gaiana’ à incineração é a fito-asfixia, de modo que a biosfera só sobrevive se matando. Se a espécie humana fosse completamente extinta amanhã, a severidade deste dilema não seria aliviada nem em um iota. Não existem narrativas realistas de eco-salvação em jogo.

Podemos estar bastante confiantes de que o megamecanismo funciona da maneira delineada. A redução a longo prazo do CO2 atmosférico a um gás-traço sugere fortemente que nenhum outro ‘sintonizador’ alternativo de termo-regulação esteve disponível para a biosfera ao longo do último meio milhão de anos. Este mesmo fenômeno indubitavelmente dá suporte à principal contenção do AGA de que o CO2 é um gás ‘estufa’ significante, pelo menos em escalas de tempo longas, uma vez que ele claramente foi identificado como uma molécula termo-reguladora pela máquina biogeológica. Uma opção demonstrada pela asfixia indica uma paisagem adaptativa altamente restrita.

Essas concessões ao ‘consenso’ climático não descartam seu erro, ou falha de visão, básico. Os devotos de Gaia – não importa o quão calma e científica sua análise – estão se alinhando com uma armadilha mortal. Reverter a redução de longo prazo do CO2 atmosférico é a prioridade esmagadora da vida terrestre, e qualquer solução que não reconheça isto está meramente reparando uma máquina de lento suicídio. (Esse tipo de entendimento é pura cegueira.)

Escapar do abraço mortal de Gaia irá exigir reengenharia planetária em uma escala colossal, inevitavelmente envolvendo alguma combinação de:
(a) Aumentar o albedo da terra
(b) Construir filtros orbitais de infravermelho
(c) Elevadores espaciais com propósito duplo como drenos de calor planetário (?)
(d) Mudar a órbita da terra (admitidamente, um sério desafio)
(e) Outras coisas (sugestões, por favor).
O entendimento essencial é que essas coisas têm que ser feitas não apenas para resfriar a terra, mas a fim de ser capaz de aumentar massivamente o nível de CO2 atmosférico. A redução de CO2 a um gás-traço já é um desastre que a influência antropomórfica afeta de uma maneira essencialmente trivial. A humanidade, na pior das hipóteses, está mexendo com a mecânica de uma máquina mortífera.

Original.