Turbilhões

Esta aplicação emotiva, mas ainda assim largamente convincente da teoria geracional de Strauss & Howe dos ciclos históricos às recentes manchetes jornalísticas é um lembrete da inevitabilidade do contar de estórias. (Este blog tocou neste conto em particular antes.)

A Catedral é sobretudo uma meta-estória, uma usurpação secular-revolucionária da ‘Grande Narrativa‘ tradicional do Ocidente (herdada do monoteísmo escatológico), e sua sobrevivência é inseparável da preservação da credibilidade da narrativa. Conforme ela se desgasta, estórias alternativas obtém um nicho. A descrição de Strauss & Howe do padrão histórico rítmico é altamente competitiva em um ambiente desses. Eventos que subtraem da plausibilidade das expectativas progressistas são exatamente aqueles que fortalecem agouros de um iminente ‘inverno’ cíclico. O inverno está chegando, como popularizado pelo Game of Thrones, poderia ter sido projetado como uma ferramenta promocional para A Quarta Virada.

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O Anarchopapist começa suas mais recentes reflexões sobre ‘O Projeto Neorreacionário’ se perguntando “O que é um meme?”. É um ponto de partida melhor, neste contexto do que a questão Quão corretos Strauss & Howe estão?. A memética subsume questões de aplicação factual (enquanto aspectos do fitness adaptativo), mas se estende para além delas. O meme bem sucedido é caracterizado por traços estéticos irredutíveis à adequação representacional, desde a elegância da construção até a forma dramática. De maneira ainda mais importante, ele é capaz de operar como um fator causal em si e, assim, produzir os próprios efeitos aos quais se acomoda. Uma sociedade fascinada por sua passagem pelo portão de inverno de uma quarta virada estaria, em grande medida, encenando a mesma produção teatral que suas “crenças” haviam antecipado.

Entre as maiores forças meméticas da estória de Strauss & Howe está seu senso notavelmente concreto de cronometragem. Ela oferece datas prospectivas, dentro de uma gama preditiva estreita que narrativas alternativas estão sob grande pressão de igualar, em consonância com a sua pretensão de ter identificado ‘estações’ históricas. As antecipações dos enredos contemporâneos marxistas, singularitários ou eco-catastróficos são inequivocamente nebulosas em comparação. (Notavelmente – a NRx não tem, até o momento, qualquer teoria formulada que seja para apoiar predições com datas.)

Entre as funções de travamento meméticas mais significantes está um enxerto de confiança. Qualquer vírus cultural que comunique um sentido definitivo do que está por vir descobre que a tolerância do hospedeiro é relativamente fácil de se obter. A história do milenarianismo (precisamente datado) atesta isso de maneira esmagadora, com o corolário de que uma vulnerabilidade à falsificação subsequente está necessariamente implicada. Em alguma medida definitiva, tal sensibilidade à contradição empírica também tem que se aplicar no caso de Strauss & Howe, apesar dos fatores complicadores da auto-confirmação contagiosa já notados.

Como S&H profetizam no livro:

Em algum momento antes do ano 2025, a América passará por um grande portal na história, comensurável com a Revolução Americana, com a Guerra Civil e com as emergências gêmeas da Grande Depressão e da Segunda Guerra Mundial. […] O risco de uma catástrofe será muito alto. A nação poderia irromper em insurreição ou violência civil, rachar-see geograficamente ou sucumbir a um governo autoritário. Se houver guerra, provavelmente será uma de riscos e esforços máximos – em outras palavras, uma GUERRA TOTAL.

É esta previsão admiravelmente determinada, em combinação com o conteúdo agourento, que empresta a esta obra sua influência sobre a imaginação apocalíptica de nosso tempo.

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Reunir expectativas para a ‘Quarta Virada’ é parte da paisagem memética na qual a NRx se encontra e, assim, é um fato intricado e estrategicamente relevante. Um estória consistente e convincente sobre elas seria valiosa – e, quase certamente, no prazo relativamente curto pelo menos, cada vez mais valiosa.

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1930-e-poucos

A história nunca se repete, mas rima, assim diz o sugestivo aforismo (falsamente?) atribuído a Mark Twain.

James Delingpole escreve no Daily Telegraph:

…você já tentou ler revistas ou jornais privados dos anos 1930? O que vai te surpreender é que, até o último minuto – até o momento de fato em que a guerra realmente eclodiu – mesmo os comentadores e escritores mais perspicazes e informados se agarravam à ilusão de que as coisas de alguma forma iriam dar certo. Eu realmente espero que a história não esteja prestes a se repetir. Infelizmente, a lição da história é que, vezes demais, ela o faz.

Tem muito disso por aí.

Para um relato teórico de como a história poderia rimar, em um ciclo sinistro de 80 anos, há um modelo geracional que  o tom. “Strauss & Howe estabeleceram que a história pode ser decomposta em Saeculums de 80 a 100 anos, que consistem de quatro viradas: O Ponto Alto, O Despertar, O Desvendamento, e a Crise.” De um ponto de vista filosófico, parece um pouco sub-potenciado, mas sua plausibilidade cresce a cada mês.

Entre as anomalias de Shanghai está uma relação peculiar com os anos 1930. Para a cidade além da Concessão Internacional, a década caiu em desastre quando as hostilidades sino-japonesas eclodiram em 1937. Ainda assim, o período precedente não foi marcado por depressão, mas por um Alto Modernismo exuberante. Datas dos anos 1930 que em muito do mundo pareceriam distintamente sinistras estão expostas nas construções históricas da cidade como uma marca da autenticidade da Era Dourada. Para a mente paranoica, isso se encaixaria perfeitamente no mesmo esquema de rima perturbador de hoje.

Na maior parte do mundo rico, a decadência econômica, política e cultural pareceu – retrospectivamente – pressagiar o cataclisma vindouro, como se nada menos pudesse sacudir sistemas sociais exauridos de sua implacável trajetória descendente. Em quase todo lugar, alguma versão do pensamento fascista foi apreendida como o antídoto para o mal-estar que se congregava de maneira implacável. Por debaixo da superfície da ordem geoestratégica global, placas tectônicas em deslocamento acumulavam uma intolerável tensão. Sistemas monetários degenerados se despedaçaram em redemoinhos incontroláveis de sinais desfuncionais.

Ainda assim, é inteiramente possível que não haja nada com o que se preocupar:

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ADICIONADO: “Se você ouvir ecos dos anos 1930 na capitulação em Genebra, é porque o Ocidente está sendo liderado pelo mesmo tipo de homens, mas sem os guarda-chuvas.” (Estou ouvindo ecos dos anos 1930 em basicamente todos os lugares.)

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Exumação

Eles o haviam enterrado fundo, tremendo o tempo todo, espalhando seus encantamentos de proteção sobre o túmulo amaldiçoado, como se para sepultar suas memórias ali, enterrando tudo que haviam sabido no barro infinitamente indulgente. O que eles imploravam silenciosamente para esquecer, acima de tudo, era profecia de que, quando as estrelas estivessem certas, ele – aquilo – retornaria para alguma conclusão horrível. O tempo passou, na medida exata que sempre fora necessária, até que a noite sem lua veio, sem anúncio e sem o agito da menor das brisas, quando as estrelas estavam – em fato gelado e brilhante – perfeita e impiedosamente certas

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Uma Escuridão Mais Profunda

No ponto em que as pessoas começaram a falar sobre “um efeito positivo da Peste Negra”, elas percebem o quão longe elas descenderam às sombras? O horror hardcore da análise malthusiana sempre tem algumas novas profundidades para sondar.

A ideia de que os padrões de vida europeus se elevaram após o ‘alívio’ da pressão malthusiana oferecido pela peste bubônica está longe de ser nova. É até mesmo algo que se aproxima de um fato incontroverso da história econômica. Dar um passo a mais, contudo, e atribuir a ascensão do Ocidente à sua devastação epidêmica na metade do século XIV é vagar em tratos inexplorados de misantropia glacial. A Europa teve sorte o suficiente de que pessoas o suficiente morreram.

A implicação malthusiana (sistematizada por Gregory Clark), de que apenas a mobilidade social descendente é compatível com tendências eugênicas, é um pensamento sombrio no qual eu toquei ocasionalmente, mas ainda tenho que me fixar firmemente. A ideia de uma destruição populacional massiva como uma dádiva no desenvolvimento, em qualquer situação na qual as taxas de crescimento econômico caiam abaixo da fertilidade média (eu simplifico), leva o Iluminismo Sombrio a todo um novo nível.

Como nota de rodapé, ela levanta a questão: A Grande Divergência foi eugênica para o Extremo Oriente (que ficou para trás) e disgênica para o Ocidente (que seguiu adianta)? A prosperidade econômica é essencialmente uma destruidora de genes?

Eu tendo a ficar do lado dos libertários em sua aversão à economia (keynesiana) de janelas quebradas, mas é de se esperar que tal raciocínio rapidamente desapareça em pura paralisia cognitiva quando as conclusões malthusianas bem mais perturbadoras forem introduzidas. Os libertários já pensam que eles ‘pegaram’ Malthus, como o cara que perdeu a aposta de Simon-Ehlirch – um profeta anti-capitalista verde pregando a restrição populacional.

O Malthus real vai vir como um choque. Ele certamente gela minha espinha.

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Niilismo e Destino

Leitores de Nietzsche ou de Eugene Rose já estão familiarizados com a atribuição de uma teleologia cultural à modernidade, direcionada à realização consumada do niilismo. Nossa crise contemporânea encontra esse tema reanimado dentro de um contexto geopolítico através da obra de Alexandr Dugin, que a interpreta como um condutor de eventos concretos – mais especificamente a antagonização da Rússia por parte de uma ordem liberal mundial em implosão. Ele escreve:

Há um ponto na ideologia liberal que causou uma crise dentro dela: o liberalismo é profundamente niilista em seu âmago. O conjunto de valores defendidos pelo liberalismo está essencialmente ligado a sua tese principal: a primazia da liberdade. Mas a liberdade, na visão liberal, é uma categoria essencialmente negativa: ela reivindica ser livre de (nos termos de John Stuart Mill), não ser livre para, algo. […]…os inimigos da sociedade aberta, que é sinônima da sociedade Ocidental pós-1991 e que se tornou a norma para o resto do mundo, são concretos. Seus inimigos primários são o comunismo e o fascismo, ambas ideologias que emergiram da mesma filosofia Iluminista e que continham conceitos centrais não-individualistas – a classe no Marxismo, a raça no Nacional-Socialismo, e o Estado nacional no fascismo). Assim, a fonte do conflito do liberalismo com as alternativas existentes de modernidade, fascismo ou comunismo, é bastante óbvia. O liberais alegam liberar a sociedade do fascismo e do comunismo, ou seja, das duas grandes permutações de totalitarismo moderno explicitamente não-individualistas. A luta do liberalismo, quando vista enquanto parte do processo da liquidação de sociedades não-liberais, é bastante significativa: ela adquire seu significado do fato da própria existência de ideologias que explicitamente negam o indivíduo como o valor mais alto da sociedade. É bastante claro ao que a luta se opõe: à liberação de seu oposto. Mas o fato de que a liberdade, da maneira em que ela é concebida pelos liberais, é uma categoria essencialmente negativa não é claramente percebida aqui. O inimigo está presente e é concreto. Esse fato mesmo dá ao liberalismo seu conteúdo sólido. Algo além da sociedade aberta existe, e o fato de sua existência é o suficiente para justificar o processo de liberação.

Na análise de Dugin, o liberalismo tende à auto-abolição no niilismo e é capaz de neutralizar esse destino – mesmo que apenas temporariamente – ao se definir contra um inimigo concreto. Sem a guerra contra o iliberalismo, o liberalismo volta a ser nada em absoluto, uma negação flutuando livremente sem propósito. Portanto, a iminente guerra contra a Rússia é uma exigência do processo cultural intrínseco ao liberalismo. É uma fuga do niilismo, o que é dizer: a história do niilismo o propele.

Este blog está bem mais inclinado a criticar Dugin do que a se alinhar com ele, ou com as forças que ele orquestra, mas é difícil negar que ele representa uma espécie definida de gênio político, suficiente para categorizá-lo como um homem do destino. A mobilização da resistência à modernidade em nome de um contra-niilismo é inspirada, porque o entendimento histórico que ela desenha é genuinamente penetrante. Através de uma alquimia política potente, a destruição do significado coletivo é transformada em uma causa revigorante. Quando Dugin argumento que haverá sangue, o apelo a vitimologia eslava poderia ser considerado abjeto (e, claro, extremamente ‘perigoso’), mas a compreensão profética não é fácil de descartar.

A modernidade foi iniciada pela assimilação européia do zero matemático. O encontro com o nada está em sua raiz. Neste sentido, entre outros, ela é niilista em seu âmago. Os frívolos ‘significados’ a que as sociedades em modernização se agarram, como distrações de sua propulsão para dentro do abismo, são indefensáveis contra a ridicularização – e até mesmo contra a repulsa – daqueles que as contemplam com distanciamento. Uma modernidade que evade seu niilismo essencial é uma presa lamentável nas planícies da história. Isto é o que vimos antes, vemos agora e, sem dúvidas, veremos de novo.

Dugin fita a modernidade com os olhos frios de um lobo. É meramente patético denunciá-lo por isso.

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Cibergótico

A última gema sombria de Fernandez abre com:

Quando Richard Gallagher, um psiquiatra certificado e professor de psiquiatria clínica na New York Medical College, descreveu suas experiências no tratamento de pacientes com possessão demoníaca no Washington Post, alegando que tais incidentes estão em ascensão, isso foi recebido com escárnio por muitos comentaristas de jornais. Foi típico “este homem é tão maluco quanto seus pacientes. Sua licença deveria ser revogada.” […] Menos propenso a ter suas credenciais intelectuais questionadas pelos sofisticados do Washington Post está Elon Musk, que alertou uma audiência de que construir uma inteligência artificial era como “invocar o demônio”. …

O ponto, claro, é que você não recebe a segunda eventualidade sem conceder a realidade virtual da primeira. As coisas sobre as quais a ‘superstição gótica’ há muito tem falado são, em si mesmas, exatamente as mesmas que aquelas que potenciais tecnológicos extremos estão escavando da cripta do inimaginável. O ‘progresso’ é uma fórmula tácita para afastar demônios – da consciência, se não da existência – e, ainda assim, ele é, em si, cada vez mais crivelmente, exposto como a superstição mais complacente na história humana, uma que ainda mal é reconhecida como uma crença que necessite de qualquer tipo de defesa.

Como a imprensa alerta o público sobre demônios que surgem de um “algoritmo mestre” sem fazer isso soar como um feitiço mágico? Com grande dificuldade, porque o verdadeiro fundamento da realidade pode não apenas ser mais estranho do que a Narrativa supõe, mas mais estranho do que ela pode supor.

A fé no progresso tem uma afinidade com a interioridade, porque ela se consolida como o sujeito de sua própria narrativa. (Há uma rampa de acesso a Hegel neste ponto, para qualquer um que queira entrar em um bizantino contar de histórias sobre isso.) Conforme o nosso aperfeiçoamento se torna o conto, o Lado de Fora parece se obscurecer ainda além dos limites de sua obscuridade intrínseca – até que caia de volta.

…onde existem redes, existe malware. Sue Blackmore, uma escritora para o The Guardian*, argumenta que memes viajam não apenas através de sistemas similares, mas através de hierarquias de sistemas, para matar processos rivais, todo o tempo. Ela escreve, “a IA repousa sobre o princípio do darwinismo universal – a ideia de que, quando quer que uma informação (um replicador) seja copiada, com variação e seleção, um novo processo evolutivo começa. O primeiro replicador bem sucedido na terra foram os genes.” […] Em tal contexto darwiniano, o advento de um demônio IA é equivalente à chegada de uma civilização extraterrestre à Terra.

Entre uma incursão vinda do Lado de Fora e um processo de emergência não há nenhuma diferença real. Se dois quadros interpretativos bastante distintos são invocados, isso resulta das inadequações de nossa apreensão, em vez de quaisquer características qualitativas da coisa. (O capitalismo é – para além de qualquer questão séria – uma invasão alienígena, mas até aí, você sabia que ia dizer isso.)

…devemos ter cuidado ao estarmos certos de quais formas a informação pode e não pode tomar.

Se tivéssemos a competência para sermos cuidadosos, nada disso estaria acontecendo.

(Agradecimentos ao VXXC2014 pela incitação.)

* Essa descrição talvez seja um pouco cruel, ela é uma teórica dos memes séria e pioneira.

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Zack-Pop II

A política de Zack é interessante o suficiente para ter gerado preocupação:

A lógica do apocalipse zumbi inevitavelmente pinta os humanos – os que sobrevivem, de qualquer forma – como egoístas, perigosos e prontos para se voltar uns contra os outros quando confrontados com dificuldades. É uma visão perversa e darwinista social de uma sociedade que se desvenda rápida e facilmente; as únicas coisas que aparentemente nos mantém juntos são departamentos de polícia e a eletricidade. […] …Os princípios básicos da lógica zumbi também seguem princípios conservadores da linha dura (auto-suficiência, individualismo, isolacionismo), que têm sido cada vez mais forçosamente articulados ao longo dos últimos quinze anos. Em seu livro de 2012, Thomas Edsall examina o trabalho do professor Philip Tetlock de Wharton, que descobriu que os conservadores “toleram menos compromissos; vêem o mundo em termos de ‘nós’ versus ‘eles’; estão mais dispostos a usar força para ganhar uma vantagem; são mais ‘propensos a confiar em regras avaliativas simples (bom vs. mau) ao interpretar questões de política’; estão motivados a punir violadores de normas sociais (por exemplo, desvios das normas tradicionais de sexualidade ou comportamento responsável) e a dissuadir caroneiros”. Soa familiar? Basicamente descreve o compasso moral de sobreviventes bem-sucedidos de zumbis. Engraçado, então, que os Republicanos, na verdade, tendam a odiar The Walking Dead. […] Independentemente disso, a proliferação da cultura zumbi, neste momento, é incompreensível. Como ainda estamos, enquanto público, fascinados pelo mesmo cenário, os mesmos vilões com morte cerebral, os mesmos desertos esvaziados? “Está se alimentando de si mesmo”, disse [Daniel] Drezner. “Toda vez que alguém diz que atingimos o pico dos zumbis, alguma outra vem junto”.

A hipótese provisória do XS: a preparação para Zack é a resposta comercial-estética à morte do conservadorismo. Os progs não podem ser parados por nenhum mecanismo político já instalado, então é hora de estocar o porão com munição e feijões. Naturalmente, eles vão dizer: você não deveria estar pensando assim! É encorajante que tantas pessoas estejam.

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Futuro Zackado

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Charlton:

A Revolução Industrial teve o efeito de permitir que muitos bilhões de pessoas que teriam morrido ficassem vivas – isto significou que mutações genéticas que teriam sido eliminadas pela morte durante a infância, em vez disso, se acumularam. […] …por um lado, as mutações têm se acumulado, geração a geração, com (aprox.) um ou duas mutações deletérias sendo adicionadas a cada linhagem a cada geração; pelo outro, as pessoas que exibiam traços causados por mutações deletérias – tais como inteligência reduzida e conscienciosidade de longo prazo debilitada, ou maior impulsividade, agressão e criminalidade – foram positivamente selecionadas, foram geneticamente favorecidas – simplesmente porque suas patologias significavam que elas eram incapazes ou relutantes em usar tecnologias reguladoras de fertilidade. […] Em outras palavras, o acúmulo de mutações que prejudicam a funcionalidade, na verdade, amplifica o sucesso reprodutivo sob as condições atuais e durante várias gerações passadas.

Em algum ponto, a proporção de mutantes – que são, em média, significantemente debilitados em funcionalidade – se tornará tão grande que a Revolução Industiral desmoronará, colapsará; o excesso populacional de 6-7 bilhões será insuportável; haverá uma escala Giga de mortes (isto é, bilhões de mortes) de mortalidade ao longo de um período… […] Uma população de mutantes cuja inteligência tenha sido arrastada para baixo até um certo nível será muito menos funcional do que uma população em que a seleção a manteve em equilíbrio nesse nível – os mutantes carregarão múltiplas patologias além de sua inteligência debilitada. […]

Esse mundo de morte em massa fornecerá um novo tipo de ambiente seletivo – alguns mutantes podem se reproduzir muito rapidamente sob essas condições estranhas (e temporárias), ao evoluir para explorar recursos incomuns que estão (temporariamente) em abundância em um mundo de Giga-morte…

E se a extinção durar algumas gerações, alguns ‘carniceiros’ mutantes esquisitos podem vir a dominar em alguns lugares.

É possível que esta passagem não esteja nos arrastando para um cenário de Zack ou “Raiva Africana” de Apocalipse Zumbi canibal – ou quase – mas os parágrafos finais são não fáceis de se interpretar de qualquer outra maneira. Se eu fosse um roteirista de Hollywood, eu estaria sobre essa narrativa especulativa como um mutante carniceiro sobre uma montanha de cadáveres.

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Horror Malthusiano

O post é lançado assim porque é sexta-feira à noite, mas funciona. Um post mais atencioso poderia ter sido intitulado simplesmente ‘Malthus’ e envolvido muito trabalho. Isso vai ser necessário em algum ponto. (Eis aqui a 6ª edição de An Essay on the Principle of Population, para qualquer um que queira começar agora.) Uma abordagem mais minuciosamente técnica teria sido marcado como ‘neo-malthusianismo’. Embora simpatize com lamentações sobre um outro prefixo ‘neo-‘, neste caso ele teria sido solidamente justificado. É apenas através da expansão da compreensão malthusiana, de acordo com uma lei de conservação mais geral, que sua relevância atual completa pode ser apreciada. O Malthus clássico ainda faz bem mais trabalho do que lhe é creditado, mas contém um princípio de bem aplicação bem mais penetrante.

O ‘neo-‘, em sua forma mais frívola, é meramente uma marca da moda. Quando empregado de maneira mais séria, ele denota um elemento de inovação. Seu sentido mais significante inclui não apenas novidade, mas também abstração. Algo é levado adiante de tal maneira que seu núcleo conceitual é destilado através da extração de um contexto específico, alcançando uma generalidade mais elevada e uma formalidade mais exata. Malthus antecipa isto parcialmente, em uma frase que aponta para além de qualquer concretude excessivamente restritiva:

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“O poder da população é tão superior ao poder da terra em produzir subsistência ao homem que a morte prematura deve, de uma forma ou outra, visitar a raça humana.”
– Reverendo Thomas Malthus

A qualificação “de uma forma ou outra” poderia ter sido extraída do horror abstrato, e “morte prematura” só a restringe vagamente. Ainda assim, essa formulação permanece demasiado estreita, uma vez que tende a excluir o resultado disgênico que, desde então, descobrimos ser uma dimensão da expressão malthusiana, pouco menos imponente do que a crise de recursos. Uma descrição neo-malthusiana do “X”, que, de uma forma ou outra, faz uma sombria perversidade de todos os esforços da humanidade para melhorar sua condição, o compreende como um destino matematicamente conservado, plástico ou abstrato, funcionando tão sem remorso através de reduções da mortalidade (‘relaxamentos’ malthusianos) quanto através de aumentos (‘pressões’ malthusianas). Ambos contariam igualmente como “restrições à população” – cada um conversível, através de um cálculo complexo, ao termos do outro. Uma população disgenicamente deteriorada através do relaxamento malthusiano ‘iluminado’ descobre, uma vez mais, como passar fome.

O Iluminismo Sombrio (ensaio) foi claramente catalizado pelo trabalho de Mencius Moldbug, mas deveria ter tido dois pilares histórico-intelectuais anglo-Thomistas ou Thomas céticos (e nenhum deles era Thomas Carlyle). O primeiro era Thomas Hobbes, no qual pelo menos se tocou. O segundo deveria ter sido Thomas Malthus, mas a série foi desviada para dentro da corrente espumante do caso Derbyshire e dos ultrajes da política racial esquerdista. A integridade da concepção foi perdida. Não tivesse sido, poderia ter sido menos tentador ler a corrente-333 como um Anti-Iluminismo, em vez de como um Contra-Iluminismo, no sentido de um alternativa eclipsada à calamidade rousseauista que prevaleceu. Teria certamente anexado o Iluminismo Escocês, mas apenas sob a condição definitiva de que ele fosse acorrentado seguramente ao cadafalso duramente realista do Iluminismo Sombrio (Hobbes e Malthus), desiludido de todo idealismo. Estórias bonitas são para criancinhas (sendo criadas por liberais).

Malthus subtrai todo o utopismo do iluminismo. Ele demonstra que a história é montada – necessariamente – em um jardim de açougueiro. Através de Malthus, Ricardo descobriu a Lei de Ferro dos Salários, desconectando as ideias de avanço econômico e redenção humanitária. Darwin efetuou um revisão comparável (e mais importante) na biologia, também sobre bases malthusianas, dissipando toda a sentimentalidade das noções de ‘progressão’ evolutiva. É a partir de Malthus que sabemos que, quando qualquer coisa parece se mover adiante, é por ser moída contra um fio de corte. É quando Marx tenta colocar Malthus na história, em vez da história em Malthus, que a demência utópica foi ressuscitada dentro da economia. O anti-malthusianismo dos libertários os estigmatiza como tolo sonhadores.

Com a NRx, a questão talvez seja mais instável, mas o Iluminismo Sombrio é inequivocamente malthusiano. Se você encontrar seu olho ficando úmido, arranque-o fora.

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Capitalismo vs a Burguesia

John Gray faz algumas observações reveladoras sobre os paradoxos práticos debilitantes da direita do final do século XX.

Resumindo a perspectiva de Thatcher, [Charles] Moore escreve sobre sua “mentalidade incomum, que era tanto conservadora quanto revolucionária”. É uma observação perspicaz, mas a nostalgia reacionária e o dinamismo revolucionário de Thatcher tinham algo em comum: o robusto individualismo ao qual ela olhava para trás era uma fantasia tanto quanto a vida burguesa renovada que ela projetava no futuro.

Uma vez que o ‘individualismo robusto’ é descartado como uma fantasia, uma estória de horror de algum tipo é o único resultado imaginável. Se as pessoas são realmente patéticas demais para assumirem responsabilidade por suas vidas, o que mais poderíamos esperar?

Certamente, tem que se conceder que qualquer um inútil o suficiente para ser inadequado ao básico de sua própria sobrevivência dificilmente vai exibir a mais-valia altruísta exigida para efetivamente tomar conta de qualquer outra pessoa. Talvez Deus consiga superar o déficit, ou – para mergulhar plenamente na superstição do bem-estar – a sociedade? A implicação derradeira do argumento de Gray é que os humanos não estão aptos a viver. (O que não é dizer que ele está errado).

O futuro pertence às pessoas da fronteira. Se nenhuma fração significante da espécie humana é mais capaz de ser isso, então é hora de uma busca evolutiva por algo que o seja. Não espere que seja bonito.

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