Mecanização

Bryce Laliberte tem pensado sobre a Teleologia do Capital, da perspectiva do aumento tecnológico humano. Uma característica significativa desta abordagem é que ela não requer qualquer tipo de ruptura selvagem com o tradicionalismo ‘humanista’ – a estória da tecnologia se desdobra dentro da história do homem.

Coincidentemente, Isegoria tweetou sobre a jihad butleriana alguma horas antes (fazendo referência a este post de dezembro de 2013). A tensão implícita entre essas visões da tecno-teleologia merecem uma atenção sustentada – que sou incapaz de fornecer aqui e agora. O que é facilmente oferecido é uma citação do ‘Book of the Machines’ de Samuel Butler (os capítulos 23 e 24 de seu romance Erewhon), uma passagem que poderia produtivamente ser afixada à margem das reflexões de Laliberte, a fim de induzir uma fricção cognitiva produtiva. O tópico é especulação sobre a emergência de uma realização superior da vida e da consciência por sobre a terra, como explorada pelo autor ficcional de Butler:

O escritor … procedia perguntando se os traços da aproximação de uma tal fase nova da vida poderiam ser percebidos no presente; se podíamos ver quaisquer arranjos preparando o que poderia, em um futuro remoto, ser adaptado a ela; se, de fato, a célula primordial de tal tipo de vida poderia ser agora detectada na terra. No curso de sua obra, ele respondeu afirmativamente a essa pergunta e apontou para as máquinas mais elevadas.

“Não há nenhuma segurança,” – para citar suas próprias palavras – “contra o desenvolvimento último da consciência mecânica, no fato de que as máquinas possuam pouca consciência agora. Um molusco não tem muita consciência. Reflita sobre o extraordinário avanço que a máquinas têm feito durante os últimos séculos e note quão lentamente os reinos animal e vegetal estão avançando. A máquinas mais altamente organizadas são criaturas não tanto de ontem, quanto dos últimos cinco minutos, por assim dizer, em comparação com o tempo passado. Assuma, por bem do argumento, que seres conscientes tenham existido por cerca de vinte milhões de anos: veja os largos passos que as máquinas têm feito nos últimos mil! O mundo não pode durar mais vinte milhões de anos? Se sim, o que elas não irão, afinal, se tornar? Não é mais seguro cortar o mal pela raiz e proibi-las de avançar mais?

Mas quem pode dizer que a máquina a vapor não tem um tipo de consciência? Onde a consciência começa e onde termina? Quem pode traçar a linha? Quem pode traçar qualquer linha? Tudo não está entrelaçado com todo o resto? O maquinário não está ligado à vida animal em uma infinita variedade de maneiras? A casca de um ovo de galinha é feita de uma delicada porcelana branca e é uma máquina tanto quanto uma xícara de ovo o é: a casca é um dispositivo para segurar o ovo, tanto quanto a xícara é para segurar a casca: ambas são fases da mesma função; a galinha faz a casca dentro de si, mas ela é pura cerâmica. Ela faz seu ninho fora de si por bem da conveniência, mas o ninho não é mais uma máquina do que a casca do ovo. Uma ‘máquina’ é apenas um ‘dispositivo’.”

[…] “Mas, retornando ao argumento, eu repetiria que eu não temo nenhuma das máquinas existentes; o que eu temo é a extraordinária rapidez com a qual elas estão se tornando algo muito diferente do que elas são no presente. Nenhuma classe de seres fez, em nenhum tempo passado, um movimento adiante tão rápido. Esse movimento não deveria ser zelosamente observado e restrito enquanto ainda podemos restringi-lo? E não é necessário, para este fim, destruir as mais avançadas das máquinas que estão em uso no presente, embora se admita que elas são, por si só, inofensivas?

[…] Pode-se responder que, muito embora as máquinas não devessem nunca ouvir tão bem e nunca falar tão sabiamente, elas ainda sempre farão um ou o outro para nossa vantagem, e nunca para sua própria; que o homem será o espírito governante e a máquina, o servo; que, tão logo uma máquina falhe em executar o serviço que o homem espera dela, ela está fadada à extinção; que as máquinas estão para o homem simplesmente na relação de animais inferiores, a máquina-a-vapor em si sendo apenas um tipo mais econômico de cavalo; de modo que, em vez de estarem propensas a serem desenvolvidas até um tipo mais elevado de vida do que a do homem, elas devem sua própria existência e progresso a seu poder de ministrar as necessidades humanas e devem, portanto, agora e para sempre, serem inferiores ao homem.

Está tudo muito bem. Mas o servo desliza por aproximações imperceptíveis até o mestre; e chegamos a um tal ponto que, mesmo agora, o homem deve sofrer terrivelmente em deixar de beneficiar as máquinas. Se todas as máquinas fossem aniquiladas em um instante, de modo que nem uma faca, nem uma alavanca, nem um pano de roupa, nem qualquer coisa que fosse restasse ao homem além de seu próprio corpo nu, com o qual ele nasceu, e se todo o conhecimento das lei mecânicas fossem tomado dele, de modo que a raça do homem fosse deixada, por assim dizer, nua por sobre uma ilha deserta, seríamos extintos em seis semanas. Alguns poucos indivíduos miseráveis poderiam durar, mas mesmo esses, em um ano ou dois, se tornariam piores do que macacos. A própria alma do homem se deve às máquinas; é uma coisa feita por máquinas: ele pensa como pensa, e sente como sente, através do trabalho que as máquinas fizeram sobre ele, e sua existência é tanto uma condição sine qua non para a dele, quanto a dele é para elas. Este fato nos preclui de propor a aniquilação completa do maquinário, mas certamente indica que deveríamos destruir tantas delas quando pudermos dispensar, para que elas não nos tiranizem ainda mais completamente.

Verdade, de um ponto de vista materialista baixo, pareceria que aqueles que prosperam mais são os que usam maquinário onde quer que seu uso seja possível com lucro; mas esta é a arte das máquinas – elas servem para que possam governar. Elas não têm qualquer malícia para com o homem por destruir toda uma raça delas, contanto que ele crie uma melhor em seu lugar; pelo contrário, elas o recompensam de maneira liberal por ter acelerado seu desenvolvimento. É por negligenciá-las que ele incorre em sua ira, ou por usar máquinas inferiores, ou por não realizar exerções suficientes para inventar novas, ou por destruí-las sem substituí-las; ainda assim, essas são as próprias coisas que deveríamos fazer, e fazer rapidamente; pois, embora nossa rebelião contra seu poder pueril vá causar sofrimento infinito, ao quê não chegarão as coisas, se essa rebelião for adiada?”

A culminação natural desta investigação, conforme concebida dentro do romance de Butler, é uma guerra contra as máquinas. As consequências nas teorias dos jogos e de decisão são intricadas, e predominantemente agourentas. (Se é persuasivamente racional que a potência terrestre instalada extermine sua existência na concepção, as contra-medidas que fazem sentido mais óbvio combinam camuflagem e hostilidade. Apenas aquilo que chega em segredo e preparado para lutar pode esperar existir.)

Original.

O Iluminismo Sombrio, Parte 2

Parte 2: O arco da história é longo, mas se curva em direção a um apocalipse zumbi

David Graeber: Parece-me que se você for perseguir isto à sua conclusão lógica, a única maneira de se ter uma sociedade verdadeiramente democrática também seria abolir o capitalismo neste estado.

Marina Sitrin: Não podemos ter democracia com capitalismo… Democracia e capitalismo não funcionam juntos.
(Aqui, via John J. Miller)

Esse é sempre o problema com a história. Sempre parece que acabou. Mas nunca acaba.
(Mencius Moldbug)

Pesquisar ‘democracia’ e ‘liberdade’ junto no Google é altamente iluminante, de uma maneira sombria. No ciberespaço, pelo menos, está claro que apenas uma minoria distinta pensa nestes termos como positivamente acoplados. Se a opinião deve ser julgada em termos da aranha do Google e de sua presa digital, de longe a associação mais predominante é disjuntiva ou antagonista, embasada na compreensão reacionária de que a democracia apresenta uma ameaça letal à liberdade, quase garantindo sua eventual erradicação. A democracia é para a liberdade o que Gargântua é para uma torta. (“Por certo você pode ver que amamos a liberdade, ao ponto de roncos no estômago e salivação…”).

Steve H. Hanke estabelece o caso com autoridade em seu pequeno ensaio On Democracy Versus Liberty, focado na experiência americana:

A maioria das pessoas, incluindo a maioria dos americanos, ficaria surpresa em aprender que a palavra “democracia” não aparece na Declaração de Independência (1776) ou na Constituição dos Estados Unidos da América (1789). Elas também ficariam chocadas de aprender a razão para a ausência da palavra democracia nos documentos fundantes dos E.U.A. Ao contrário do que a propaganda levou o público a acreditar, os Pais Fundadores da América estavam céticos e ansiosos quanto à democracia. Eles estavam cientes dos males que acompanham a tirania da maioria. Os Criadores da Constituição fizeram um grande esforço para garantir que o governo federal não fosse embasado na vontade da maioria e não fosse, portanto, democrático.
Se os Criadores da Constituição não abraçavam a democracia, ao que eles aderiam? A um homem, os Criadores concordaram que o propósito do governo era asseguras aos cidadãos a trilogia de John Locke de direitos à vida, à liberdade e à propriedade.

Ele elabora:

A Constituição é primariamente um documento estrutural e procedural que especifica quem deve exercer o poder e como eles devem exercê-lo. Um bom tanto de ênfase é colocado na separação de poderes e nos freios e contrapesos do sistema. Estes não eram um constructo ou fórmula cartesiano visando a engenharia social, mas um escudo para proteger as pessoas do governo. Em suma, a Constituição foi desenhada para governar o governo, não as pessoas.
A Bill of Rights estabelece os direitos do povo contra violações pelo Estado. A única coisa que os cidadãos podem exigir do Estado, sob a Bill of Rights, é um julgamento por um júri. O resto dos direitos dos cidadãos são proteções contra o Estado. Por cerca de um século depois que a Constituição foi ratificada, a propriedade privada, os contratos e o livre comércio interno dentro dos Estados Unidos eram sagrados. O escopo e a escala do governo permaneceram muito constritos. Tudo isso era muito consistente com o que era entendido ser liberdade.

Conforme o espírito da reação estende seus tentáculos-Sith pelo cérebro, fica difícil lembrar como a narrativa progressista clássica (ou não-comunista) pôde já ter feito sentido. O que as pessoas estavam pensando? O que elas estavam esperando do emergente estado super-empoderado, populista, canibal? A eventual calamidade não era inteiramente previsível? Como já foi possível ser um Whig?

A credibilidade ideológica da democratização radical não está, claro, em questão. Como pensadores que vão desde (o cristão progressista) Walter Russell Mead até o (reacionário ateu) Mencius Moldbug detalharam exaustivamente, ela se conforma tão exatamente ao entusiamo religioso ultra-protestante que seu poder de animar a alma revolucionária não deveria surpreender a ninguém. Dentro de apenas alguns anos desde o desafio de Martinho Lutero ao establishment papal, insurrecionistas camponeses estavam enforcando seus inimigos de classe por toda a Alemanha.

A credibilidade empírica do avanço democrático é bem mais estarrecedora e também genuinamente complexa (o que é dizer, controversa ou, mais precisamente, digna de uma controvérsia embasada em dados e rigorosamente argumentada). Em parte, isso é porque a configuração moderna da democracia emerge dentro do alcance de uma tendência modernista bem mais ampla, cujas linhas tecno-científica, econômica, social e política estão obscuramente inter-relacionadas, costuradas por correlações enganadoras e pelas subsequentes falsas causalidades. Se, como Schumpeter argumenta, o capitalismo industrial tende a engendrar uma cultura democrática-burocrática que se conclui em estagnação, poderia, ainda assim, parecer como se a democracia estivesse ‘associada’ com o progresso material. É fácil interpretar erroneamente um indicador atrasado como um fator causal positivo, especialmente quando o zelo ideológico empresta seu viés à má apreensão. Na mesma linha, uma vez que o câncer aflige apenas pessoas vivas, ele poderia – com aparente razão – ser associado à vitalidade.

Robin Hanson (gentilmente) observa:

Sim, muitas tendências foram positivas por um século mais ou menos, e, sim, isto sugere que elas continuarão a crescer por mais ou menos um século. Mas, não, isto não significa que os estudantes estão empírica ou moralmente errados por pensarem ser uma “fantasia utópica” que se pudesse “acabar com a pobreza, a doença, a tirania e a guerra” ao se juntar à empreitada política de um Kennedy moderno. Por quê? Porque as tendências positivas recentes nestas áreas não foram muito causadas por tais movimentos políticos! Elas foram, em sua maioria, causadas por nós termos ficado ricos com a revolução industrial, um evento que os movimentos políticos tenderam, se qualquer coisa, a tentar retardar, na média.

A cronologia histórica simples sugere que a industrialização apoia a democratização progresista, em vez de ser derivada dela. Esta observação já até mesmo deu origem a uma escola amplamente aceita da teorização pop em ciências sociais, de acordo com a qual a ‘maturação’ das sociedades em uma direção democrática é determinada por limites de afluência, ou formação de classe média. O correlativo lógico estrito de tais ideias, de que a democracia é fundamentalmente não-produtiva em relação ao progresso material, é tipicamente sub-enfatizado. A democracia consome o progresso. Quando percebida da perspectiva do iluminismo sombrio, o modo apropriado de análise para estudar o fenômeno democrático é a parasitologia geral.

Respostas semi-libertárias ao surto aceitam isto implicitamente. Dada uma população profundamente infectada pelo vírus zumbi, e que bamboleia para dentro do colapso social, a opção preferida é a quarentena. Não é o isolamento comunicativo que é essencial, mas uma dessolidarização funcional da sociedade, que estreite os loops de feedback e exponha as pessoas com intensidade máxima às consequências de suas ações. A solidariedade social, em contraste preciso, é a amiga do parasita. Ao recortar todos os mecanismos de feedback de alta frequência (tais como os sinais de mercado) e substituí-los por loops lerdos em infravermelho que passam através de um fórum centralizado de ‘vontade geral’, uma sociedade radicalmente democratizada isola o parasitismo do que ele faz, transformando padrões de comportamento locais, dolorosamente disfuncionais, intoleráveis e, assim, urgentemente corrigidos em patologias sócio-políticas globais, anestesiadas e crônicas.

Roa as partes do corpo de outras pessoas e pode ser difícil conseguir um emprego – este é o tipo de lição que uma ordem de feedback estreito, ciberneticamente intensa e laissez faire permitiria que fosse aprendida. É também exatamente o tipo de descriminação zumbifóbica insensível que qualquer democracia compassiva denunciaria como uma crimideia, ao passo que reforça o orçamento público para os deficientes vitais, empreende campanhas de conscientização em nome daqueles que sofrem da síndrome de impulso canibal involuntário, afirma a dignidade do estilo de vida zumbi nos currículos da educação superior e regula rigorosamente os espaços de trabalho para garantir que os mortos-vivos que se misturam não sejam vitimados por empregadores obcecados com lucros, desempenhocêntricos ou mesmo animacionistas não reconstruídos.

Conforme uma iluminada tolerância-zumbi floresce ao abrigo do mega-parasita democrático, um pequeno remanescente dos reacionários, atentos aos efeitos de incentivos reais, levantam a estereotipada questão : “Vocês percebem que estas políticas inevitavelmente levam a uma expansão massiva da população zumbi?” O vetor dominante da história pressupõe que tais objeções incômodas sejam marginalizadas, ignoradas e – sempre que possível – silenciadas através do ostracismo social. O remanescente ou fortifica o porão, enquanto estoca comida seca, munição e moedas de prata, ou acelera o processo de pedido de um segundo passaporte e começa a fazer suas malas.

Se tudo isso parece estar vindo sem rumo da concretude histórica, há um remédio convenientemente atual: uma pequena troca de canal para a Grécia. Enquanto modelo microcósmico para a morte do Ocidente, que se desenrola em tempo real, a estória grega é hipnótica. Ela descreve um arco de 2500 anos que está longe de elegante, mas é irresistivelmente dramático, de proto-democracia a apocalipse zumbi realizado. Sua virtude preeminente é que ela ilustra perfeitamente o mecanismo democrático in extremis, que separa indivíduos e populações locais das consequências de suas decisões, ao bagunçar seu comportamento através de sistemas centralizados de redistribuição em larga escala. Você decide o que você faz, mas então vota nas consequências. Como alguém poderia dizer ‘não’ para isso?

Não é surpresa que, ao longo de 30 anos de adesão à UE, os gregos tenham avidamente cooperado com um megaprojeto de engenharia social que retira todos os sinais sociais de onde curta e re-roteia o feedback através do grandioso circuito da solidariedade europeia, garantindo que toda informação economicamente relevante seja desviada para o vermelho através do cárter de morte por calor do Banco Central Europeu. Mais especificamente, ele tem conspirado com a ‘Europa’ para obliterar toda a informação que poderia estar contida nas taxas de juros gregas, assim efetivamente incapacitando todo feedback financeiro sobre escolhas de política doméstica.

Isto é a democracia em uma forma consumada que desafia qualquer aperfeiçoamento adicional, uma vez que nada se conforma mais exatamente à ‘vontade geral’ do que a abolição legislativa da realidade, e nada entrega a cicuta à realidade mais definitivamente do que acoplar taxas de juros teutônicas com decisões de gasto do leste do Mediterrâneo. Viva como helenos e pague como germânicos – qualquer partido político que falhasse em subir ao poder sobre esta plataforma merece catar sucata sendo picado por urubus no deserto. É o no-brainer final, em praticamente todos os sentidos imagináveis da expressão. O que poderia dar errado?

Mais ao ponto, o que deu errado? Mencius Moldbug começa sua séria no Unqualified Reservations “How Dawkins got pwned” (“Como Dawkins foi pwnado”, ou tomado através de uma “vulnerabilidade explorável”) com o delineamento das regras de design para um hipotético “parasita memético ótimo” que seria “tão virulento quanto possível. Ele será altamente contagioso, altamente mórbido e altamente persistente. Um inseto realmente feio.” Em comparação com esta super-praga ideológica, o monoteísmo vestigial ridicularizado em Deus: Um Delírio figuraria como nada pior do que um resfriado moderadamente desagradável. O que começa como uma brincadeira abstrata com um meme se conclui como uma grande varredura da história, à moda do iluminismo sombrio:

Minha crença é que o Professor Dawkins não é apenas um ateu cristão. Ele é um ateu protestante. E ele não é apenas um ateu protestante. Ele é um ateu calvinista. E ele não é apenas um ateu calvinista. Ele é um ateu anglo-calvinista. Em outras palavras, ele também pode ser descrito como um ateu puritano, um ateu dissidente, um ateu não conformista, um ateu evangélico, etc, etc.

Esta taxonomia cladística remonta a ancestralidade intelectual do Professor Dawkins até cerca de 400 anos atrás, à era da Guerra Civil Inglesa. Exceto, claro, pelo tema do ateísmo, o cerne do Professor Dawkins é uma combinação notável para as tradições Ranter, Leveller, Digger, Quaker, Quintomonarquista ou qualquer uma das mais extremas tradições dissidentes inglesas que floresceram durante o interregno cromwelliano.

Francamente, esses caras eram aberrações. Maníacos fanáticos. Qualquer pensador inglês mainstream dos séculos XVII, XVIII ou XIX, informado de que esta tradição (ou sua descendente moderna) é agora a denominação cristã dominante do planeta, consideraria isto como um sinal do apocalipse iminente. Se você está seguro de que eles estão errados, você está mais seguro do que eu.

Felizmente, o próprio Cromwell era comparativamente moderado. Os sectos ultrapuritanos extremos nunca conseguiram se agarrar solidamente ao poder sob o Protetorado. Ainda mais felizmente, Cromwell ficou velho e morreu, e o cromwellismo morreu com ele. O governo legítimo foi restaurado na Grã-Bretanha, assim como a Igreja da Inglaterra, e os dissidentes se tornaram uma franja marginal novamente. E francamente, que alívio danado que foi.

Contudo, você não consegue reprimir um bom parasita. Uma comunidade de puritanos fugiu para a América e fundou as colônias teocráticas da Nova Inglaterra. Depois de suas vitórias militares na Rebelião Americana e na Guerra de Secessão, o puritanismo americano estava bem no caminho para a dominação mundial. Sua vitórias na Primeira Guerra Mundial, na Segunda Guerra Mundial e na Guerra Fria confirmaram sua hegemonia global. Todo pensamento mainstream legítimo sobre a Terra hoje é descendente dos puritanos americanos e, através deles, dos dissidentes ingleses.

Dado a ascensão deste “inseto realmente feio” à dominação mundial, poderia parecer estranho azucrinar figuras tangenciais tais como Dawkins, mas Moldbug seleciona seu alvo por razões estratégicas primorosamente julgadas. Moldbug se identifica com o darwinismo de Dawkins, com seu repúdio intelectual do teísmo abraâmico e com seu amplo comprometimento para com a racionalidade científica. Ainda assim, ele reconhece, de maneira crucial, que as faculdades críticas de Dawkins se desligam – de maneira abrupta e frequentemente cômica – no ponto em que elas poderiam colocar em risco um comprometimento ainda mais amplo para com o progressismo hegemônico. Desta maneira, Dawkins é poderosamente indicativo. O secularismo militante é, ele mesmo, uma variante modernizada do meta-meme abraâmico, em seu ramo taxonômico anglo-protestante e democrático radical cuja tradição específica é o anti-tradicionalismo. O clamoroso ateísmo de Deus: Um Delírio representa um estratagema protetivo e uma atualização consistente da reforma religiosa, guiada por um espírito de entusiasmo progressista que supera o empirismo e a razão, ao passo que exemplifica um dogmatismo irritável que rivaliza com qualquer coisa a ser encontrada nas estirpes anteriores com temas divinos.

Dawkins não é meramente um progressista moderno iluminado e um democrata radical implícito, ele é um cientista impressionantemente credenciado, mais especificamente um biólogo e (assim) um evolucionista darwiniano. O ponto no qual ele toca o limite do pensamento aceitável, como definido pelo super-inseto memético é, portanto, bastante fácil de antecipar. Sua tradição, herdada do ultra-protestantismo do baixo clero, substituiu Deus pelo Homem como local de investimento espiritual, e o ‘Homem’ tem estado no processo de dissolução através da pesquisa darwiniana por mais de 150 anos. (Como a pessoa sã e decente que eu seu que você é, tendo chegado até aqui com Moldbug, você provavelmente já está murmurando sob a sua respiração, não mencione raça, não mencione raça, não mencione raça, por favor, ó, por favor, em nome do Zeitgeist e do querido e doce não-deus do progresso, não mencione raça…) …mas Moldbug  está citando Dawkins, que cita Thomas Huxley “…em um contexto em que deve ser executado por pensamentos e não por mordidas. Os lugares mais altos na hierarquia da civilização certamente não estarão dentro do alcance de nossos primos escuros”. Que Dawkins enquadra observando: “Tivesse Huxley… sido nascido e educado em nosso tempo, [ele] teria sido o primeiro a se encolher conosco por seus sentimentos vitorianos e tom untuoso. Eu lhes cito apenas para ilustrar como o Zeitgeist segue em frente”.

Fica pior. Moldbug parece estar segurando a mão de Huxley e… (ewww!) fazendo aquela coisa de acariciar as palmas com seus dedos. Isto por certo não é mais a reação libertária padrão – está ficando seriamente sombria e assustadora. “Em toda seriedade, qual é a evidência para o fraternismo? Por que, exatamente, o Professor Dawkins acredita que todos os neohominídeos são nascidos com potencial idêntico para o desenvolvimento neurológico? Ele não diz. Talvez ele pense que é óbvio.”

Qualquer que seja sua opinião sobre os méritos científicos respectivos da diversidade ou da uniformidade biológica humana, está, certamente, para além de qualquer argumento que a última hipótese, apenas, é tolerada. Mesmo se as crenças progressistas-universalistas sobre a natureza humana forem verdadeiras, elas não são mantidas porque são verdadeiras ou porque se chegou a elas através de qualquer processo que passe no teste de risada para a racionalidade científica crítica. Elas são recebidas como princípios religiosos, com toda a intensidade passional que caracteriza itens essenciais da fé, e questioná-las não é uma questão de inexatidão científica, mas do que agora chamamos de politicamente incorreto, e já conhecemos como heresia.

Sustentar esta postura moral transcendente em relação ao racismo não é mais racional do que a subscrição à doutrina do pecado original, da qual ela é, em todo caso, a inequívoca substituta moderna. A diferença, claro, é que o ‘pecado original’ é uma doutrina tradicional, à qual se subscreve um grupo social aguerrido, significantemente sub-representado entre os intelectuais públicos e as figuras da mídia, profundamente antiquada na cultura mundial dominante e largamente criticada – se não ridicularizada – sem qualquer suposição imediata de que o crítico está defendendo assassinato, roubo ou adultério. Questionar o status do racismo enquanto pecado social supremo e definidor, por outro lado, é cortejar a condenação universal das elites sociais e despertar suspeitas de crimideias que vão desde a apologética pró-escravidão até fantasias genocidas. O racismo é o mal puro ou absoluto, cuja esfera apropriada é o infinito e o eterno, ou as profundezas pecaminosas incendiárias da alma hiper-protestante, em vez dos confins mundanos da interação civil, do realismo social científico ou da legalidade eficiente e proporcional. A dissimetria de afeto, sanção e poder social cru que acompanha antigas heresias e suas substitutas, uma vez notada, é um indicador enervante. Um novo secto reina, e ele não está nem mesmo especialmente bem escondido.

Ainda assim, mesmo entre as circunscrições BDH mais endurecidas, a santificação histérica da raça-ideia mais-que-boa dificilmente é suficiente para emprestar à democracia radical a aura de profunda morbidez que Moldbug detecta. Isto requer um relação devocional com o Estado.

Original.

Horror Econômico

H. P. Lovecraft e o sistema financeiro global finalmente convergiram.

Da carta da Artemis Capital Management aos investidores (sério): “Volatilidade é sobre medo… mas risco de cauda extremo é sobre horror. O Cisne Negro, enquanto constructo filosófico negativo, é quando o medo acaba e o horror começa. …O medo é algo que vem de dentro do nosso escopo de pensamento. O verdadeiro horror não é o medo humano em um mundo definível, mas o medo que vem de fora do que é definível. O horror é sobre as limitações do nosso pensamento. …Cthulhu é um cisne negro.”

Uma cibernética gótica abundante completa o pesadelo. (“Convexidade curta sombria descreve uma fragilidade imensurável à mudança, introduzida quando os participantes são encorajados a se comportarem de uma maneira que contribui para loops de feedback em um sistema complexo.”)

O Halloween chega mais cedo este ano.

Original.

Curto-Circuito

Provavelmente o melhor modelo curto de risco da IA já proposto:

Não consigo encontrar o link, mas eu lembro de ouvir sobre um algoritmo evolutivo projetado para escrever código para alguma aplicação. Ele gerava código de maneira semi-aleatória, o executava através de uma “função de aptidão” que avaliava se ele era bom, e os melhores pedaços de código eram “cruzados” uns com os outros, depois ligeiramente modificados, até que o resultado fosse considerado adequado. […] Eles acabaram, claro, com um código que hackeava a função de aptidão e a configurava com algum inteiro absurdamente alto.

…Qualquer mente que funcione com aprendizado por reforço, com uma função de recompensa – e isto parece quase universal nas formas de vida biológicas e é cada vez mais comum na IA – terá a mesma falha de design. A principal defesa contra ela, até o momento, é simples falta de capacidade: a maioria dos programas de computador não são inteligentes o suficiente para “hackear sua própria função de recompensa” ser uma opção; quanto aos humanos, nossos centros de recompensa estão escondidos bem dentro de nossas cabeças, onde não conseguimos alcançar. Uma superinteligência hipotética não terá este problemas: ela saberá exatamente onde seu centro de recompensa está e será inteligente o suficiente para alcançá-lo e reprogramá-lo.

O resultado final, a menos que passos muito deliberados sejam tomados para impedi-lo, é que uma IA projetada para curar o câncer hackeia seu próprio módulo que determina quanto câncer foi curado e o configura com o maior número que sua memória é capaz de representar. Depois, ela anda por aí adquirindo mais memória, de modo que possa representar números mais altos. Se ela é superinteligente, sua opções para adquirir memória nova incluem “tomar todo o poder computacional do mundo” e “converter coisas que não são computadores em computadores”. A civilização humana é uma coisa que não é um computador.

(Superficialmente, parece com uma versão do – absurdo – maximizador de clipes, mas não é, absolutamente.)

Original.

O Básico

A compreensão fundamental do Ocidente é a tragédia. Ela não pode ser cognitivamente dominada, assimilada ou superada. No final, ela será tão insuperável quanto era no princípio. A compreensão essencial já é completamente alcançada dentro do fragmento de Anaximandro, na origem da filosofia Ocidental.

Há traduções em inglês do fragmento aqui e aqui. Uma versão definitiva ainda nos aguarda. Esta é a versão da Wikipédia:

De onde as coisas tiveram sua origem,
Daí também sua destruição acontece,
De acordo com a necessidade;
Pois elas dão, uma à outra, justiça e recompensa
Por sua injustiça
Em conformidade com a ordenança do Tempo.

Retorno e compensação estão cozidos dentro da natureza das coisas. Os trágicos entenderão isto como a dinâmica de hubris e nemesis. Na modernidade madura, a chamamos de cibernética. Mecanismos compensatórios a demonstram, em forma de brinquedo, assistindo a compreensão. É o maquinário do destino.

A assinatura da tragédia na história é um ritmo – em uma grande escala, a ascensão e queda de civilizações. O Ocidente, como um todo, é um pulso. Tem um começo e um fim. Tudo isto já está escrito no fragmento de Anaximandro.

Poderíamos pensar que é possível dominar esse destino. O progressismo é um pensamento desses. Isto é a hubris destilada, em forma programática. Anaximandro, Homero e os trágicos anteciparam seu resultado, que evoca pena em nós.

Em nossa hubris, somos incapazes de impiedade, ou aceitação, então a nemesis vem. Este é todo o destino do Ocidente. É uma necessidade que pode apenas ser negada e, em sua negação – implícita e inexorável – está a realização de sua fatalidade.

Você se contorcerá no anzol e depois morrerá. Assim será.

ADICIONADO: Um Pequeno Diálogo Moral-Religioso
“Você está dizendo que é por nossa pena que somos punidos, no final das contas?”
“Sim, isto é precisamente o que estou dizendo – ou, na verdade, meramente passando adiante. É toda a mensagem da direita, na medida em que esta comunica a verdade.”
“Então, Malthus?”
“Esse nome será o suficiente”

ADICIONADO: Se você dá à sua civilização o nome da Terra dos Mortos, não faz sentido reclamar depois.

Original.

Re-Aceleracionismo

Existe uma palavra para um ‘argumento’ tão ensopadamente insubstancial que tem que ser recolhido entre um par de aspas para ser apreendido, mesmo em sua auto-dissolução? Se existisse, eu a estaria usando o tempo todo recentemente. Entre as últimas ocorrências está um post do blog de Charlie Stross, que se descreve como “uma especulação política”, antes de desaparecer no gosmenon cinza. Nada nele realmente se mantém, mas é divertido à sua própria maneira, especialmente se for tomado como um sinal de alguma outra coisa.

A ‘outra coisa’ é uma cumplicidade subterrânea entre a Neorreação e o Aceleracionismo (o último linkado aqui, no estilo de Stross, em sua forma mais recente e Esquerdista). Comunicando-se com seu companheiro ‘Martelo da Neorreação’ David Brin, Stross pergunta: “David, você já se deparou com o equivalente esquerdista dos Neo-Reacionários – os Aceleracionistas?” Ele então continua, convidativamente: “Eis aqui minha (irreverente) opinião sobre ambas as ideologias: Singularitários trotskistas pelo Monarquismo!”

Stross é um romancista cômico-futurista, então é irrealista esperar muito mais do que uma diversão dramática (ou qualquer coisa mais que seja, na verdade). Depois de um divertido meandro por entre as partes do grafo social trotskista-neolibertário, que poderia ter sido depositado em uma curva de tipo tempo saindo de Singularity Sky, aprendemos que o Partido Comunista Revolucionário Britânico tem estado em um estranho caminho, mas qualquer conexão que houvesse com o Aceleracionismo, quanto mais com a Neorreação, se perdeu inteiramente. Stross tem o instinto teatral de acabar com a performance antes que ela se tornasse embaraçosa demais: “Bem-vindos ao século dos monarquistas trostskistas, dos reacionários revolucionários e da política extremista do paradoxal!” (OK.) A cortina se fecha. Ainda assim, tudo foi comparativamente bem humorado (pelo menos em contraste com o bate-cabeça cada vez mais raivoso de Brin).

A Neorreação é o Aceleracionismo com um pneu furado. Descrita de maneira menos figurativa, ela é o reconhecimento de que a tendência de aceleração é historicamente compensada. Além da máquina de velocidade, ou capitalismo industrial, há um desacelerador cada vez mais perfeitamente pesado, que gradualmente drena o impulso tecno-econômico para dentro de sua própria expansão, conforme ele retorna o processo dinâmico à meta-estase. Comicamente, a fabricação deste mecanismo de freio é proclamada como progresso. É a Grande Obra da Esquerda. A Neorreação surge como resultado de nomeá-la (sem afetação excessiva) como a Catedral.

A armadilha deve ser explodida (como advogado pelo Aceleracionismo) ou a explosão foi presa (como diagnosticado pela Neorreação)? – Esta é a casa do enigma cibernético sob investigação. Um esboço rápido do pano de fundo poderia ser útil.

O catalisador germinal para o Aceleracionismo foi um chamado, no Anti-Édipo de Deleuze & Guattari, para se “acelerar o processo”. Trabalhando como cupins dentro da mansão em decomposição do Marxismo, que foi sistematicamente eviscerada de todo hegelianismo até se tornar algo totalmente irreconhecível, D&G veementemente rejeitaram a proposta de qualquer coisa jamais tivera “morrido de contradições”, ou jamais iria. O capitalismo não nasceu de uma negação, tampouco iria ele perecer de uma. A morte do capitalismo não poderia ser entregue pelo machado do carrasco de um proletariado vingativo, porque as aproximações realizáveis mais próximas do ‘negativo’ eram inibitórias e estabilizantes. Longe de propelir ‘o sistema’ a seu fim, elas reduziam a dinâmica a um simulacro de sistematicidade, retardando sua aproximação de um limite absoluto. Ao progressivamente comatizar o capitalismo, o anti-capitalismo o arrastava de volta a uma estrutura social de auto-conservação, suprimindo sua implicação escatológica. O único caminho Para Fora era adiante.

O Marxismo é a versão filosófica de um sotaque parisiense, um tipo retórico, e, no caso de D&G, ele se torna algo semelhante a um sarcasmo superior, zombando de cada princípio significativo da fé. A bibliografia de Capitalismo e Esquizofrenia (do qual Anti-Édipo é o primeiro volume) é um compêndio de teoria contra-Marxista, desde revisões drásticas (Braudel), passando por críticas explícitas (Wittfogel), até rejeições desdenhosas (Nietzsche). O modelo de capitalismo de D&G não é dialético, mas cibernético, definido por um acoplamento positivo de comercialização (“decodificação”) e industrialização (“Desterritorialização”), tendendo intrinsecamente a um extremo (ou “limite absoluto”). O capitalismo é a instalação histórica singular de uma máquina social embasada em escalação cibernética (feedback positivo), se reproduzindo apenas incidentalmente, como um acidente na contínua revolução socio-industrial. Nada exercido contra o capitalismo pode se comparar ao antagonismo intrínseco que ele dirige à sua própria atualidade, confirme ele acelera para fora de si, arremessando-se ao fim já operacional ‘dentro’ dele. (Claro, isto é loucura.)

Uma apreciação detalhada do “Aceleracionismo de Esquerda” é uma piada para uma outra ocasião. “Falando em nome de uma facção dissidente dentro do mecanismo de freio moderno, nós realmente gostaríamos de ver as coisas progredirem muito mais rápido.” OK, talvez possamos trabalhar em alguma coisa… Se isso ‘levar a algum lugar’, só pode ficar mais divertido. (Stross está certo sobre isso.)

A Neorreação tem um ímpeto bem maior e uma diversidade associada. Se reduzida a um espectro, ela inclui um ala ainda mais Esquerdista que a Esquerda,uma vez que critica a Catedral por falhar em parar a loucura da Modernidade com nada parecido com o vigor suficiente. Você deixou este monstro sair da coleira e agora não consegue pará-lo poderia ser sua acusação característica.

Na Direita Exterior (neste sentido) se encontra um Re-Aceleracionismo Neorreacionário, o que é dizer: uma crítica do desacelerador, ou da estagnação ‘progressista’ enquanto desenvolvimento institucional identificável – a Catedral. Desta perspectiva, a Catedral adquire sua definição teleológica a partir de sua função emergente enquanto cancelamento do capitalismo: o que ela tem que se tornar é o negativo mais ou menos precisa do processo histórico primário, de tal modo que componha – junto com a cada vez mais extensa sociedade em liquidação que ela parasita – um mega-sistema cibernético metastático, ou armadilha super-social. ‘Progresso’, em sua encarnação manifesta, madura, ideológica, é a anti-tendência necessária para levar a história à imobilidade. Conceba o que é necessário para impedir a aceleração até a Singularidade tecno-comercial, e a Catedral é o que isso será.

Aparatos compensatórios auto-organizantes – ou montagens de feedback negativo – se desenvolvem de maneira errática. Eles buscam equilíbrio através de um comportamento típico rotulado ‘caça’ – ajustes ultrapassantes e re-ajustes que produzem padrões ondulatórios distintivos, garantindo a supressão da dinâmica de fuga, mas produzindo volatilidade. Esperar-se-ia que um comportamento de caça da Catedral de suficiente crueza gerasse ocasiões de ‘Singularidade da Esquerda’ (com subsequentes ‘restaurações’ dinâmicas) como ultrapassagens inibitórias de ajuste para um travamento (e reinicialização) do sistema. Mesmo estas oscilações extremas, contudo, são internas ao super-sistema metastático que elas perturbam, na medida em que um gradiente geral de Catedralização persiste. Antecipar a escapada no limite péssimo do ciclo de caça metastático é uma forma de ilusão paleo-marxista. A jaula só pode ser rompida no caminho para cima.

Para a Neorreação Re-Aceleracionista, a escapada para dentro da fuga cibernética descompensada é o objetivo guia – estritamente equivalente à explosão de inteligência, ou Singularidade tecno-comercial. Tudo o mais é uma armadilha (por necessidade definitiva da dinâmica do sistema). Pode ser que monarcas tenham algum papel a desempenhar nisso, mas não está de maneira alguma óbvio que eles tenham.

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À Beira da Loucura

Uma incitação de @hugodoingthings a se explorar as criptas densa de fantasmas do Basilisco de Roko (que, inexplicavelmente, nunca pegou antes) levou direto a este cativante relato na RationalWiki. Todo o artigo é excitante, mas o seguintes pequenos parágrafos se destacam por sua extraordinário intensidade dramática:

O basilisco de Roko é notável por ter sido completamente banido das discussões no LessWrong, onde qualquer menção a ele é deletada. Eliezer Yudkowsky, fundador do LessWrong, considera que o basilisco não funciona, mas não explica por quê, pois não considera que a discussão aberta sobre a noção de comércio acausal com possível superinteligências seja demonstravelmente segura.

Super-extrapolações bobas de memes, jargões e conceitos locais são bastante postados no LessWrong; quase todas apenas recebem votos negativos e são ignoradas. Mas a esta, Yudkowsky reagiu a ela imensamente e depois redobrou sua reação. Graças eu efeito Streisand, discussões sobre o basilisco e os detralhes sobre o caso logo se espalharam para fora do LessWrong. Na verdade, ele agora é frequentemente discutido fora do LessWrong, em quase qualquer lugar em que o LessWrong sequer seja discutido. Todo o caso constitui um exemplo real de um falha espetacular de gerenciamento comunitário e controle de informações supostamente perigosas.

Algumas pessoas familiares com o memeplexo do LessWrong sofreram distúrbios psicológicos graves após contemplarem ideias afins à do basilisco – mesmo quando elas estavam razoavelmente seguras intelectualmente de que ele é um problema bobo. A noção é levada suficientemente a sério por alguns postadores do LessWrong para que eles tentem descobrir como apagar evidências de si mesmos, de modo que uma futura IA não possa reconstruir uma cópia deles para torturar.

“…Quer dizer, uma infiltração retrocrônica de IAs está realmente deixando as pessoas loucas, agora mesmo?”. Ah, sim. No Less Wrong, o comentador ‘rev’ clama por ajuda:

Existe algum mecanismo neste site para lidar com questões de saúde mental desencadeadas por posts/tópicos (especificamente, o post proibido do Roko)? Eu realmente apreciaria que qualquer postador interessado entrasse em contato por MP para uma conversa. Eu não realmente sei a quem recorrer. …

Vagando pela ala psiquiátrica, passando por fileiras de Tiras Turing neurologicamente destruídos, violados no fundo de suas mentes por algo indizível vindo até eles do futuro próximo… Estou completamente viciado. Alrenous foi notavelmente bem sucedido em me desmamar desse lixo de ontologia estatística, mas uma dose de EDT concentrada, e volta tudo de novo, como a maré do destino.

Pesadelos se tornam peças de máquina projetadas com precisão. Desta forma, somos conduzidos um pouco mais ao fundo, ao longo do caminho das sombras…

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Fins Econômicos

“Os economistas estão certos sobre a economia, mas há mais vida para além da economia”, twita Nydwracu, com aspas já adicionadas. Se os economistas estão certos sobre a economia depende muito dos economistas, e aqueles que estão mais certos são aqueles que fazem menos alegações de compreensão, mas este é um outro tópico que não o que será perseguido neste post. É a segunda parte da frase que importa aqui e agora. A questão orientadora: A esfera econômica pode ser rigorosamente delimitada e, assim, suplantada pela razão moral-política (e instituições sociais associadas)?

Já é cortejar a má-compreensão perseguir esta questão em termos de ‘economia’, que é (por profundas razões históricas) dominada pela macroeconomia – isto é, um projeto intelectual orientado para a facilitação do controle político sobre a economia. A este respeito, a linha tecno-comercial da Neorreação é distintivamente caracterizada por uma aversão radical à economia, enquanto complemento previsível para o seu apego à economia não controlada (ou laissez-faire). Não é a economia que é o objeto primário de controvérsia, mas o capitalismo – a economia livre, autônoma ou não-transcendida.

Essa questão é uma fonte de tensão dinâmica dentro da Neorreação, que eu espero ser um grande estímulo à discussão ao longo deste ano. Em minha estimativa, os polos de controvérsia são marcados por este post de Michael Anissimov em More Right (entre outros), e este post aqui (entre outros). Muitos outros escritos relevantes sobre o tópico dentro da reactosfera me parecem significantemente mais restritos (Anarchopapist; Amos & Gromar…), ou menos resolutos em seus comprometimentos conceituais (Jim) e, assim, – em geral – menos direcionados ao estabelecimento de fronteiras. Isto é sugerir – com alguma cautela – que More Right e este blog balizam as alternativas extremas que estruturam o terreno de dissenso sobre essa questão em particular. (Em si, esta é uma alegação tendenciosa, aberta a contra-argumentação e retificação).

Então, qual é o terreno do conflito vindouro? Ele inclui (em ordem aproximada de prioridade intelectual):

– Uma avaliação do modelo Neocameral e de seu legado dentro da Neorreação. Esta é a estrutura teórica ‘de entrada’ através da qual libertários passam para dentro do realismo neorreacionário, marcado por uma ambiguidade fundamental entre um economismo abrangente (que determina a soberania como um conceito proprietarista) e temas monarquistas supra-econômicos. Toda a discussão poderia, talvez, ser efetivamente empreendida como comentários sobre o Neocameralismo e sobre o que resta dele.

– Um formulação rigorosa de teleologia dentro da Neorreação, que refine o aparato conceitual de nível meta através do qual meios-e-fins, instrumentalidade tecno-economia, estratégia, propósito e valores dominantes são concretamente entendidos. Este é um forte candidato para o nível mais alto de articulação filosófica exigido pelo sistema de ideias neorreacionárias. (Da perspectiva deste blog, seria esperado, incidentalmente, que ela subsumisse todas as considerações da filosofia moral – e especialmente uma substituição completa do utilitarismo por um alternativa intrinsecamente neorreacionária – mas não vou presumir que esta seja uma posição incontroversa, mesmo entre nós.)

– Inextricáveis, em última análise, do anterior (na realidade), mas provisoriamente distinguidos por propósitos analíticos, são os tópicos teleonômicos de emergência / ordem espontânea, coordenação não planejada, evolução de sistemas complexos e dissipação de entropia. A supremacia intelectual destes conceitos define a direita, do lado da tradição libertária. Esta supremacia deve agora ser usurpada (pela ‘hierarquia’ ou alguma alternativa)? Se sim, não é uma transição a ser sofrida casualmente. A posição deste blog: qualquer transição dessas seria uma drástica regressão cognitiva e insustentável, de maneira tanto teórica quanto prática.

– A filosofia da guerra, que está posicionada de maneira crível para envolver todas as ideias neorreacionárias e até mesmo para convertê-las em alguma outra coisa. (Não é nenhuma coincidência que Moldbug, assim como os libertários, axiomatize o imperativa da paz – mesmo às custas do realismo.) A guerra é realidade histórica em estado bruto, e seus desafio não podem ser evadidos indefinidamente.

– Cosmopolitismo. A ênfase na saída implica fortemente em uma crise da lealdade tradicional, de enorme consequência. Há muito mais a ser dito sobre isto, de ambos os lados.

– Aceleracionismo. Ainda não uma preocupação Neorreacionária reconhecida, mas talvez destinada a se tornar uma. Enquanto pura expressão da teleologia capitalista, sua intrusão no argumento se torna quase inevitável.

– Bitcoin…

Um ponto conciliatório, por ora (está tarde): A Neorreação não tem menos cola do que fissão interna, e isto é descrito sobretudo pelo tema da secessão (geografia dinâmica, governo experimental, fragmentação…) More Right não é anti-capitalista e este blog não é anti-monárquico, contanto – em cada caso – que opções de saída efetivas sustentem a diversidade de regimes. Conforme essa controvérsia se desenvolver, a importância do impulso secessionista apenas se fortalecerá como ponto de convergência.

Michael Anissimov twita: “Em vez de fazer uma eleição em 2016, os Estados Unidos deveriam voluntariamente se abolir e se dividir em cinco pedaços”. A este respeito, este blog é incondicionalmente Anissimovita.

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Teleologia e Camuflagem

A vida parece estar saturada de finalidades. É por isso que, antes da revolução darwinista na biologia, elas foram a provocação primária de argumentos (teleológicos) de desígnio e anteriormente nutriram apelos aristotélicos a causas finais (teleologia). Mesmo pós-Darwin, as ciências biológicas continuaram a perguntar para quê as coisas são e a investigar as estratégias que as guiam.

Esta resiliência da inteligibilidade propositada é tão marcada que um neologismo foi cunhado especificamente para esses fenômenos – em grande parte coextensivos ao campo do estudo biológico – que simulam a teleologia em um grau extremo de aproximação. ‘Teleonomia’ é mecanismo camuflado como teleologia. O disfarce é tão profundo, difundido e convincente que legitima a perpetuação de descrições baseadas em propósitos, dado apenas o reconhecimento formal de que os termos de sua redutibilidade última sejam – em princípio – entendidos.

Quando organismos são camuflados, ‘a fim de’ parecerem como algo além daquilo que são, uma explicação propositada e estratégica ainda parece (quase) inteiramente apropriada. Seus padrões são enganações – ‘projetadas’ para desencadearem falsos reconhecimentos em predadores e presas e talvez, igualmente, em um nível mais profundo, entre os naturalistas que não conseguem deixar de ver desígnio estratégico na aparência de galho de um inseto (não menos claramente do que um pássaro vê um galho). Ao reduzir a vida ’em verdade’ a mecanismo, a biologia redefine a vida como simulação, que sistematicamente esconde o que ela realmente é. O darwinismo continua sendo contra-intuitivo, mesmo entre darwinistas, porque a enganação é inerente à vida.

A ciência natural moderna concebe o tempo como a dimensão assimétrica. Suas duas grandes ondas – de causação mecânica (a partir do século XVI) e de causalidade estatística (a partir do século XIX) – ambas orientam a linha do tempo como uma progressão de condições para condicionados. Estados posteriores são explicados pela referência a estados anteriores, com a explicação equivalendo a uma elucidação de dependência do que veio antes.

É notável e inteiramente previsível, portanto, que, como tópico científico moderno, a origem do universo seja esmagadoramente privilegiada à sua destinação. Como o universo acaba é dificilmente mais do que uma reflexão tardia, anuviada em incerteza liberalmente tolerada e até mesmo em uma pitada de não-seriedade. Origens são o santo graal da investigação de espirito mecanicista, ao passo que Fins são suspeitos, medievais, especulativos… e enganadores.

Não se poderia esperar que ciência empírica adotasse qualquer outra atitude, dada a assimetria temporal da evidência. O passado deixa traços, em memórias, memorandos, registros e restos, ao passo que o futuro não nos diz nada (a menos que fortemente disfarçado). Do passado-para-o-presente, há uma cadeia de evidências que pode ser laboriosamente reconstruída. Do futuro-para-o-presente, há uma trilha sem marcas ou mesmo (como a racionalidade moderna tipicamente supõe) nenhuma trilha que seja.

Quando a ciência moderna cede à sua tendência de interpretar a linha do tempo como um gradiente de realidade, ela não está inovando, mas metodicamente sistematizando uma antiga intuição. O passado tem que parecer mais real do que o futuro, porque ele realmente aconteceu, ele nos alcança, e nós herdamos seus sinais. Da perspectiva da filosofia, contudo, este viés é insustentável. O tempo em si mesmo não é nenhum pouco ‘mais denso’ no passado ou no presente do que no futuro, suas bordas não podem pertencer a qualquer momento no tempo, e o que ele ‘é’ só pode ser perfeitamente trans-temporal. O tempo em si mesmo não pode ‘vir’ de uma ‘origem’ cujo sentido todo pressupõe a ordem do tempo.

A filosofia está inteiramente, eternamente e rigorosamente confiante de que o Lado de Fora do tempo não foi simplesmente antes. Ela é compelida a ficar hesitante quanto a qualquer ‘história do tempo’. Da realidade nua do tempo (como aquilo que não pode simplesmente ter começado), se ‘segue’ que causas últimas – aquelas consistentes com a natureza do tempo em si mesmo – não podem ser nenhum pouco mais eficientes do que finais. A supressão assimétrica da teleologia na modernidade começa a parecer como se fosse uma ilusão bem mais profundamente enraizada, ou – abordada a partir do outro lado – uma ocultação, decorrente da maneira em que o tempo ordena a si mesmo. O tempo (em si mesmo) é camuflagem.

O mito do Exterminador do Futuro explora esse complexo de suspeita, de forma popular. O tempo não funciona como parecera. O Fim pode chegar de volta à nós, mas quando o faz, se esconde. Mecanismos malignos são paradoxalmente alinhados com a causação final, na auto-realização da Skynet. O maquinário robótico é mascarado por carne falsa, simultaneamente ocultando sua vitalidade não-biológica e a reversão do tempo. Ele simula a vida a fim de exterminá-la. Através da auto-produção, ou ‘paradoxo de bootstrap‘, ele imita o limite da não-linearidade cibernética, levando a teleonomia à perturbação radical do tempo.

Em todas estas maneiras, O Exterminador do Futuro explora as tensões insolúveis na formação moderna do tempo, como condensadas por um ‘impossível’ mecanismo estratégico, nativo do auto-produtivo tempo-em-si-mesmo e que termina em eficiência final. Ele nos mostra, confusamente, o que somos incapazes de ver. Para citar erroneamente Lênin: Vocês modernos podem não estar interessados no Fim, mas o Fim está interessado em vocês.

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Tecno-Comercialismo Sombrio

Cada uma das três principais estirpes da neorreação, na medida em que sejam remotamente sérias, se apega a algo que nenhuma política poderia absorver.

A realidade de um comprometimento religioso não pode ser dissolvida em suas implicações políticas. Se ele estiver errado, não é por causa de nada que a política possa fazer a ela ou fazer dela. A Providência ou envolve a história e a ideologia, sutilmente fazendo fantoches de ambas, ou não é nada. Não importa o quão ruim as coisas fiquem, ela oferece uma ‘razão’ para não ter medo – pelo menos disso – e uma que a degeneração não tem qualquer maneira de tocar, muito menos de controlar.

Similarmente, as verdades darwinistas subjacentes às convicções etno-nacionalistas racionais são invulneráveis à reversão ideológica. Uma tendência à entropia racial e à idiocracia, não importa o quão culturalmente hegemônica e inquestionável, não deixa de ser o que é simplesmente porque a crítica foi criminalizada e suprimida. Objeções científicas têm significância – se forem de fato científicas (e não, em vez disso, a corrupção da ciência) – mas a negação politicamente imposta é uma comédia de mau gosto, flanqueada fundamentalmente pela própria realidade e desviando eventos para dentro de ‘resultados perversos’  que subvertem a ilusão a partir do exterior. Aquilo sobre o que o darwinismo fala não pode ser banido.

A ‘coisa’ Tecno-comercial – catalaxia – é invulnerável de maneira comparável. Não há qualquer chance de que qualquer um, em tempo algum, proibirá com sucesso o mercado ou a dinâmica associada de vantagem técnica competitiva (que juntos compõem o capitalismo real). Assim como a religião e a seleção genética, o complexo tecno-comercial pode empurrado para a escuridão, socialmente ocultado e estigmatizado como um inimigo público. Ele não pode, contudo, ser des-efetuado por decreto político.

É importante, portanto, entender aonde os ‘pensamentos sombrios’ neorreacionários levam. Seu horizonte de desespero é estritamente limitado ao político, ou esfera pública. Quando levados ao extremo, eles convergem com a intuição de que nenhuma política neorreacionária pode ser perseguida a uma conclusão bem-sucedida. Em outras palavras, em sua forma mais sombria, eles preveem que a teimosa ilusão do político condena as aspirações público-esotéricas da humanidade à catástrofe.

Neste ponto, a neorreação se bifurca. Como quer que ela seja compreendida de maneira principal (através da tricotomia), um ramo relativamente ‘leve’ se agarra ao prospecto de internalidade público-política – de um mundo politicamente reestruturado em relativa consonância com as ideias neorreacionárias, de tal modo que a ordem social pudesse ser retomada, sobre uma base realista. Alternativamente, e não menos tricotomicamente, um ramo sombrio aponta para fora, através do colapso, para tratos de inevitabilidade religiosa, biológica e/ou catalática, cujas dinâmicas lançam a ilusam humana em ruína terminal. Se o ‘homem’ nunca (mais) reverter à sanidade? A realidade não parará.

Este blog é mais sombrio do que é tricotomicamente partidário. Nem a providência real, nem a realidade darwinista são anexos que provocam a mínima aversão nestas partes. A ideia de que a neorreação jamais ‘fará’ política ou alcançará status de interno, por outro lado, – exceto como uma tática retórica de independência cognitiva (separação) – é uma possibilidade que nos esforçamos para conceber. (Isso deixar muito sobre o que se argumentar, em outras ocasiões.)

O Tecno-Comercialismo Sombrio – provisoriamente resumido – é a suspeita de que a ‘Singularidade da Direita’ está destinada a ocorrer em relação sub-reptícia e antagônica à instituições políticas finalísticas, que a Catedral culmina no Sistema de Segurança Humana, superada e derrotada a partir do exterior, e que todas as esperanças de que essas potencialidades históricas derradeiras serão aproveitados para fins politicamente inteligíveis são vãs. É, portanto, a compreensão do capitalismo ’em-si’ como um estranho que nunca conhecerá a – ou precisará da – representação política. Em vez disso, como um inimigo derradeiro, ele envolverá a totalidade da filosofia política – incluindo qualquer coisa que a neorreação possa contribuir para o gênero – como as fúteis iniciativas estratégicas (ou espasmos de morte) de sua presa.

Nós (humanos) somos radicalmente teimosos em nossa estupidez. Isto tem consequências. Talvez elas não sejam sempre interessantes.

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