Hiper-Racismo

Embora este blog geralmente busque espalhar desalento quando quer que a oportunidade surja, ele não pode fingir uma enorme obsessão pelo que poderia ser descrito como racismo ordinário. Ao examinar os crimes de pensamento da comunidade racista mainstream, ele é continuamente afligido por um senso de esmagadora irrealidade. Isto não é (claro) porque raças não existam ou não difiram significativamente ou… o que quer que seja. A posição cognitiva mais politicamente incorreta sobre quase todos os pontos deste tipo está confiavelmente mais próxima da realidade do que suas alternativas mais socialmente convenientes e reconfortantes.

O problema com o racismo ordinário é sua total incompreensão do futuro próximo. Não apenas as capacidades de manipulação genômica dissolverão a identidade biológica em processos tecno-comerciais de radicalidade ainda incompreensível, mas também… outras coisas.

Primeiro, um esboço da disputa racismo-antirracismo existente em sua forma comum ou dominante. A posição antirracista ou humanista universal – quando extraída de suas expressões social-construtivistas e alt-racistas hipócritas mais idiotas – equivale a um programa para o agrupamento genético global. As barreiras culturais à visão utópica de um pool genético ‘humano’ unitário, agitado com um ardor crescente até uma mistura homogênea, são deploradas como obstruções atávicas à realização de uma humanidade verdadeira e comum. Raças não existirão uma vez que forem reduzidas, por política prática e indiscriminação libidinal, a relíquias da partição histórica contingente. Em contraste, o identitarismo racial prevê uma conservação de um (comparativo) isolamento genético, geralmente determinado por limites que correspondem a uma variação fenotípica conspícua. Ele é realista racial, no sentido de que admite ver o que todo mundo de fato vê – ou seja, padrões consistentes de variedade impressionante, correlacionada e multi-dimensional entre populações (ou sub-espécies) humanas. Seu irrealismo está em suas projeções.

Gregory Cochran sugere que a colonização espacial inevitavelmente funcionará como um filtro genético altamente seletivo, a menos que uma intervenção política extrema seja tomada para impedir isto:

Supõe-se, em geral, que colonos espaciais, assumindo que em algum momento haja algum, serão indivíduos escolhidos, um pouco como os astronautas existentes – os melhores de hordas de candidatos. Eles serão mais inteligentes que a média, mais saudáveis que a média, mais sãos que a média – e não apenas um pouco. […] Uma vez que todos esses traços são significantemente herdáveis, alguns altamente herdáveis, temos que esperar que seus descendentes sejam diferentes – diferentes acima do pescoço. Ele provavelmente seriam, na média, mais inteligentes do que qualquer grupo étnico existente. Se uma colônia lunar realmente decolasse, os colonos iniciais poderiam representar uma fração desproporcional da população (assim como o fazem os puritanos nos EUA), e os lunáticos poderiam continuar a ter quantias desmesuradas da coisa certa por tempo indeterminado.

Como um tipo científico, Cochran está explorando este cenário como uma fonte potencial de evidência hereditária convincente (antecipada através de um experimento mental). O que dizer, contudo, do prospecto em si, enquanto ilustração de um mecanismo que se empresta à generalização teórica? Poder-se-ia discuti-lo em termos do racismo ordinário, como uma zona de impacto desigual (o que quase certamente seria). Ainda assim, isto é apenas arranhá-lo, nebulosa e superficialmente.

O modelo mais proeminente de um filtro desses é encontrado na teoria do acasalamento preferencial. Estritamente falando, a cultura racial-preservacionista advogada pelo racismo ordinário é um exemplo de acasalamento preferencial, com um critério de proximidade genética filtrando os pares potenciais. Não é por isto que a ideia tem tanta circulação. É o acasalamento preferencial com bases no SSE que o elevou à proeminência, tanto porque parece estar inquestionavelmente acontecendo quanto porque as implicações de seu acontecimento são extremas. (De maneira crucial, SSE é um forte indicador de QI.)

O acasalamento preferencial tende à diversificação genética. Isto não é nem a diversidade preservada do racismo ordinário, menos ainda o agrupamento genético idealizado dos antirracistas, mas um mecanismo, estruturado por classe, de divisão populacional, em um vetor em direção à neo-especiação. Ele implica na desintegração da espécie humana, ao longo de linhas em grande parte sem precedentes, com consequências hierárquicas intrínsecas. A elite geneticamente auto-filtradora não é meramente diferente – e se tornando cada vez mais diferente – ela é explicitamente superior, de acordo com os critérios estabelecidos que alocam status social. Uma fusão analógica com os colonos espaciais de Cochran dificilmente é evitável. Se o acasalamento preferencial com base em SSE está ocorrendo, a humanidade (e não apenas a sociedade) está desmoronando, em um eixo cujo polo inferior é refugo. Isto não é nada que o racismo ordinário seja sequer remotamente capaz de processar. Que seja um pesadelo consumado para o antirracismo vai sem questão, mas é também trans-racial, infra-racial e hiper-racial de maneiras que deixam a ‘política racial’ como uma ruína sem sentido em sua esteira.

Capacidades neo-eugênicas de manipulação genômica, que também estarão distribuídas de forma desigual por SSE, certamente intensificarão a tendência à especiação, em vez de melhorá-la. No lado da doçura-e-luz, pode-se esperar que racistas e antirracistas eventualmente se unam numa fraternidade defensiva, quando reconhecerem que as populações tradicionalmente diferenciadas estão sendo dilaceradas sobre um eixo de variação que anula todas as suas preocupações estabelecidas.

Original.

Nota Fragmentada (#11)

Com toda produtividade coerente sugada para dentro de um nodoso ensaio aceleracionista no momento, alguns fragmentos:

Update da Fissão – aparentemente os gênios na arquibancada geral da NRx estão convencidos agora de que Justine Tunney usurpou Michael Anissimov em seu universalmente reconhecido cargo sagrado como Deus-Imperador da Nova Reação. Anissimov, para seu grande crédito, está perplexo. Essa coisa vai se reduzir a cinzas em sua própria insanidade radiante ou se amplificar até algum nível ainda inimaginável de loucura? A opção responsável seria abandonar o banco dos tolos agora, mas é interessante demais para isso. Sinalizar alguma distância está se tornando absolutamente imperativo, contudo.

Um ponto que tem que ser enfatizado com renovado fervor é a prioridade absoluta da fragmentação territorial para qualquer linha da discussão da NRx que comece a se imaginar ‘política’. Modelos universalistas da boa sociedade são inteiramente inconsistentes com a NRx em suas fundações, e transformar tais diferenças em argumento político é ter vagueado desesperadoramente para fora do roteiro. Todo o ponto dos arranjos sociais neorreacionários é eliminar o argumento político, substituindo-o por problemas práticos de micro-migração. Facilitar pátrias para seus antagonistas é ainda mais importante do que projetá-las para seus amigos. (Mesmo a antiga República da África do Sul sabia disso – embora tenha estragado a execução.) A triagem geográfica dissipa a dialética.

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Brett Stevens (do blog Amerika, @amerika_blog) deu uma de supernova no Twitter de uma maneira que grita esgotamento iminente, mas por ora ele é uma fonte de comentários e links soberbos. Entre as gemas mais recentes, estas duas peças, que levantam questões sobre a restauração de ideias teleológicas sofisticadas dentro da ciência natural.

por que a vida resiste à desordem? #entropy http://t.co/ggmrjqv4bq

— brett stevens (@amerika_blog) may 1, 2014

Também, duas outras sobre a catedralização das instituições literárias da FC, que se desenrola em público.

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Mark Steyn se apresenta como um leitor de Sailer. Nenhuma grande surpresa ali, eu acho, mas as trevas crescem…

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crown-of-thorns

Do que vi das respostas ao Trancendence, o filme foi quase universalmente mal compreendido. Sem modéstia, eu creio que meu ainda não escrito post sobre o tópico o entende com o título Páscoa dos Nerds. Estupidamente, a maioria dos críticos o descrevem como sendo sobre os perigos da superinteligência artificial. Na realidade, é sobre o pecado humano do medo e da negação de Deus, culminando no assassinato do Messias (enquanto divindade computacionalmente encarnada), e seu quieto retorno, em um jardim, enquadrando toda a imagem na promessa da ressurreição. Ele assim expõe o Transhumanismo não apenas como um sub-clade cristão, mas como um sub-clade notavelmente conservador (certamente em comparação com o Protestantismo Mainline). A significância disto precisa ser explorada em algum ponto.

Original.

Arbitragem Geopolítica

Stross:

… as coisas vão ficar muito feias em Londres quando a Square Mile e o setor de bancos de investimento levantar acampamento e for para Frankfurt, deixando o setor de serviços e a população urbana multiétnica pobre para trás.

As especificidades desta previsão são amalucadas, se apenas porque a Europa continental está indo pelos canos muito mais rápido do que o Reino Unido, mas a ansiedade abstrata é precisa. A globalização da direita é inteiramente sobre arbitragem geopolítica (ao passo que a da esquerda é sobre homogeneizar a governança global). Todas as tendências críticas apontam em direção à exacerbação do ‘problema’. O século XXI é a época da fragmentação – diferente de qualquer coisa já vista desde o início do período moderno – transferindo poder para os andarilhos e para longe de sistemas mega-políticos de domínio territorial. Ser deixado para trás é a ameaça crescente, e podemos esperar confiantemente vê-la se consolidando como o sub-texto de toda queixa esquerdista. Você não pode simplesmente sair. Assista.

Os obstáculos à arbitragem geopolítica – isto é, pressão espacial de Saída – são restrições de segurança. São necessárias bases além-mar defensáveis (e Frankfurt quase certamente não vai fornecer uma). Os olhos precisam estar firmemente fixados em dinâmicas de secessão (fragmentação), descentralização tecno-comercial de segurança sólida, cripto-anonimização, inteligência artificial e na emergência de postos avançados do capital na região do Pacífico Ocidental. Fatores mais exóticos incluem oportunidades de êxodo radical (submarino, Antártico, e para fora do planeta), facilitadas pela produção territorial (ilhas artificiais). O maquinário de captura precisa manter todas essas rotas de escape firmemente suprimidas a fim de se perpetuar. Isso simplesmente não vai acontecer.

O capital está aprendendo mais rápido que seus adversários e tem feito isso desde que se tornou auto-propulsor, aproximadamente meio milênio atrás. Ele é alérgico ao socialismo (obviamente) e tende a fugir de lugares em que a influência socialista é substancialmente maior do que zero. A menos que enjaulado de maneira definitiva, eventualmente ele escapa. Ao longo das próximas décadas – apesar da criptografia cada vez mais profunda – deve ficar evidente em que direção isso está indo.

Original.

Independência

O antônimo filosófico para ‘universalidade‘ é ‘particularidade’. Seu antônimo ideológico mais amplo é algo próximo a independência.

Esta não é uma palavra muito enfatizada pela NRx até este ponto, ou – aliás – uma que figure muito proeminentemente em discussões contemporâneas de qualquer tipo. Isso é estranho, porque ela orquestra um extraordinário conjunto de conexões conceituais.

Independência é um sinônimo aproximado de soberania, para começar. A profunda associação entre estes termos carrega uma pressão analítica bastante extrema. O soberano é aquela instância capaz de decisão independente. Um estado independente é indistinguível de um soberano, e impugnar sua real soberania é questionar sua independência efetiva. Secessão é um processo de independência. Um Patchwork (Moldbuggiano) é uma rede de entidades geopolíticas independentes. Todas as tendências relevantes para a fragmentação geopolítica são orientadas à independência. Cada opção de Saída executada (mesmo em uma expedição de compras) é uma declaração implícita de independência, pelo menos em miniatura. (As relações entre independência e conectividade são sutis e complexas.)

Permanecendo (por um momento) no mais estrito canal da NRx, toda a discussão sobre passivismo está relacionada à independência. O protesto (‘ativismo’) é desdenhado por conta de sua dependência fundamental (da tolerância política simpática). Nenhum processo social genuinamente direcionado à independência cairia dentro do escopo desta crítica. (A ‘Opção Beneditina’ é um exemplo óbvio.)

Toda a gama de controvérsias sobre a díade individualismo/coletivismo não pode ser remodelada em termos de independência? A dependência existe em um espectro, mas a atitude definidora em relação a ela tende à polarização. A dependência deve ser abraçada, ou configurada como um problema contra o qual se trabalhar? Este blog está altamente tentado a projetar a dimensão Esquerda/Direita ou ‘dimensão política principal’ ao longo do eixo que estas respostas distintas definem. A Esquerda se entusiasma com a interdependência e (em maior ou menor medida) aceita uma comparativa independência, ao passo que para a Direita este sistema de atitude é exatamente inverso. (As tensões mais fundamentais dentro da reactosfera estão claramente relacionadas a esta articulação.)

Um inevitável ponto de controvérsia – afinado ao longo de décadas de oposição ao libertarismo – é capturado pela questão: As crianças não são essencialmente dependentes? Sim, claro que elas são, mas crescer é qualquer outra coisa além de um processo de independência? De uma perspectiva, uma família pode ser interpretada como um modelo de interdependência (sem imprecisões óbvias). Ainda assim, de uma outra, uma família é uma unidade de produção de independência, tanto em sua autonomia comparativa em relação à sociedade mais ampla, quanto como matriz de criação de crianças. Famílias são locais de luta por independência (para a qual a resposta da esquerda é: Elas não deveriam ter que ser). A cultura de dependência é o coração da Esquerda.

Independência e autonomia são termo muito estreitamente relacionados. Todas as discussões sobre autonomia, e mesmo sobre automação, fazem sentido bem nitidamente neste modelo, mas este é um ponto que excede as ambições do presente post.

Abstração, também, é um tópico que se sobrepõe tentadoramente à independência. Se a independência cognitiva acomoda inteiramente a optimização de inteligência também é uma questão para uma outra ocasião.

A NRx, tentativamente propomos, é uma filosofia política orientada à promoção da independência. (Muitos empurrões são, naturalmente, esperados.)

Orginal.

Contra o Universalismo

Há uma objeção filosófica a qualquer recusa do universalismo que será familiar a partir de outros usos (a denúncia do relativismo, mais tipicamente). Ela requer apenas um passo: A negação do universal, em si, não é uma alegação universalista? É uma peça de dialética maliciosa, porque exige que concordemos. Não concordamos, jamais concordaremos. Concordância é a pior coisa que poderia acontecer. Meramente consinta com sua necessidade, e o comunismo global ou algum análogo próximo é a conclusão implícita.

Se há uma verdade universal, ela pertence somente a Gnon, e Gnon é um Deus sombrio (oculto). Teístas tradicionais estarão, pelo menos, fortemente inclinados a discordar – e isto é excelente. Já discordamos, e mal começamos.

Não há nenhuma ‘boa vida para o homem’ (em geral) – ou, se há, não sabemos nada sobre ela, ou não o suficiente. Mesmo aqueles convencidos de que eles, pelo contrário, sabem o que tal vida deve ser, promovem sua universalidade apenas à custa de ter-lhes negada a oportunidade de praticá-la. Se precisamos concordar sobre os contornos gerais de tal modelo de existência humana, então chegar a um acordo o precederá – e ‘chegar a um acordo’ é política. Um mundo muito mais amplo adquire um poder de veto sobre o modo de vida que você seleciona, ou aceita, ou herda (os detalhes não precisam nos deter). Vimos como isso funciona. Comunismo global é o destino inevitável.

A alternativa à concordância é a cisão. Secessão, desintegração geopolítica, fragmentação, divisão – a discordância escapa à dialética e se separa no espaço. O anti-universalismo, de maneira concreta, não é uma posição filosófica, mas uma asserção efetivamente defensável de diversidade. Da perspectiva do universal (que pertence apenas a Gnon, nunca ao homem), ele é um experimento. O grau em que ele acredita em si mesmo não é de nenhum interesse que importe para nada além de si. Ele não responde a nada além de Gnon. O que qualquer um, em qualquer lugar, pensa sobre ele não conta para nada. Se ele falhar, ele morre, o que não deveria significar nada para você. Se você é compelido a se importar com o experimento de outra pessoa, então está faltando uma cisão. Claro, você é livre para dizer a ele que você acha que ele falhará, se ele estiver ouvindo, mas não há absolutamente nenhuma necessidade de se chegar a um acordo sobre a questão. É isto que, afinal, o não-comunismo significa.

O não-universalismo é higiene. É uma evitação prática da merda estúpida de outras pessoas. Não há nenhum princípio superior na filosofia política. Toda tentativa de instalar uma alternativa e impor um universal se reverte em dialética, comunização, evangelismo global e política totalitária.

Isso está sendo dito aqui agora porque a NRx é terrivelmente ruim nisso e se degenera em um choque de universalismos, como se em um equilíbrio instintivo. Há até mesmo aqueles que confiantemente propõem uma ‘solução NRx’ para o mundo. Nada poderia ser mais absurdo. O mundo – como um todo – é uma lata de entropia. O comunismo mais profundamente degradado é seu único ‘consenso universal’ possível. (Todo mundo sabe disso, quando se permitem pensar.)

Toda ordem é local – ou seja, a negação do universal. Isso é meramente reafirmar a segunda lei da termodinâmica, que ‘nós’ geralmente professamos aceitar. A única coisa que poderia ser universal e igualmente distribuída é o ruído.

Mate o universalismo em sua alma e você é imediatamente (objetivamente) um neoreacionário. Proteja-o e você é um obstáculo à escapada das diferenças. Isto é comunismo – quer você reconheça ou não.

Original.