Guerras Zumbi

Zumbis são visado com antecedência para a aplicação de uma violência desinibida. Sua chegada anuncia um conflito no qual todas as considerações morais são definitivamente suspensas. Uma vez que eles não têm ‘almas’, não há nada que não façam, e se esperar que façam o pior. Reciprocamente, ele merecem exatamente zero preocupação humanitária. A relação com o zumbi é uma na qual toda a simpatia é anulada de maneira absoluta (殺殺殺殺殺殺殺).

Não é nenhuma surpresa, então, que a identificação do zumbi tenha se tornado um conflito crítico, travado através do terreno da cultura popular. Ela descreve uma zona de fogo livre, ou um gradiente antecipado na direção social da violência. Os zumbis ou são ralé ou são drones.

Michael Hampton esboça essas alternativas de maneira convincente:

Historicamente, o zumbi só começou a migrar para além dos confins do Haiti no período entre a Quebra da Bolsa de Nova York e a eclosão da Segunda Guerra Mundial, infectando Hollywood em filmes tais como The Magic Island, 1929, White Zombie, 1932 e Revolt of the Zombies, 1936. Como um monstro não-europeu, o zumbi foi usado aqui como um tipo conveniente e sem face de alteridade, que, embora temporariamente desprovido de suas associações canibais do século XIX, se tornou um assustador substituto para as subclasses despojadas da América das tempestades de areia, e uma ameaça racial às mulheres brancas civilizadas também. (“Extermine os brutos”)

Ao passo que a contraparte horrorológica, da maneira em que é percebida / construída pela Esquerda…

…veio a figurar como um símbolo fatídico da massa de tecno-humanos sem subjetividade sob o capitalismo, lumpen-não-seres de pesadelos, cuja alteridade havia sido completamente internalizada, e depois suavizada, e devolvida com juros descontados como um entretenimento desalmado; não tanto mortos-vivos quanto hipermediados e vivos sob uma restrição globalizada severa; sedentários gravemente afligidos pela ‘síndrome de cadáver que respira’ ou ‘síndrome do parcialmente morto’. Voyeur hipócrita, você se reconhece?

Como quer que a guerra contra os zumbis seja vislumbrada, a guerra pelos zumbis tem estado há muito em andamento. É inextricável da questão: A violência legítima vem da Direita ou da Esquerda?

Uma vez que esta questão é historicamente inextinguível, é seguro prever que os zumbis não desaparecerão tão logo do mundo do pesadelo popular. Quase certamente, veremos bem mais deles. Se você quiser tem um sentimento de onde as linhas de tiro estão sendo colocadas, você precisa dar uma olhada cuidadosa…

Original.

Zack-Pop II

A política de Zack é interessante o suficiente para ter gerado preocupação:

A lógica do apocalipse zumbi inevitavelmente pinta os humanos – os que sobrevivem, de qualquer forma – como egoístas, perigosos e prontos para se voltar uns contra os outros quando confrontados com dificuldades. É uma visão perversa e darwinista social de uma sociedade que se desvenda rápida e facilmente; as únicas coisas que aparentemente nos mantém juntos são departamentos de polícia e a eletricidade. […] …Os princípios básicos da lógica zumbi também seguem princípios conservadores da linha dura (auto-suficiência, individualismo, isolacionismo), que têm sido cada vez mais forçosamente articulados ao longo dos últimos quinze anos. Em seu livro de 2012, Thomas Edsall examina o trabalho do professor Philip Tetlock de Wharton, que descobriu que os conservadores “toleram menos compromissos; vêem o mundo em termos de ‘nós’ versus ‘eles’; estão mais dispostos a usar força para ganhar uma vantagem; são mais ‘propensos a confiar em regras avaliativas simples (bom vs. mau) ao interpretar questões de política’; estão motivados a punir violadores de normas sociais (por exemplo, desvios das normas tradicionais de sexualidade ou comportamento responsável) e a dissuadir caroneiros”. Soa familiar? Basicamente descreve o compasso moral de sobreviventes bem-sucedidos de zumbis. Engraçado, então, que os Republicanos, na verdade, tendam a odiar The Walking Dead. […] Independentemente disso, a proliferação da cultura zumbi, neste momento, é incompreensível. Como ainda estamos, enquanto público, fascinados pelo mesmo cenário, os mesmos vilões com morte cerebral, os mesmos desertos esvaziados? “Está se alimentando de si mesmo”, disse [Daniel] Drezner. “Toda vez que alguém diz que atingimos o pico dos zumbis, alguma outra vem junto”.

A hipótese provisória do XS: a preparação para Zack é a resposta comercial-estética à morte do conservadorismo. Os progs não podem ser parados por nenhum mecanismo político já instalado, então é hora de estocar o porão com munição e feijões. Naturalmente, eles vão dizer: você não deveria estar pensando assim! É encorajante que tantas pessoas estejam.

Original.

Zack-Pop

Michael Totten cobre uma quantia impressionante de terreno em seu resumo da cultura zumbi contemporânea. Poderia ser chamada de Antropoceno Sombrio: Um mundo emergente assombrado pelo medo espesso de que todo o resto do planeta é uma ameaça zumbi latente. Debaixo de um pele de civilidade fina e que facilmente de rasga, seus vizinhos cada vez mais incompreensíveis são canibais sem mente, aguardando um desencadeamento. Estados-Nação disfuncionais não oferecem nenhuma proteção crível, mas estiveram por aí por tempo o bastante para garantir que você tenha sido drasticamente desarmado das competências básicas de sobrevivência. Algum pulso de amídala residual está lhe dizendo para começar a pensar como você vai lidar quando tudo finalmente vier abaixo.

Não é surpresa para ninguém que este blog vê isso, de forma bastante direta, como introspecção democrática. Só é necessário que as pessoas comecem a se banquetear da mesma maneira em que votam, e estamos zackados. Toda a cultura está dizendo – e agora praticamente gritando – que essa é a forma em que a modernidade sócio-política acaba.

Original.

Futuro Zackado

obamazombies

Charlton:

A Revolução Industrial teve o efeito de permitir que muitos bilhões de pessoas que teriam morrido ficassem vivas – isto significou que mutações genéticas que teriam sido eliminadas pela morte durante a infância, em vez disso, se acumularam. […] …por um lado, as mutações têm se acumulado, geração a geração, com (aprox.) um ou duas mutações deletérias sendo adicionadas a cada linhagem a cada geração; pelo outro, as pessoas que exibiam traços causados por mutações deletérias – tais como inteligência reduzida e conscienciosidade de longo prazo debilitada, ou maior impulsividade, agressão e criminalidade – foram positivamente selecionadas, foram geneticamente favorecidas – simplesmente porque suas patologias significavam que elas eram incapazes ou relutantes em usar tecnologias reguladoras de fertilidade. […] Em outras palavras, o acúmulo de mutações que prejudicam a funcionalidade, na verdade, amplifica o sucesso reprodutivo sob as condições atuais e durante várias gerações passadas.

Em algum ponto, a proporção de mutantes – que são, em média, significantemente debilitados em funcionalidade – se tornará tão grande que a Revolução Industiral desmoronará, colapsará; o excesso populacional de 6-7 bilhões será insuportável; haverá uma escala Giga de mortes (isto é, bilhões de mortes) de mortalidade ao longo de um período… […] Uma população de mutantes cuja inteligência tenha sido arrastada para baixo até um certo nível será muito menos funcional do que uma população em que a seleção a manteve em equilíbrio nesse nível – os mutantes carregarão múltiplas patologias além de sua inteligência debilitada. […]

Esse mundo de morte em massa fornecerá um novo tipo de ambiente seletivo – alguns mutantes podem se reproduzir muito rapidamente sob essas condições estranhas (e temporárias), ao evoluir para explorar recursos incomuns que estão (temporariamente) em abundância em um mundo de Giga-morte…

E se a extinção durar algumas gerações, alguns ‘carniceiros’ mutantes esquisitos podem vir a dominar em alguns lugares.

É possível que esta passagem não esteja nos arrastando para um cenário de Zack ou “Raiva Africana” de Apocalipse Zumbi canibal – ou quase – mas os parágrafos finais são não fáceis de se interpretar de qualquer outra maneira. Se eu fosse um roteirista de Hollywood, eu estaria sobre essa narrativa especulativa como um mutante carniceiro sobre uma montanha de cadáveres.

Original.

Zackado

Embora, sem dúvidas, seja lisonjeiro ser o alvo de uma artigo de opinião brutal, preguiçoso e desonesto, também é vagamente irritante. Kuznicki não poderia ter alimentado a fogueira com ódio o suficiente com a rejeição da democracia, simpatias pela BDH, anti-igualitarismo, fundamentalismo de mercado, desintegracionismo, e o sussurar de Shoggoth, sem também inventar um monte de coisas?

De qualquer maneira, apenas para registro:

* Eu não sou um proponente do “‘realismo’ racial nacionalista branco”.
* Em nenhum lugar eu “argumento que o nacionalismo branco e o liberalismo de mercado de alguma forma são indissociáveis”.
* Eu nunca fiz um “argumento contra os mercados” de qualquer tipo, muito menos de que eles “estão por trás da democracia com um veto tirânico e imprevisível” [o que quer que isso signifique]
* Eu nunca promovi a “pureza racial”

Sem dúvidas, há uma série de pessoas que aparecem aqui que desejam que eu fizesse alguns desses argumentos, e, ao me distanciar delas, eu não estou querendo endossar a sugestão de Kuznicki de que eles são meros insultos.

Este tipo de situação tende a estressar a objetividade, de modo que não vou fingir um perfeito equilíbrio quanto ao assunto. Parecem haver lições, no entanto, de uma natureza bastante geral.

Para começar, o problema do ‘engajamento’ com a mídia é real, que só pode ficar mais premente, em estrita proporção com o ‘sucesso’. Eles têm que vir atrás de Mencius Moldbug, em algum ponto, na medida em que qualquer coisa interessante estiver sendo preparada, então provavelmente haverá mais testes de execução contra alvos secundários. Toda a questão da seleção de alvos é potencialmente interessante, mas não tenho nenhum conhecimento especial para compartilhar sobre esse tópico neste momento.

Claramente, eu tive muita sorte nesse caso. A China não parece ser compatível com a Catedral (como Stirner aponta na excelente seção de comentários), então a pressão social direta está seriamente embotada. Kuznicki não é nem a faca mais afiada na gaveta, nem um pitbull, então fraqueza tem sido a impressão ‘dominante’. O site do qual ele posta, apesar de seu estilo de revista, é bestante incrivelmente marginal – o tráfego deste pequeno blog para o seu tem corrido de duas a três vezes ao contrário (o que eu nunca teria imaginado – eles têm dez contribuidores listados lá). O Umlaut também permite comentários, o que tem sido um fisco completo para eles desta vez (dê uma olhada). Todos os visitantes têm detonado Kuznicki, e usado o sistema de upvote/downvote para quantificar o argumento. Estou enviesado, mas achei isso absolutamente hilário. Vale a pena notar, contudo, que a máquina midiática da esquerda tem retirado suas seções de comentários, que os torna bem mais efetivos como máquinas de ataque livres de represálias. Finalmente, o Twitter têm sido um recurso extraordinário. É um componente absolutamente crítico de nossa capacidade de nos defender.

Reunindo tudo isso: Temos que aprender, nos preparar e antecipar. As lutas por vir valem a pena acertar. Qualquer depressão fatalista sobre o poderio de nossos inimigos é tanto derrotismo auto-realizador quanto, em medida considerável, simplesmente falso. Não há qualquer razão para pensar que o ‘destino’ da mídia está sob seu controle ou mesmo que suas tendência são, em geral, favoráveis a eles. A prática é nossa amiga. Essas coisas vão importar cada vez mais. A sorte não vai sempre estar tão obviamente de um lado só.

ADICIONADO: Jason Kuznicki é magnânimo o suficiente para escrever isto. Aprecia-se.

Original.

Fome Zumbi

O Psykonomist encaminhou (pt) um extraordinário ensaio sobre o tópico do apetite popular pelo Apocalipse Zumbi, considerado como um canal expressivo para uma hostilidade vagamente ‘anarquista’ ao estado. Dada a falha das iniciativas democráticas do polo Direito em reverter – ou sequer restringir – as implacáveis concentração e expansão governamentais, ‘soluções’ catastróficas emergem como a única alternativa:

Filmes e programas de televisão têm permitido que os americanos imaginem como seria a vida sem todas as instituições que lhes disseram que eles precisam, mas que eles agora suspeitam que podem estar frustrando sua autorrealização. Estamos lidando com uma ampla variedade de fantasias aqui, principalmente nos gêneros do horror e da ficção científica, mas o padrão é bastante consistente e impressionante, atravessando distinções genéricas. No programa de televisão Revolution, por exemplo, algum evento misterioso faz com que todos os dispositivos elétrico ao redor do mundo deixem de funcionar. O resultado é catastrófico e envolve uma enorme perda de vida, conforme aviões em pleno ar se chocam contra a terra, por exemplo. Todas as instituições sociais se dissolvem, e as pessoas são foçadas a confiar em suas habilidades  pessoais de sobrevivência. Governos ao redor do mundo colapsam, e os Estados Unidos se dividem em uma série de unidades políticas menores. Este desenvolvimento contraria tudo que temos sido ensinados a acreditar sobre “uma nação, indivisível”. Ainda assim, é característico de quase todos esses programas que o governo federal esteja entre as primeiras baixas do evento apocalíptico e – por mais estranho que isso possa parecer a princípio – que haja um forte elemento de realização de desejos neste evento. A força destes cenários de fim do mundo é precisamente o governo ficar menor ou desaparecer inteiramente. Esses programas parecem refletir um sentimento que o governo ficou grande e distante demais das preocupações dos cidadãos comuns e indiferente às suas necessidades e exigências. Se o Congresso e o Presidente são incapazes de diminuir o tamanho do governo, talvez uma praga ou uma catástrofe cósmica possam fazer algum corte real de orçamento para variar.

O ensaio captura uma dimensão crítica de desintegração dentro do ‘campo reacionário’, que divide aqueles que buscam cooptar a elite gerencial da Catedral-Leviatã para uma filosofia política mais realista (ou tolerante à tradição) e aqueles que – bem mais numerosa e desarticuladamente – estão investidos na morte dura do regime. A última posição (imoderada), parece, é genuinamente e até mesmo chocantemente popular. Grupos de produção de entretenimento em massa são capazes de prosperar com base em seus pesadelos sedutores. (Seria o catastrofismo pulp é a base econômica que apoiará o contágio neorreacionário?)

Ler o ensaio de Cantor junto com o histórico ensaio Natural Law and Natural Rights de Jim Donald é altamente sugestivo. Um fio condutor comum a ambos é a centralidade do vigilantismo para a Direita popular. O propósito da Lei Natural, Donald argumenta, não é exigir justiça de uma autoridade superior, mas neutralizar a interferência de qualquer autoridade desse tipo na busca da justiça por parte de agências descentralizada. A Lei Natural protege o direito de vingança legítima, garantindo que os indivíduos não sejam inibidos no seu exercício da auto-proteção. Quando o se vê o Estado operar primariamente como uma força social que defende os criminosos contra a retaliação, ele perde a solidariedade instintiva dos cidadãos, e sonhos sombrios de um Apocalipse Zumbi começam a se amalgamar.

Dada a ética sobrevivencialista em todos esses programas sobre o fim do mundo, eles provavelmente não são populares com os defensores controle de armas. Um dos motivos mais impressionantes que eles têm em comum – evidente em Revolution, Falling Skies, The Walking Dead e muitos outros programas do tipo – é o cuidado amoroso com o qual eles descrevem um espantoso conjunto de armas. The Walking Dead apresenta uma guerreira amazona, que é adepta de uma espada samurai, assim como um redneck sulista, que se especializa em uma besta. A oferta cada vez menor de munições coloca um prêmio nas armas que precisam de balas. Isso não quer dizer, contudo, que The Walking Dead não tenha lugar para armas de fogo modernas e, com efeito, para o que há de mais recente em armas automáticas. Tanto os heróis quanto os vilões na série – difíceis de diferenciar a este respeito – estão tão bem armados quanto o time local da SWAT na América contemporânea.

Entre as atrações do Apocalipse Zumbi, nesta construção, está o desaparecimento do Estado enquanto um fator inibidor na economia social da retaliação. O mundo empesteado de zumbis é uma zona de fogo livre, na qual não há mais nenhuma autoridade entre os remanescentes armados e as hordas triturantes de descivilização. Quaisquer que sejam as probabilidades da luta por vir, o direito à violência vigilante e contra-revolucionária foi inequivocamente restaurado e isto é profundamente apreciado – por um impulso popular opaco – como um returno à ordem natural. O Estado havia tomado partido contra a Lei Natural, de modo que sua extirpação do campo social é saudada com alívio, mesmo que o custo deste desaparecimento seja um mundo reduzido a cinzas, predominantemente populadas pelos mortos-vivos canibais.

Há uma ferocidade nisto que será trabalhada. É melhor estar preparado.

Original.

Notas de Citação (#23)

Zonbi Diaspora esquematiza a ‘evolução’ do zumbi, notando que, para além de sua definição ‘folclórica haitiana’:

O próximo estágio, ostensivamente “revolucionário”, ocorre depois do lançamento da Noite dos Mortos-Vivos (1968) de George A. Romero, que introduziu, de maneira espetacular, o zumbi Canibal Apocalíptico. Esta versão da figura é tão radicalmente diferente de suas predecessoras que é mais como um ponto fundamental de bifurcação (ou quebra de espécie) dentro do complexo. Não mais um agente-sem-autonomia controlado remotamente, como os zumbis Folclórico Haitiano e Cinemático Clássico, o zumbi Canibal Apocalíptico ganha uma força nova e massivamente insurrecionária (em termos representacionais, pelo menos). Há muitas diferenças entre o zumbi CA e seu predecessores, mas uma das mais importantes é que, nesta forma, ele se torna uma entidade (quase) inteiramente ficcional (isto é, não há nenhum zumbi ‘real’ à espreita no porão de um hipnotizador louco ou trabalhando inconscientemente para um bokor em alguma plantação haitiana). Como tal, seus significados social e político se tornam menos uma maneira de ensaiar visões de mundo conflitantes, sistemas de crença “sinistros” ou epistemes interculturais do que uma maneira de representar os fins terminais da “humanidade” (ou do ser humanos enquanto espécie).

(Na momento em que chegamos a Max Brooks, esta fase e mesmo sua sucessora ‘pós-Millenial’ – na qual o tema do contágio é acentuado – se consolidaram como tradição cultural.)

Original.