A Revolta de Varsóvia de Trump

Para apoiadores e detratores igualmente, o discurso do Presidente dos EUA Donald J. Trump em 6 de julho em Varsóvia foi imediatamente reconhecido com o mais importante de sua presidência até o momento. Uma vez que tanta coisa foi cristalizada através dele – ou talvez trazida à tona – é impossível começar a fazer sentido desse evento sem algum esboço preliminar do seu contexto.

A nova polaridade ideológica dominante, em ambos os lados do Atlântico, exibe características notavelmente similares. Talvez de maneira mais contundente, ela exibe a culminação de uma inversão ideológica de classe, que por décadas vinha chegando e que alinhou as massas – e, em particular, a classe trabalhadora nativa – com a direita, e as elites sociais com a esquerda. Consequentemente, o populismo foi firmemente estabelecido como um fenômeno da direita. Mesmo aquelas posições liberais clássicas mais fortemente ligadas ao avanço da liberdade comercial e, assim, mais firmemente associadas com a direita conservadora, não escaparam a um embaralhamento radical, seja através de reavaliação, marginalização ou inversão completa.

Nesta nova e desconcertante época, o interesse empresarial deixou de ser qualquer tipo de índice para a afiliação com a direita, e a oposição popular ao livre comércio não mais define um bloco substancial na esquerda. Se qualquer coisa, o oposto agora é verdadeiro. Aqueles, na esquerda ou na direita (incluindo este autor), que teimosamente mantém que a orientação ideológica ao capitalismo é a determinante fundamental da polaridade política significativa se descobrem lançados em uma posição de anacronismo desconexo. A impressionante magnitude desta transição não deveria ser subestimada.

Esse não é, claro, um desenvolvimento sem precedentes alarmantes. De pelo menos uma perspectiva – que não é, de forma alguma, necessariamente histérica – a fronteira entre o populismo de direita e o fascismo pode ser difícil de discernir. No que diz respeito ao contexto afetivo do discurso de Trump, esse é, sem dúvidas sérias, o elemento mais importante.

Muitos livros poderiam ser devotados aos novos termos da controvérsia política e quase certamente o serão. Cada um dos ainda instáveis novos campos é altamente heterogêneo e entrecruzado por uma variedade de interesses estratégicos complexos em relação à maneira em que a grande fenda entre eles é descrita, então toda tentativa de articulação será contestada, frequentemente de maneira feroz. Ainda assim, mesmo em meio ao atual choque e confusão, alguma estrutura básica é discernível. Além da oposição política entre esquerda e direita – em seu sentido atual e reajustado – não é difícil reconhecer uma ênfase globalista e nacionalista correspondentes, colocando universalistas contra particularistas: defensores da ordem institucional mundial contemporânea contra seu oponentes, ou partidários de uma abertura cosmopolita contra localistas paroquiais, de acordo com o gosto. Uma vez que, de maneira concreta, a insurgência marca uma crise da gestão social internacional e da confiança em elites estabelecidas e credenciadas, descrevê-la como uma luta entre tecnocratas e populistas é mais ou menos o mais neutro que podemos ser. Tais termos são empregados aqui como meros rótulos, em vez de como julgamentos ou explicações. Nenhuma depreciação extravagante é dirigida a qualquer um dos dois em relação ao outro. Os eleitorados que eles nomeiam têm profundidades substanciais que excedem qualquer definição fácil. Eles são massas sociais obscuras em conflito, em vez de ideias concorrentes.

Com a chegada de Trump em Varsóvia, dois pares de eleitorados políticos profundamente antagonistas – um americano, o outro europeu – foram mapeados um ao outro, de maneira ressonante. A América Vermelha Populista encontrou seu campeão local em Varsóvia, versus aquela da América Azul, em Berlim. Esses alinhamentos não foram seriamente questionados, de nenhum lado. Que a política de portas abertas da Alemanha de Angela Merkel, exemplificando sua defesa das instituições da UE e das posições políticas tradicionais em geral, estava em afinidade fundamental com as instituições ideológicas da América Azul era auto-evidente para todas as partes. Reciprocamente, a identificação da América Vermelha Trumpiana com a posição polonesa de dissidência à UE – sobre a questão da imigração mais claramente – foi tomada como auto-evidente. Mesmo antes da visita, para aqueles que prestavam atenção, o regime polonês tinha se tornado um ícone da revolta popular etno-nacionalista contra o governo tecnocrata transnacional, contra o secularismo evangélico e contra a imigração em massa. Tudo bateu.

É difícil estar confiante sobre o quanto uma estratégia lúcida subjazeu o evento. Em todas as questões sobre Trump, a suposição padrão tende a ser não muito. Dada a vociferação característica de Trump e seu conforto incomum com uma demagogia baixa, tal repúdio deve ser esperado. Isto não é, de maneira alguma, sugerir que seja perspicaz. Se instintos políticos afinado à quase perfeição não desempenhassem nenhuma parte, então a intervenção divina – ou alguma bênção da fortuna funcionalmente indistinguível dela – é a próxima hipótese mais plausível.

O discurso em si foi retoricamente pedestre e até mesmo desajeitado. É difícil imaginar qualquer frase singular dele sendo lembrada, a não ser para propósitos de seca ilustração histórica. A linguagem foi inteiramente adaptada à sua audiência imediata – tanto local quanto internacional – em vez de ao deleite das futuras gerações. O discurso foi, neste aspecto entre outros, uma coisa da era da mídia social, afinado ao feedback instantâneo. Ele manifestamente bajulou, mesmo nos padrões funestos de tais orações. A conexão que alcançou com seus ouvintes locais se inclinou à auto-congratulação coletiva. Uau, nós realmente somos ótimos parece ter sido o consenso, entre os diretamente envolvidos. Àqueles pouco inclinados a se identificar com o falante e a multidão em questão, isso só pode ter sido irritante. Comícios inimigos geralmente são, como os conservadores aprenderam durante os anos de Obama. O amor-próprio imperturbável dos seus inimigos, exuberantemente manifesto, é uma coisa verdadeiramente horrível de se ver. Naturalmente, Trump não ficou mais angustiado com esse fato do que seu antecessor.

Há mais um elemento contextual indispensável que precisa ser levantado antes de procedermos à reação da mídia – que foi, claro, o nível mais profundo do evento – e essa é a ‘Coisa Judia‘. Todo mundo sabe, em algum nível, que temos que começar a falar sobre isso, de alguma maneira, mesmo aqueles que – de maneira totalmente compreensível – realmente não querem. Ignorar o tópico é uma opção que está desaparecendo, porque não há razão nenhuma para pensar que isso irá embora. Talvez tenha sido mera coincidência que a visita de Trump tenha lhe levado fundo no território do holocausto, o que, novamente, ninguém realmente parece querer mencionar, muito embora tenha sido uma linha explícita em seu discurso. Foi, contudo, estruturalmente essencialmente para tudo que se seguiu. Inequivocamente, mesmo na medida em que passou despercebido, a dimensão judaica adicionou grandemente à intensidade febril da resposta.

A extrema sensibilidade às ansiedades sócio-políticas judaicas que predominou no Ocidente pós-guerra está notavelmente perdendo sua força, de uma maneira que não parece plausivelmente reversível. Pelo menos em parte, isso é uma consequência da generalização da política identitária, predominantemente sob direção esquerdista, que tem o peculiar efeito cultural – em seus estágios tardios – de que casos especiais estão ficando cada vez mais difíceis de se fazer. O status vitimológico rebenta seus bancos, em meio a condições de paranoia étnica ilimitada e simétrica. Lúgubres anedotas de agravos – adaptadas para todo nicho social imaginável – estão sempre em abundância, alimentadas pelas linhas de suprimento da Internet. Narrativas de perseguição explodem vindas de todos os lados. Demandas para se “cheque seus privilégios” se provaram estranhamente móveis e reversíveis, conforme foram crescentemente normalizadas, até o ponto – neste exemplo em particular – do anti-semitismo aberto e cáustico.

O resultado não é nada menos do que uma crise da esquerda judaica diaspórica, cuja margem argumentativa foi anulada por décadas de imunidade excepcional a críticas implacáveis. Estratégias culturais defensivas que, por meio século, foram aceitas sem questionamento, enquanto privilégio etno-histórico especial, bem repentinamente ficaram sujeitas a uma inspeção pública irreverente. Todo mundo quer um pedaço do sobrevivencialismo étnico agora.

Esta é a chave para o que ocorreu em Varsóvia. É evocada como sub-texto para o lamento de angústia de Peter Beinart, quando exposto à frase de Trump: “A questão fundamental de nosso tempo é se o Ocidente tem a vontade de sobreviver”. Beinart estava bastante correto em reconhecer – horrorizado – a ressonância desta frase com os elementos mais extremos da presente transição, mas isso não foi de nenhum auxílio para ele. Ele havia sido emboscado.

Trump fez seu discurso explicitamente sobre sobrevivência étnica, alinhado de maneira desarmadora com a vitimização judaica na Segunda Guerra, com a heroica resistência polonesa à ocupação militar estrangeira e, finalmente – e de maneira mais provocadora -, com a situação contemporânea do Ocidente. Naturalmente lhe ajudou, esmagadoramente, que a Revolta de Varsóvia tenha sido uma insurreição contra nazistas reais. Isso forneceu uma vacina contra o funcionamento normal da Lei de Godwin. Sabe quem mais queria sobrevivência étnica? Adolf Hitler! – Alcançamos o núcleo do evento agora. Simplesmente não havia nenhuma maneira em que essa resposta, que era a única que importava para os inimigos de Trump na esquerda, pudesse, de alguma maneira concebível, ser feita operar nesta ocasião. O que estava sendo celebrado eram os poloneses sobrevivendo ao nazismo, depois ao comunismo e, agora, – de maneira infinitamente estranha – novamente aos alemães, desta vez colocados no papel de executores principais de uma ordem política transnacional que promove um multiculturalismo obrigatório, uma tecnocracia secular e a cultura da auto-flagelação histórica ocidental. O resultado, quase inevitavelmente, foi um tumulto.

Não foram necessários grandes vôos de deslumbramento oratório para triunfar neste campo de batalha. A situação fez quase tudo. Os inimigos enlouquecidos de Trump tropeçaram na armadilha e foram estilhaçados. A esquerda, para quem é claro que o Ocidente não tem nenhum direito de sobreviver, se encontrou ideologicamente isolada em um grau sem precedentes na atual administração. Seus aliados táticos no establishment conservador do ‘Nunca-Trump’ evaporaram. Duros céticos de Trump, tais como Rod Dreher, David French, e Jonah Goldberg contribuíram com seus talentos para a caça dos remanescentes esquerdistas em fuga. David Frum só manteve seu terreno na oposição argumentando que Trump era pessoalmente indigno de seu próprio discurso.

Beinart saiu do trauma da pior maneira. Ele será para sempre assombrado por sua própria definição da questão em jogo, que foi imediatamente julgada de todos os lados como sendo uma produção não forçada de propaganda para a Alt-Right: “O Ocidente é um termo racial e religioso. Para ser considerado Ocidental, uma país dever ser largamente cristão (preferencialmente Protestante ou Católico) e largamente branco”. Por toda mídia social, muitos acenos de cabeça se seguiram, vindos de eleitorados cuja aprovação ele certamente menos apreciaria.

Jonah Goldberg recusou explicitamente seguir o que era agora tão vividamente exibido como a estrada de etno-masoquismo europeu obrigatório e auto-ódio civilizacional: “O que é irônico é que a raiva de bater na mesa de Peter sobre a fala de Trump sobre o Ocidente é tão Ocidental. A tolerância do Ocidente a filosofias anti-Ocidentais é uma característica razoavelmente singular do próprio Ocidente. Nós amamos nos flagelarmos.” A defesa do Ocidente, portanto, é tomada como uma causa inclusive de seus críticos.

É Rod Dreher, contudo, que melhor captura o que Trump consolidou em Varsóvia, talvez pela primeira vez. Ele diz, comparando Trump a seus críticos esquerdistas:

Como frequentemente é o caso com conservadores e Trump, não importa o quanto você despreze ele e suas pompas e obras, no fim das contas, você sabe que ele não odeia suas crenças e que ele e seu governo não vão usar o poder do Estado para lhe suprimir como uma ameaça à ordem pública e a todas as coisas boas e sagradas. […] Isso é alguma coisa.

Não importa o quanto Trump fomente aversão entre muitos conservadores, ele também provoca eventos que lembram os conservadores porque eles odeiam os liberais (usando estes termos em seu sentido americano contemporâneo degenerado). Muitos conservadores odeiam Trump e continuarão a odiá-lo, provavelmente até o fim do seu segundo mandato no cargo, se não por mais tempo. Mas a maneira em que os liberais o odeiam apresenta uma óbvia ameaça existencial a todas as formas de vida conservadora. Como Martin Niemöller nunca realmente disse, primeiro eles vieram para o Trump e estava bem óbvio que eu era o próximo na fila.

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O Problema de Fertilidade da Modernidade

A ala tecno-comercial da blogosfera neorreacionária tem um óbvio carinho pelas cidades estado do Círculo do Pacífico. Singapura, junto com Hong Kong (uma ‘Região Administrativa Especial’ da RPC que retém aparatos significativos de autonomia), são regularmente invocados enquanto modelos sócio-políticos. A diferença notável entre as duas sociedades apenas confirma os méritos que elas compartilham. “Se você ama tanto enclaves capitalistas com uma democracia mínima, por que não se muda para Singapura (ou Hong Kong)?” é um desafio notavelmente ineficaz para este eleitorado. Aqueles que já não fugiram para lá – ou para algum outro lugar que seja, em aspectos importantes, comparável – só pode ver o prospecto de tal exílio como um convite tentador. Não é exatamente “Vá para o paraíso!”, mas é o mais próximo que a polêmica política chega. A assimetria é decisiva. Ao contrário de qualquer aproximação concreta de um modelo social esquerdista utópico que nunca esteve disponível, essas são sociedades que incontestavelmente funcionam, com atrações que não exigem qualquer suporte de uma propaganda ativa. A direita ascende porque – ao contrário de seus inimigos – ela consegue encontrar exemplos do que ela admira que não são agonizantemente embaraçosos após uma inspeção mais próxima. Sério, sinta-se em casa e olha mais atentamente. Os detalhes são ainda mais impressionantes do que a deslumbrante impressão geral. Este seria um ótimo lugar para parar, mas em vez disso…

… em março de 2013, o blogueiro da direita dissidente ‘Spandrell’ afixou um post curto em seu abrasivo, mas consistentemente brilhante site, Bloody Shovel, que bagunçou a narrativa de uma maneira que ainda tem que ser persuasivamente abordada. Intitulado ‘Et tu, Harry?’, ele colocou o milagre de Singapura em um contexto desconcertante. Em vez de harmonizar com as celebrações neorreacionárias da política de imigração assumidamente seletiva da cidade estado, Spandrell pergunta:

Quantos indianos e chineses brilhantes existem, Harry? Certamente eles não são infinitos. O que eles vão fazer em Singapura? Bem, se envolver na loucura do mercado financeiro e do marketing e deprimir sua fertilidade à 0.78, desperdiçando valiosos genes apenas para que os preços das suas propriedades não caiam. Singapura é um triturador de QI.

A acusação é aguda e pode ser generalizada. A modernidade tem um problema de fertilidade. Quando elevada ao zênite da ironia selvagem, a formulação fica assim: No nível demográfico, a modernidade sistematicamente seleciona contra populações modernas. As pessoas que ela prefere, ela consome. Sem exagero grosseiro, essa tendência endógena pode ser vista como um risco existencial para o mundo moderno. Ela ameaça fazer toda a ordem global desabar ao seu redor.

A fim de discutir essa catástrofe implícita, é primeiro necessário falar sobre cidades, o que é uma conversa que já começou. Para expor o problema de maneira crua, mas com confiança: As cidades são sumidouros de populações. O historiador William McNeil explica o básico. A urbanização, desde suas origens, tem tendido implacavelmente a converter crianças de ativos produtivos a objetos de consumo de luxo. Todos os incentivos econômicos arcaicos relacionados à fertilidade são invertidos.

McNeil resume seu argumento em um ensaio online que considera ‘As cidades e suas Consequências’ (Cities and their Consequences):

Uma exposição intensificada a doenças infecciosas era a razão tradicional pela qual as cidades não se reproduziam. […] Mas é o custo de criar filhos em todos os ambientes urbanos, não as doenças, que melhor explica por que as populações urbanas geralmente declinam sem imigrantes das áreas rurais. Onde quer que os adultos saiam para trabalhar em fábricas, lojas e escritórios, e as crianças pequenas não tenham permissão de acompanhá-los, quem cuida dos jovens? Como eles podem ser preparados para um emprego lucrativo? Educação pública e cuidados pré-escolares raramente estão disponíveis nas favelas urbanas, particularmente fora dos países ocidentais, mas ocasionalmente até mesmo dentro deles também. Avós e vizinhos idosos podem, às vezes, fazer o trabalho, mas a coerência da família estendida não é tão predominante nas cidades, e frequentemente tais cuidadores não estão disponíveis. Profissionais de várias descrições devem, então, ser encontrados. Isso torna alto o custo da manutenção de filhos, e a criação que tais profissionais normalmente oferecem raramente se equipara a seus grandes honorários. […] Mesmo as crianças sendo mais caras nas cidades, elas são menos economicamente úteis quando jovens. Existem poucas frutas para serem colhidas, nenhum pequeno animal domesticado para ser arrebanhado. Há uma espera muito maior até que as crianças possam começar a contribuir para a renda da família nos cenários urbanos.

Os custos da educação sozinhos explicam muito disso. As taxas escolares são de longe a tecnologia contraceptiva mais eficaz já concebida. Criar um filho em um ambiente urbano não é nada para o que o precedente rural jamais tenha preparado. Mesmo se pais responsáveis fossem a única motivação em jogo, o efeito compressivo sobre o tamanho familiar já seria extremo. Sob circunstâncias urbanas, torna-se quase uma agressão contra seus próprios filhos ter muitos deles. Mas há muito mais do que isto acontecendo.

O reconhecimento da crise de fertilidade moderna e a ‘extrema direita’ – seja em suas linhagens ‘misógina’ ou ‘racista’ – não são facilmente distinguíveis. O axioma igualitário, como aplicado ao gênero ou à etnia, fica sujeito a uma tensão crítica conforme o tópico é perseguido. Uma teoria geral da direita pós-conservadora seria produtivamente iniciada aqui.

O feminismo foi o primeiro e inevitável alvo. Ele está firmemente correlacionado com o colapso da fertilidade e é algo que a modernidade tende (fortemente) a promover. A expansão das oportunidades sociais femininas para além da criação obrigatória de filhos dificilmente poderia levar a qualquer outro lugar além de uma drástica contração do tamanho familiar. A tendência moderna inexorável à decodificação social – isto é, à produção de uma agência contratual abstrata no lugar de pessoas concretamente determinadas – torna a explosão de tais oportunidades aparentemente incontido. O individualismo fomentado pela vida urbana poderia, para a imaginação contra-factual, ter ficado, de alguma maneira, restrito aos homens, mas enquanto questão de fato histórico real, o abandono dos papéis sociais tradicionais procedeu sem limitação séria, com variação em velocidade, mas sem qualquer indicação de uma direção alternativa. A persona radicalmente decodificada da Internet – opcionalmente anônima, fabricada e auto-definidora – não parece ser mais do que uma extrapolação das normas emergentes da existência urbana. Suposições feministas, pelo menos na forma de sua ‘primeira onda’ liberal, são integrais à cidade moderna.

Lamentações tradicionalistas religiosas a este respeito não são, claro, nada de novo. O cristianismo – especialmente sob inspiração católica – conectou a modernidade à esterilidade por tanto tempo quanto a modernidade foi notada. Uma série de fatores cruciais, contudo, mudaram. Desde os primeiros anos do novo milênio, liberais seculares começaram a notar a conexão entre religiosidade e fertilidade e a expressar uma preocupação crescente com suas consequências político-partidárias. Em um artigo de 2009, Sarah R. Hayford e S. Philip Morgan discutem a transição de uma discussão tradicional sobre o tópico, focada na fertilidade diferencial entre católicos e protestantes, para seu modo contemporâneo, subsequente à convergência das diferenças denominacionais, que agora se mapeia mais estreitamente às afiliações partidárias dos estados vermelhos e azuis. Vale a pena citar seu resumo em sua (quase) totalidade:

Usando dados da National Survey of Family Growth (NSFG) de 2002, mostramos que as mulheres que relatam que a religião é “muito importante” em sua vida cotidiana têm tanto uma fertilidade maior quanto uma fertilidade planejada maior do que aquelas que dizem que a religião é “um pouco importante” ou “não é importante”. Fatores tais como fertilidade indesejada, idade no nascimento ou grau de adiamento da fertilidade parecem não contribuir para os diferenciais da religiosidade na fertilidade. Esta resposta leva a questões mais fundamentais: qual é natureza desta maior “religiosidade”? E por que as mais religiosas querem mais filhos? Mostramos que aquelas que dizem que a religião é mais importante tem atitudes de gênero e familiares mais tradicionais e que essas diferenças de atitude são responsáveis por uma parte substancial do diferencial de fertilidade.

“Os Religiosas Herdarão a Terra?” perguntou Eric Kaufmann em um livro de 2010 com esse nome (“Shall the Religious Inherit the Earth?”). Uma virada peculiar na herança darwiniana começou a trazer a herdabilidade das atitudes religiosas à proeminência e ligá-la (positivamente) à questão da aptidão reprodutiva. Aqueles grupos anteriormente vistos como tendo sido inequivocamente vencidos por uma ciência evolutiva triunfante estavam agora sujeitos a uma irônica – e, da perspectiva progressista, profundamente sinistra – vingança evolutiva. Esta é uma estória que ainda mal começou a se desdobrar.

Um desenvolvimento paralelo, compondo o comprometimento da modernidade cultural com a esterilidade imperativa, tem sido a eflorescência da política de identidade sexual LGBTQXYZ. Após a decisiva vitória progressista na causa do casamento gay, algo como uma Explosão Cambriana em orientações não tradicionais sexuais e de gênero ocorreu, colocando no turbo a pré-existente crítica feminista da sexualidade reprodutiva normativa. Aqui, também, a afinidade com inclinações modernistas profundas é inequívoca, em um processo de especialização introjetada de marcas e nichos. A tendência – frequentemente apoiada enquanto estratégia política explícita – é inverter os termos da marginalização, ao submergir a unidade reprodutiva familiar dentro de um menu hiper-inflado de posições sócio-libidinais. A fertilidade é cada vez mais identificada como uma excentricidade conservadora, alvo legítimo da guerra político-partidária. Uma reação intensa esteve entre os resultados (fornecendo terreno fértil para uma ‘extrema direita’ pós-conciliatória).

Ah, mas tem mais. A transição verdadeiramente grande, implícita no processo da modernidade desde o princípio, é marcada pelo limiar entre urbanização doméstica e global. As grandes cidades sempre foram distintivamente cosmopolitas, mas durante a fase inicial de suas histórias, a maior parte de sua absorção demográfica esteve limitada aos seus próprios sertões étnicos. Urbanização significava, primeiro de tudo, a conversão de populações rurais em moradores de cidades. No mundo em desenvolvimento, ela ainda significa isso. Nas sociedades modernas mais avançadas, contudo, as populações rurais domésticas foram quase inteiramente consumidas, reduzidas a alguma fração negligenciável do total nacional. Depois deste ponto, o processo de substituição populacional, intrínseco ao fenômeno urbano desde seu princípio, ficou inextricavelmente ligado à globalização e aos fluxos migratórios trans-nacionais. Agora – que é realmente agora – as coisas ficam interessantes.

A política, por etimologia profética, é sobre cidades. A inevitabilidade de uma ‘Alt-Right’ emergente na política de massas das sociedades modernas avançadas já é completamente previsível a partir de um entendimento mínimo de como as cidades funcionam. É simples ilusão imaginar que a mera contingência governa aqui, talvez sob a direção de personalidades políticas particulares. Antes, o metabolismo urbano – essencialmente – em uma certa fase de seu desenvolvimento, gera circunstâncias esmagadoramente condutivas à erupção da uma etno-política popular. Cidades são parasitas demográficos. Elas tendem intrinsecamente a uma dinâmica que – para além de um limiar comparativamente definido – não pode falhar em ser percebida como uma política sistemática de substituição étnica.

Há ainda muita esperança de se persuadir a pasta de dentes a volta para seu tubo. Em outras palavras, há uma falha massiva em se apreciar a profundidade e a magnitude dos processos subjacentes à atual crise global. Por exemplo, a linguagem incendiária do ‘genocídio’ conduzido pela migração não irá embora. Ela está fadada, pelo contrário, a se espalhar e se intensificar. A reemergência do tópico da raça, e todos seus associados, está profundamente cozida no bolo modernista. A modernidade comparativa é automaticamente racializada uma vez que o metabolismo global empreste à fertilidade diferencial (urbana/rural) sua especificidade étnica. O que está se desdobrando, entre outras coisas, é a desagregação racial da ‘bomba populacional’, com drástica inevitabilidade. Isto não é um produto de intelectuais, mas inerentemente do processo moderno, e todas as tentativas por parte dos intelectuais de obstruir sua condensação cultural são hubristicamente mal concebidas. “Quem, realmente, está tendo filhos?” É uma espécie de insanidade pensar que esta questão pode ser estrangulada no berço.

Então, qual é a resposta? A Alt-Right tem uma? Se tem, não houve sinal dela ainda. “Queimem as cidades até o chão” foi levantado no Twitter, e sem dúvida em outros lugares, mas não parece ser obviamente prático. Essa solução tem um rico pedigree comunista – especialmente no Leste Asiático – que a Alt-Right provavelmente redescobrirá em algum ponto. Não funcionou nos anos 1970 e teria poucas chances de ter um desempenho sequer um pouco mais convincente hoje.

Conforme a crise escala, pode-se esperar que ela gere uma linha de teorias políticas originais, orientadas à questão: Como fazemos sentido prático e técnico das buscas de soluções sociais em geral? Tal pensamento vai ser necessário. Nossas grandes cidades representam um problema político derradeiro. Eventualmente, algo ficará grato por isso.

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1930-e-poucos

A história nunca se repete, mas rima, assim diz o sugestivo aforismo (falsamente?) atribuído a Mark Twain.

James Delingpole escreve no Daily Telegraph:

…você já tentou ler revistas ou jornais privados dos anos 1930? O que vai te surpreender é que, até o último minuto – até o momento de fato em que a guerra realmente eclodiu – mesmo os comentadores e escritores mais perspicazes e informados se agarravam à ilusão de que as coisas de alguma forma iriam dar certo. Eu realmente espero que a história não esteja prestes a se repetir. Infelizmente, a lição da história é que, vezes demais, ela o faz.

Tem muito disso por aí.

Para um relato teórico de como a história poderia rimar, em um ciclo sinistro de 80 anos, há um modelo geracional que  o tom. “Strauss & Howe estabeleceram que a história pode ser decomposta em Saeculums de 80 a 100 anos, que consistem de quatro viradas: O Ponto Alto, O Despertar, O Desvendamento, e a Crise.” De um ponto de vista filosófico, parece um pouco sub-potenciado, mas sua plausibilidade cresce a cada mês.

Entre as anomalias de Shanghai está uma relação peculiar com os anos 1930. Para a cidade além da Concessão Internacional, a década caiu em desastre quando as hostilidades sino-japonesas eclodiram em 1937. Ainda assim, o período precedente não foi marcado por depressão, mas por um Alto Modernismo exuberante. Datas dos anos 1930 que em muito do mundo pareceriam distintamente sinistras estão expostas nas construções históricas da cidade como uma marca da autenticidade da Era Dourada. Para a mente paranoica, isso se encaixaria perfeitamente no mesmo esquema de rima perturbador de hoje.

Na maior parte do mundo rico, a decadência econômica, política e cultural pareceu – retrospectivamente – pressagiar o cataclisma vindouro, como se nada menos pudesse sacudir sistemas sociais exauridos de sua implacável trajetória descendente. Em quase todo lugar, alguma versão do pensamento fascista foi apreendida como o antídoto para o mal-estar que se congregava de maneira implacável. Por debaixo da superfície da ordem geoestratégica global, placas tectônicas em deslocamento acumulavam uma intolerável tensão. Sistemas monetários degenerados se despedaçaram em redemoinhos incontroláveis de sinais desfuncionais.

Ainda assim, é inteiramente possível que não haja nada com o que se preocupar:

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ADICIONADO: “Se você ouvir ecos dos anos 1930 na capitulação em Genebra, é porque o Ocidente está sendo liderado pelo mesmo tipo de homens, mas sem os guarda-chuvas.” (Estou ouvindo ecos dos anos 1930 em basicamente todos os lugares.)

Original.

Niilismo e Destino

Leitores de Nietzsche ou de Eugene Rose já estão familiarizados com a atribuição de uma teleologia cultural à modernidade, direcionada à realização consumada do niilismo. Nossa crise contemporânea encontra esse tema reanimado dentro de um contexto geopolítico através da obra de Alexandr Dugin, que a interpreta como um condutor de eventos concretos – mais especificamente a antagonização da Rússia por parte de uma ordem liberal mundial em implosão. Ele escreve:

Há um ponto na ideologia liberal que causou uma crise dentro dela: o liberalismo é profundamente niilista em seu âmago. O conjunto de valores defendidos pelo liberalismo está essencialmente ligado a sua tese principal: a primazia da liberdade. Mas a liberdade, na visão liberal, é uma categoria essencialmente negativa: ela reivindica ser livre de (nos termos de John Stuart Mill), não ser livre para, algo. […]…os inimigos da sociedade aberta, que é sinônima da sociedade Ocidental pós-1991 e que se tornou a norma para o resto do mundo, são concretos. Seus inimigos primários são o comunismo e o fascismo, ambas ideologias que emergiram da mesma filosofia Iluminista e que continham conceitos centrais não-individualistas – a classe no Marxismo, a raça no Nacional-Socialismo, e o Estado nacional no fascismo). Assim, a fonte do conflito do liberalismo com as alternativas existentes de modernidade, fascismo ou comunismo, é bastante óbvia. O liberais alegam liberar a sociedade do fascismo e do comunismo, ou seja, das duas grandes permutações de totalitarismo moderno explicitamente não-individualistas. A luta do liberalismo, quando vista enquanto parte do processo da liquidação de sociedades não-liberais, é bastante significativa: ela adquire seu significado do fato da própria existência de ideologias que explicitamente negam o indivíduo como o valor mais alto da sociedade. É bastante claro ao que a luta se opõe: à liberação de seu oposto. Mas o fato de que a liberdade, da maneira em que ela é concebida pelos liberais, é uma categoria essencialmente negativa não é claramente percebida aqui. O inimigo está presente e é concreto. Esse fato mesmo dá ao liberalismo seu conteúdo sólido. Algo além da sociedade aberta existe, e o fato de sua existência é o suficiente para justificar o processo de liberação.

Na análise de Dugin, o liberalismo tende à auto-abolição no niilismo e é capaz de neutralizar esse destino – mesmo que apenas temporariamente – ao se definir contra um inimigo concreto. Sem a guerra contra o iliberalismo, o liberalismo volta a ser nada em absoluto, uma negação flutuando livremente sem propósito. Portanto, a iminente guerra contra a Rússia é uma exigência do processo cultural intrínseco ao liberalismo. É uma fuga do niilismo, o que é dizer: a história do niilismo o propele.

Este blog está bem mais inclinado a criticar Dugin do que a se alinhar com ele, ou com as forças que ele orquestra, mas é difícil negar que ele representa uma espécie definida de gênio político, suficiente para categorizá-lo como um homem do destino. A mobilização da resistência à modernidade em nome de um contra-niilismo é inspirada, porque o entendimento histórico que ela desenha é genuinamente penetrante. Através de uma alquimia política potente, a destruição do significado coletivo é transformada em uma causa revigorante. Quando Dugin argumento que haverá sangue, o apelo a vitimologia eslava poderia ser considerado abjeto (e, claro, extremamente ‘perigoso’), mas a compreensão profética não é fácil de descartar.

A modernidade foi iniciada pela assimilação européia do zero matemático. O encontro com o nada está em sua raiz. Neste sentido, entre outros, ela é niilista em seu âmago. Os frívolos ‘significados’ a que as sociedades em modernização se agarram, como distrações de sua propulsão para dentro do abismo, são indefensáveis contra a ridicularização – e até mesmo contra a repulsa – daqueles que as contemplam com distanciamento. Uma modernidade que evade seu niilismo essencial é uma presa lamentável nas planícies da história. Isto é o que vimos antes, vemos agora e, sem dúvidas, veremos de novo.

Dugin fita a modernidade com os olhos frios de um lobo. É meramente patético denunciá-lo por isso.

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Ordem e Valor

Uma peça de maquinário que reduz a desordem (local) tem valor. Poderia ser uma força policial funcional, um arranjo econômico catalático ou um mecanismo sociopolítico que implementasse uma geografia dinâmica (ou um Patchwork 1, 2, 3, 4). Outros poderiam ser listados. Qualquer sistema adaptativo complexo funciona assim (até que deixe de funcionar). Desde Schrödinger, essa foi tomada como a definição abstrata da vida. Em certas vertentes da filosofia, também foi tomada como o significado completo e rigoroso de uma máquina (como contraposto a uma ‘engenhoca’ – que funciona somente dentro de um agenciamento maquínico maior). É apenas exportando entropia que qualquer coisa de complexidade sequer mínima consegue continuar sua existência. A produção de ordem é funcionalidade em seu sentido mais elevado e teleológico.

Uma peça de retórica que meramente celebre a ordem, como algo legal de se ter, não vale nada em si mesma. “Queremos ordem” é o slogan “nos dê coisas de graça” da reação intelectualmente degenerada. Quando examinado de perto, é indistinguível de uma mendicância política. (A democracia ensinou todo mundo a pedir esmola.) É improvável que mesmo o libertário mais radicalmente degradado fosse desavergonhado o suficiente para considerar “riqueza é bom, pobreza é ruim” como algo além de uma expressão de incontinência emocional sub-cômica. “Ordem é bom, caos é ruim” é um slogan de mérito exatamente equivalente. “Queremos ordem” é simplesmente “queremos dinheiro” em um nível superior de generalidade. Macacos querem amendoins, mas ficamos relutantes em dignificar suas vaias famintas com o rótulo de ‘filosofia política’.

A dissipação de entropia é um problema. Poderia bem razoavelmente ser considerado o problema. Qualquer teoria social séria é respeitada na medida em que esclarece a questão: Então, como a entropia é dissipada? A corrente principal da cultura intelectual anglófona foca-se firmemente nela, em linhagem ampla desde a mecânica newtoniana, o Iluminismo Escocês, a ciência do calor, a economia clássica e o naturalismo darwiniano, até teorias da complexidade, sistemas distribuídos, redes dinâmicas e multiplicidades produtivas. Ordem espontânea é o tópico consistente. ‘Espontâneo’ significa apenas: Não pressupõe aquilo que tem a tarefa de explicar. Se a gênese da ordem não está sendo teorizada, a ordem está meramente sendo assumida e, depois, consumida. A diferença é entre uma problemática do lado da oferta (“como a ordem é produzida de maneira prática?”) e uma demanda vazia (“queremos mais ordem”). A primeira é industrial, a última simplesmente tirânica, quando é qualquer coisa que seja além de um ruído vazio.

A menos que uma teoria de pol-econ. possa contribuir para uma explicação da produção de ordem (dissipação de entropia), ela está desperdiçando o tempo de todo mundo. “Mas eu realmente quero ordem” é simplesmente tolice. É surpreendente que se possa pensar o contrário.

Original.

Horrorismo

A Neorreação, conforme tende à extremidade de seu vetor no Iluminismo Sombrio, frustra todas as demandas familiares por ativismo. Mesmo que a anti-política explícita continue sendo uma postura minoritária, o cálculo demótico da possibilidade política, há muito dominante, é consistentemente subvertido – esvaziando os eleitorados demográficos dos quais se poderia esperar uma ‘mobilização’. Não há nenhuma classe, raça ou credo reacionário remotamente coerente – ela dolorosamente explica – a partir do qual uma política de massas que reverta a maré possa ser construída. A este respeito, mesmo as versões mais brandas de análise neorreacionária são profundamente decepcionantes em termos de política.

Quando as ideologia demotistas entraram em crises superficialmente comparáveis, elas se bifurcaram em ‘realistas’ conciliadores e ‘terroristas’ extremistas. A última opção, que substitui a erosão do fator extensivo (popular) por uma intensificação violenta da vontade política, é um indicador especialmente confiável de que o demotismo está entrando em um estado idealista, no qual suas características ideológicas essenciais são expostas com peculiar clareza. Terroristas são os veículos de ideias políticas que ficaram encalhadas por conta de uma maré vazante de identidade social e estão, assim, liberados para se aperfeiçoarem na abstração da praticidade massiva. Uma vez que um movimento revolucionário se torna demograficamente implausível, terroristas nascem.

O realismo neorreacionário, em contraste, está positivamente alinhado com a recessão da sustentação demótica. Se este não fosse o caso, ele exibiria seu próprio modo específico de política democrática – um evidente absurdo. Qualquer sugestão de raiva frustrada, que se incline a expressões terroristas, imediatamente revelaria uma profunda confusão, ou hipocrisia. Açoitar as massas até a aquiescência ideológica, através da violência exemplar, não pode sequer imaginavelmente ser um objetivo neorreacionário.

O ativismo demotista encontra sua rigorosa ‘contrapartida’ neorreacionária no fatalismo – tricotomizado como providência, hereditariedade e catalaxia. Cada uma destas vertentes do destino trabalha em seu caminho para fora, na ausência do endosso político das massas, com um impulso que se constrói através da dissolução da ação compensatória organizada. Em vez de tentar fazer algo acontecer, a fatalidade restaura algo que não pode ser parado.

É assim que os contornos aproximados da tarefa horrorista emergem em foco. Em vez de resistir ao desespero do ideal progressista aterrorizando seus inimigos, ela se dirige à culminação do desespero progressista no abandono da compensação à realidade. Ela des-mobiliza, des-massifica e des-democratiza, através de intervenções sutis, singulares e catalíticas, orientadas à efetuação do destino. A Catedral tem que ser horrorizada à paralisia. A mensagem horrorista (aos seus inimigos): Nada do que você está fazendo tem qualquer possibilidade de funcionar.

“O que deve ser feito?” não é uma questão neutra. O agente que ela invoca já se estica na direção do progresso. Isso é suficiente para sugerir uma resposta horrorista: Nada. Não faça nada. Sua ‘práxis’ progressista dará em nada, em todo caso. Desespere-se. Receda ao horror. Você pode fingir prevalecer em antagonismo a ‘nós’, mas a realidade é seu inimigo verdadeiro – e fatal. Não temos nenhum interesse em gritar para você. Nós sussurramos, gentilmente, em seu ouvido: “desespere-se”. (O horror.)

Original.

Capitalismo vs a Burguesia

John Gray faz algumas observações reveladoras sobre os paradoxos práticos debilitantes da direita do final do século XX.

Resumindo a perspectiva de Thatcher, [Charles] Moore escreve sobre sua “mentalidade incomum, que era tanto conservadora quanto revolucionária”. É uma observação perspicaz, mas a nostalgia reacionária e o dinamismo revolucionário de Thatcher tinham algo em comum: o robusto individualismo ao qual ela olhava para trás era uma fantasia tanto quanto a vida burguesa renovada que ela projetava no futuro.

Uma vez que o ‘individualismo robusto’ é descartado como uma fantasia, uma estória de horror de algum tipo é o único resultado imaginável. Se as pessoas são realmente patéticas demais para assumirem responsabilidade por suas vidas, o que mais poderíamos esperar?

Certamente, tem que se conceder que qualquer um inútil o suficiente para ser inadequado ao básico de sua própria sobrevivência dificilmente vai exibir a mais-valia altruísta exigida para efetivamente tomar conta de qualquer outra pessoa. Talvez Deus consiga superar o déficit, ou – para mergulhar plenamente na superstição do bem-estar – a sociedade? A implicação derradeira do argumento de Gray é que os humanos não estão aptos a viver. (O que não é dizer que ele está errado).

O futuro pertence às pessoas da fronteira. Se nenhuma fração significante da espécie humana é mais capaz de ser isso, então é hora de uma busca evolutiva por algo que o seja. Não espere que seja bonito.

Original.

O Iluminismo Sombrio, Parte 4b

Parte 4b: Observações Desagradáveis

Embora famílias negras e pais de garotos não sejam os únicos que se preocupam com a segurança dos adolescentes, Tillman, Brown e outros pais dizem que criar garotos negros é talvez o aspecto mais estressantes de ser pai, porque estão lidando com uma sociedade é temerosa e hostil em relação a eles, simplesmente por causa da cor de sua pele.

“Não acredita? Fique um dia em meu lugar”, disse Brown.

Brown disse que, aos 14, seu filho está naquela idade crítica em que ele está sempre preocupado com sua segurança por causa da criação de perfis.

“Eu não quero assustá-lo ou fazê-lo generalizar as pessoas, mas, historicamente, nós homens negros temos sido estigmatizados como os perpetradores de crimes e, onde quer que estejamos, somos suspeitos”, disse Brown.

Pais negros que não deixam esse fato claro, ele e outros disseram, o fazem arriscando seus filhos.

“Qualquer pai afro-americano que não esteja tendo essa conversa está sendo irresponsável”, Brown disse. “Eu vejo toda esta coisa como uma oportunidade para falarmos francamente, abertamente e honestamente sobre relações raciais.”
– Gracie Bonds Staples (Star-Telegram)

Quando as comunidades resistem a um influxo de titulares de vales-habitação do Seção 8 vindos do centro da cidade, digamos, eles estão reagindo esmagadoramente a comportamentos. A cor da pele é um indicador desse comportamento. Se os negros do centro da cidade se comportassem como Asiáticos – amontoando tanto conhecimento em seus filhos quanto eles conseguem colocar em seus crânios – a cautela persistente em relação aos negros de renda mais baixa que muitos americanos inquestionavelmente nutrem desapareceriam. Existem racistas irremediáveis entre os americanos? Por certo. Eles vêm em todas as cores, e deveríamos deplorar todos eles. Mas a questão da raça nos Estados Unidos é mais complexa do que a companhia educada geralmente tem permissão de expressar.
– Heather Mac Donald (City Journal)

“Vamos falar sobre o elefante na sala. Eu sou negra, OK?” disse a mulher, recusando-se a se identificar porque antecipou uma reação devido à sua raça. Ela se inclinou para olhar para o repórter direto nos olhos. “Haviam garotos negros roubando casas nesta vizinhança”, ela disse. “É por isto que George suspeitou de Trayvon Martin.”
— Chris Francescani (Reuters)

“Em suma, a dialética pode ser definida como a doutrina da unidade dos opostos. Isto incorpora a essência da dialética”, Lenin observa, “mas isso requer explicações e desenvolvimento”. Isto é: mais discussão.

A sublimação (Aufhebung) do Marxismo no Leninismo é uma eventualidade que é melhor compreendida de maneira crua. Ao forjar um política comunista revolucionária de ampla aplicação, quase inteiramente divorciada das condições materiais maduras ou das contradições sociais avançadas que foram anteriormente antecipadas, Lenin demonstrou que a tensão dialética coincidia, exaustivamente, com sua politização (e que toda referência a uma ‘dialética da natureza’ não é mais do que uma subordinação retrospectiva do domínio científico a um modelo político). Dialéticas são tão reais quanto são feitas ser.

A dialética começa com uma agitação política e não se estende para além de sua ‘lógica’ prática, antagonista, faccional e de coalizão. Ela é a ‘superestrutura’ por si só, ou contra a limitação natural, apropriando-se de maneira prática da esfera política, em sua extensão inteligível mais ampla, como uma plataforma para a dominação social. Onde quer que haja discussão, há uma oportunidade não resolvida para governar.

A Catedral encarna estas lições. Ela não tem qualquer necessidade de esposar o Leninismo, ou dialética operacional comunista, porque não reconhece nada mais. Dificilmente há um fragmento da ‘superestrutura’ social que tenha escapado da reconstrução dialética através de antagonismo articulado, polarização, estruturação binária e reversão. Dentro da academia, da mídia e mesmo das belas artes, a super-saturação política prevaleceu, identificando mesmo os elementos mais minúsculos da apreensão com uma ‘crítica social’ conflituosa e com a teologia igualitária. O comunismo é a implicação universal.

Mais dialética é mais política, e mais política significa ‘progresso’ – ou migração social para a esquerda. A produção de concordância pública leva apenas em uma direção e, dentro da discordância pública, tal ímpeto já existe em embrião. É apenas na ausência de concordância e de uma discordância publicamente articulada, ou seja, na não-dialética, no não-argumento, na diversidade sub-política ou iniciativa politicamente descoordenada que o refúgio ‘direitista’ da ‘economia’ (e, de maneira mais ampla, da sociedade civil) será encontrado.

Quando nenhuma concordância é necessária ou coercitivamente exigida, a liberdade negativa (ou ‘libertária’) ainda é possível, e este ‘outro’ não argumentativo da dialética é facilmente formulado (mesmo que, em uma sociedade livre, ele não precise ser): Faça suas próprias coisas. Bastante claramente, este imperativo irresponsável e negligente é politicamente intolerável. Ele coincide exatamente com a depressão esquerdista, retrocesso ou despolitização. Nada clama mais urgentemente por ser contra argumentado.

No extremo oposto está o êxtase dialético da justiça teatral, na qual a estrutura argumentativa dos procedimentos legais é associada à divulgação por meio da mídia. O entusiasmo dialético encontra sua expressão definitiva em um drama de tribunal que combina advogados, jornalistas, ativistas comunitários e outros agentes da superestrutura revolucionária na produção de um julgamento-show. Contradições sociais são encenadas, casos antagonistas articulados, e uma resolução, institucionalmente esperada. Isto é Hegel para o horário nobre da televisão (e agora para a Internet). É a maneira em que a Catedral compartilha sua mensagem com as pessoas.

Às vezes, em suas paixão impaciente pelo progresso, essa mensagem pode tropeçar em si mesma, porque, muito embora os agentes da Catedral sejam infinitamente razoáveis, eles são cada vez menos sensatos, muitas vezes surpreendentemente incompetentes, e estão propensos a cometer erros. Isto deve ser esperado com bases teológicas. Conforme o estado se torna Deus, ele se degenera em imbecilidade, no modelo do santo tolo. A política midiática do espetáculo de Trayvon Martin fornece um exemplo pertinente.

Nos Estados Unidos, como em qualquer outro país grande, muitas coisas acontecem todos os dias, exibindo inúmeros padrões de obscuridade variante. Por exemplo, em um dia médio, há aproximadamente 3400 crimes violentos, incluindo 40 assassinatos, 230 estupros, 1000 assaltos e 2100 agressões agravadas, ao lado de 25.000 crimes não violentos de propriedade (roubos e furtos). Muito poucos destes serão amplamente divulgados ou aproveitados como educacionais, exemplares e representativos. Mesmo que a mídia não estivesse inclinada a uma seleção baseada em narrativa das ‘boas estórias’, o simples volume de incidentes compeliria a algo do tipo. Dada esta situação, é quase inevitável que as pessoas perguntem: Por que estão nos contando isto?

Quase tudo sobre a morte de Trayvon Martin é controverso, exceto pela motivação da mídia. Sobre este tópico, há quase uma unanimidade. O significado ou mensagem pretendida da estória do caso dificilmente poderia ter sido mais transparente: A paranoia racista branca torna a América perigosa para pessoas negras. Ele assim ensaiaria a dialética do terror racial (seu medo é assustador), feita – como sempre – para converter o pesadelo social recíproco da América em uma peça de moralidade unilateral, alocando o pavor legítimo exclusivamente a um lado da divisão racial principal do país. Parecia perfeito. Um vigilante branco malignamente enganado atira em uma criança negra inocente, justificando o medo negro (‘a conversa’) enquanto expõe o pânico branco como um psicose assassina. Esta é uma estória de tamanho significado arquetípico progressista que não pode ser contada vezes demais. Na verdade, é boa demais para ser verdadeira.

Logo se tornou evidente, contudo, que a seleção da mídia – mesmo quando reforçada pela máquina de raiva de celebridades / ‘ativistas comunitários’ – não fora suficiente para manter a estória no script, e ambos os atores principais estavam se distanciando de seus papeis atribuídos. Se os estereótipos endossados pelos progressistas devessem ser sequer remotamente preservados, uma vigorosa edição seria exigida. Isso foi especialmente necessário porque certos leitores maus, racistas e preconceituosos do Miami Herald estavam começando a forjar uma conexão mental destruidora de narrativas entre ‘Trayvon Martin’ e ‘ferramenta de assalto’.

Quanto ao assassino, George Zimmerman, o nome dizia tudo. Ele claramente iria ser um cara pálida, desajeitado, parecido com um storm-trooper, com esperança algum tipo de cristão louco por armas e, talvez – se eles realmente achassem ouro, – um tipo dos movimentos de milícia, com um histórico de homofobia e ativismo anti-aborto. Ele começou ‘branco’ – por nenhuma razão óbvia além da incompetência midiática e da programação narrativa – e depois se viu transformado em um ‘hispânico branco’ (uma categoria que parece ter sido rapidamente inovada no momento), antes de ser gradualmente deslocado ao longo de uma série de complicações étnicas cada vez mais compatíveis com a realidade, culminando na descoberta de seu bisavô afro-peruano.

No coração da Catedral, estava bem na hora de coçar a cabeça. Aqui estava o grande réu amerikkkano, sendo preparado para seu julgamento-show, o Presidente havia contribuído emocionalmente em nome da sagrada vítima, e o jogo coordenado no solo havia sido avançado à beira fervilhante de revoltas raciais, quando a mensagem começou a cair aos pedaços, em tal medida que agora ameaçava a se degenerar em um caso irritantemente irrelevante de violência de negros contra negros. Não era apenas que George Zimmerman tinha uma ancestralidade negra – o que o tornava simplesmente ‘negro’ pelos padrões construtivistas sociais da própria esquerda – ele também havia crescido amigavelmente entre pessoas negras, com duas garotas afro-americanas como “parte do lar por anos”, havia entrado em um empreendimento em conjunto com um parceiro negro, era um democrata registrado e até mesmo algum tipo de ‘organizador comunitário’…

Então, por que Martin morreu? Foi por carregar chá gelado e um pacote de Skittles sendo negro (a versão ‘poderia ter sido o Obama filho’, aprovada pela mídia e por ativistas comunitários), por ir verificar alvos de assaltos (a versão do perfilamento racial kluxer) ou por quebrar o nariz de Zimmerman, derruba-lo, sentar em cima dele e golpear sua cabeça repetidamente contra o calçada (a ser decidido no tribunal)? Ele era um mártir da injustiça racial, um predador social de baixo nível ou um sintoma humano da crise urbana americana? A única coisa que estava realmente clara quando os procedimentos legais começaram, além da tristeza esquálida do episódio, era que ele não estava resolvendo nada.

Para uma sensação do quão desconcertantemente a lição aprovada havia se desintegrado no momento em que Zimmerman foi acusado de assassinato em segundo grau, só é necessário ler este post do blogueiro BDH oneSTDV, que descreve os distúrbios dialéticos da direita guerreira racial.

Apesar da natureza perturbadora das “acusações” contra Zimmerman, muitos da alt-right recusam conceder a Zimmerman qualquer simpatia ou sequer ver isto como um momento seminal no reino anarco-tirano do esquerdismo moderno. De acordo com estes indivíduos, os mestiço, falante de espanhol e democrata registrado, recebeu o que estava em seu caminho – a ira da multidão negra e da elite de esquerda indiretamente apoiada pelo próprio Zimmerman. Devido ao seu histórico de votação, antecedentes multiculturais e tutelagem de jovens de minorias, eles vêem Zimmerman como emblemático do ataque da esquerda à América branca, um tipo de soldado na campanha contra a brancura americana. [Negrito no original]

A política popular do politicamente correto estava pronta para seguir adiante. Com o grande julgamento-show colapsando em desordem narrativa, era hora de refocar na Mensagem, que se danem os fatos (que se danem duplamente). ‘Jezebel‘ melhor exemplifica o tom ameaçador e vagamente histérico:

Você sabe como dizer se as pessoas negras ainda são oprimidas? Porque as pessoas negras ainda são oprimidas. Se você alega que você não é uma pessoa racista (ou, pelo menos, que você está comprometido em trabalhar para caralho para não ser uma – o que, na verdade, é o melhor que qualquer um nós pode prometer), então você tem que acreditar que as pessoas são fundamentalmente nascidas iguais. Logo, se isso é verdade, então, em um vácuo, fatores como cor da pele não deveriam ter nenhum efeito sobre o sucesso de ninguém. Certo? E, portanto, se você realmente acredita que todas as pessoas são criadas iguais, então, quando você vê que desigualdades raciais drásticas existem no mundo real, a única coisa que você poderia concluir é que alguma força externa está segurando algumas pessoas. Como… o racismo. Certo? Então, parabéns. Você acredita em racismo! A menos que você não acredite realmente que as pessoas nasçam iguais. E, se você não acredita que as pessoas nascem iguais, então você é a p**** de um racista.

Alguém “realmente acredita que as pessoas nascem iguais”, da maneira que se entende isso aqui? Acredita, isto é, não apenas que uma expectativa formal de tratamento igual é um pré-requisito da interação civilizada, mas que qualquer desvio revelado da igualdade substancial de resultado é uma indicação óbvia e inequívoca de opressão? Que isso é “a unica coisa que você poderia concluir”?

No mínimo, Jezebel poderia ser parabenizada por expressar a fé progressista em sua forma mais pura, inteiramente descontaminada de sensibilidade à evidência ou à incerteza de qualquer tipo, casualmente desdenhosa de qualquer pesquisa relevante – quer existente ou meramente concebível – e supremamente confiante sobre sua própria invencibilidade moral. Se os fatos estão moralmente errados, tanto pior para os fatos – está é a única posição que poderia ser adotada, mesmo se for embasada em uma mistura de pensamento desejoso, ignorância deliberada e mentiras insultantemente infantis.

Chamar a crença na igualdade substancial humana de superstição é insultar a superstição. Pode ser injustificado acreditar em leprechauns, mas pelo menos a pessoa que mantém tal crença não está assistindo-os não existir, a cada hora de vigília do dia. A desigualdade humana, em contraste e em toda a sua multiplicidade abundante, está constantemente em exposição, conforme as pessoas exibem suas variações em gênero, etnia, atratividade física, tamanho e forma, força, saúde, agilidade, charme, humor, sagacidade, diligência e sociabilidade, ente outras inúmeras características, traços, habilidades e aspectos de sua personalidade, algumas de forma imediata e conspícua, algumas apenas lentamente, ao longo do tempo. Absorver mesmo a mais mínima fração disso tudo e concluir, da única maneira possível, que ou não é nada em absoluto, ou que é um ‘construto social’ e um índice de opressão, é puro delírio Gnóstico: um comprometimento, para além de toda evidência, com a existência de um mundo verdadeiro e bom, velado pelas aparências. As pessoas não são iguais, elas não se desenvolvem igualmente, suas metas e realizações não são iguais, e nada pode torná-las iguais. A igualdade substancial não tem qualquer relação com a realidade, exceto enquanto sua negação sistemática. Violência em uma escala genocida é necessária para sequer se aproximar do programa igualitário prático e, se qualquer coisa menos ambiciosa for tentada, as pessoas a contornam (algumas de maneira mais competente que as outras).

Para tomar apenas o exemplo mais óbvio, qualquer um com mais do que um filho sabe que ninguém nasce igual (exceto, talvez, gêmeos monozigóticos e clones). Na verdade, todo mundo nasce diferente, de inúmeras maneiras. Mesmo quando, – como normalmente é o caso – as implicações dessas diferenças para os resultados da vida são difíceis de prever com confiança, sua existência é inegável ou, pelo menos: sinceramente inegáveis. Claro, sinceridade, ou mesmo uma coerência cognitiva mínima, não é nem remotamente a questão aqui. A posição de Jezebel, embora impecável em sua correção política, não é apenas factualmente duvidosa, mas sim risivelmente absurda e, na verdade – estritamente falando – insana. Ela dogmatiza um negação da realidade tão extrema que ninguém poderia genuinamente manter, ou sequer entretê-la, muito menos plausivelmente explicá-la ou defendê-la. Ela é um princípio de fé que não pode ser entendido, mas apenas afirmado ou aceito, como loucura tornada lei, ou religião autoritária.

O mandamento político desta religião é transparente: Aceite a política social progressista como a única solução possível para o pecado problema da desigualdade. Este comando é um ‘imperativo categórico’ – nenhum fato possível jamais poderia miná-lo, complicá-lo ou revisá-lo. Se a política social progressista na verdade resultar em uma exacerbação do problema, a realidade ‘caída’ deve ser culpada, uma vez que o mal social é obviamente pior do que se vislumbrara anteriormente e apenas esforços redobrados na mesma direção podem esperar remediá-lo. Não pode haver nada a se aprender em questão de fé. Eventualmente, o colapso social sistemático ensina a lição que a falha crônica e a deterioração incremental não puderam comunicar. (Isso é o darwinismo social em escala macro para principiantes, e é a maneira em que a civilização acaba.)

Devido a sua excepcional correlação com uma variação substancial nos resultados sociais nas sociedades modernas, de longe a dimensão mais problemática da biodiversidade humana é a inteligência ou capacidade geral de resolução de problemas, quantificada como QI (que mede o ‘g’ de Spearman). Quando o ‘senso comum estatístico’ ou perfilamento é aplicado aos proponentes da Bio-Diversidade Humana, contudo, um outro traço significativo rapidamente é exposto: um déficit notavelmente consistente de condescendência. De fato, é amplamente aceito dentro da própria ‘comunidade’ amaldiçoada que a maior parte daqueles teimosos e esquisitos o suficiente para se educarem sobre o tópico da variação biológica humana são significantemente ‘retardados socialmente‘, com baixa inibição verbal, baixa empatia e baixa integração social, o que resulta em má adaptação crônica às expectativas do grupo. Os EQs típicos deste grupo podem ser extraídos como a raiz quadrada aproximada de seus QIs. Um autismo moderado é típico, suficiente para aproximar seus companheiros em um espírito de curiosidade natural-científica desprendida, mas não tão avançado ao ponto de compelir um desengajamento cósmico total. Estes traços, que eles próprios consideram – com base na copiosa informação técnica – como sendo substancialmente herdáveis, têm consequências sociais manifestas, que reduzem oportunidades de emprego, rendas e mesmo potencial reprodutivo. A despeito de todo o conselho terapêutico gratuito disponível no ambiente progressista, esta desagradabilidade não demonstra qualquer sinal de estar diminuindo e pode mesmo estar se intensificando. Como Jezebel mostra tão claramente, isto só pode ser um signal de opressão estrutural. Por que as pessoas desagradáveis não podem ter uma pausa?

A história é condenadora. Os ‘sociáveis’ sempre tiveram um rancor pelos desagradáveis, frequentemente declinando se casar ou fazer negócios com eles, os excluindo das atividades do grupo e de cargos políticos, os rotulando com insultos, os ostracizando e evitando. A ‘desagradabilidade’ foi estigmatizada e estereotipada em termos extremamente negativos, em tal medida que muitos dos desagradáveis buscaram rótulos mais sensíveis, tais como ‘deficientes sociais’, ou ‘sócioatípicos’. Não raro, pessoas foram verbal ou mesmo fisicamente agredidas por nenhuma outra razão além de sua desagradabilidade radical. Mais trágico de tudo, devido à sua completa incapacidade de se relacionarem uns com os outros, os desagradáveis nunca foram capazes de se mobilizar politicamente contra a opressão social estrutural que enfrentam ou de entrar em coalizações com seus aliados naturais, tais como cínicos, refutadores, contrarianistas e aqueles que sofrem com síndrome de Tourette. A desagradabilidade ainda tem que ser libertada, embora seja provável que a Internet ‘ajude’…

Considere o ensaio em infâmia de John Derbyshire, The Talk: Nonblack Version, que foca inicialmente em sua implacável desagradabilidade e está atento à correlação negativa entre sociabilidade e razão objetiva. Como Derbyshire observa em outros lugares, as pessoas geralmente são incapazes de se diferenciar de suas identidade de grupo ou de aplicar apropriadamente generalizações estatísticas sobre grupos a casos individuais, incluindo os seus próprios. Um reificação racionalmente indefensável, mas socialmente inevitável, dos perfis de grupo é psicologicamente normal – até mesmo ‘humana’ – com o resultado de que informação estatística ruidosa e não específica é erroneamente aceita como uma contribuição para o auto-entendimento, mesmo quando informações específicas estão disponíveis.

Da perspectiva da análise racional socialmente autista e de baixo QE, isto está simplesmente equivocado. Se um indivíduo tem certas características, o fato de pertencer a um grupo que tem características médias similares ou dissimilares não tem qualquer relevância que seja. Informações diretas e determinadas sobre o indivíduo não são, em nenhum grau, enriquecidas por informações indiretas e indeterminadas (probabilísticas) sobre os grupos aos quais o indivíduo pertence. Se os resultados individuais de um teste são conhecidos, por exemplo, nenhuma compreensão adicional é fornecida por inferências estatísticas sobre os resultados do teste que poderiam ter sido esperados com base no perfilamento do grupo. Um judeu asquenaze imbecil não é menos imbecil porque ele é um judeu asquenaze. É pouco provável que freiras chinesas idosas sejam assassinas, mas uma assassina que ocorra de ser um freira chinesa idosa não é nem mais nem menos assassina do que uma que não o seja. Isto é tudo extremamente óbvio, para as pessoas desagradáveis.

Para as pessoas normais, contudo, não é óbvio de maneira alguma. Em parte, isto é porque a inteligência racional é escassa e anormal entre humanos e, em parte, porque a ‘inteligência’ social funciona com o que o resto das pessoas está pensando, ou seja, com um sentimento irracional de grupo, pouca informação, preconceitos, estereótipos e heurística. Uma vez que (quase) todas as outras pessoas estão tomando atalhos, ou ‘economizando’ razão, é apenas racional reagir defensivamente a generalizações que provavelmente serão reificadas ou inapropriadamente aplicadas – superando ou substituindo percepções específicas. Qualquer um que antecipe ser predefinido através de um identidade de grupo tem um ego-investimento expandido naquele grupo e na maneira em que ele é percebido. Uma avaliação genérica, por mais objetivamente que tenha sido alcançada, se tornará imediatamente pessoal, sob condições (mesmo bastante remotamente) normais.

A razão desagradável pode teimosamente insistir que qualquer coisa na média não pode ser sobre você, mas a mensagem não será, em geral, recebida. A ‘inteligência’ social humana não é construída dessa maneira. Mesmo comentadores supostamente sofisticados tropeçam repetidamente nas exibições mais chocantes de incompreensão estatística, sem o menor embaraço, porque o embaraço foi feito para alguma outra coisa (e quase exatamente para o oposto). A falha em entender estereótipos em sua aplicação científica ou probabilística é um pré-requisito funcional da sociabilidade, uma vez que a única alternativa à idiotice, neste aspecto, é a desagradabilidade.

O artigo de Derbyshire é digno de nota porque é bem sucedido em ser definitivamente desagradável e tem sido reconhecido como tal, apesar da incoerência espumante da maioria das réplicas. Entre as coisas que ‘a conversa’ e ‘a contra-conversa’ compartilham está uma estrutura teatral de conversação pseudo-privada feita para ser ouvida. Em ambos os casos, uma mensagem que pais são compelidos a entregar a seus filhos é encenada como o veículo de uma lição social mais ampla, visando aqueles que, por ação ou inação, criaram um mundo que é intoleravelmente perigoso para eles.

Esta forma é intrinsecamente manipuladora, o que torna mesmo a conversa ‘original’ um alvo tentador de paródias. No original, contudo, um tom de sinceridade angustiada é projetado através de uma performance deliberada de inocência (ou ignorância). Ouça filho, eu sei que isso vai ser difícil de entender… (Ó, por quê, por que estão fazendo isto conosco?). A contra-conversa, em forte contraste, funde seu drama microssocial com o discuso clinicamente não-sociável de “pesquisas metódicas nas ciências humanas” – tratando populações como unidades biogeográficas vagas com características quantificáveis, em vez de como sujeitos jurídico-políticos em comunicação. Ela ridiculariza a inocência e – por implicação – o critério da própria sociabilidade. Concordância, condescendência, não contam para nada. As estatísticas rigorosa e redundantemente compiladas dizem o que dizem e, se não conseguimos viver com isso, tanto pior para nós.

Ainda assim, mesmo para uma leitura razoavelmente simpática, ou escrupulosamente desagradável, o artigo de Derbyshire fornece bases para críticas. Por exemplo, e desde o começo, é notável que o recíproco racial de “americanos não-negros” é “americanos negros”, e não “negros americanos” (o termos que Derbyshire seleciona). Esta inversão da ordem das palavras, trocando substantivos e adjetivos, rapidamente se assenta em um padrão. Tem importância que Derbyshire exija a extensão da civilidade para qualquer “negro individual” (em vez de aos ‘indivíduos negros’)? Certamente faz diferença. Dizer que alguém é ‘negro’ é dizer algo sobre ela, mas dizer que alguém é ‘um negro’ é dizer quem ela é. O efeito é sutilmente, mas distintivamente, ameaçador, e Derbyshire é bem treinado demais, algebraicamente, para ser desculpado de observar isso. Afinal, ‘John Derbyshire é um branco’ soa igualmente estranho, assim como o faz qualquer formulação análoga, que submerge o indivíduo no gênero, a ser recuperado como uma mera instância ou exemplo.

O aspecto mais intelectualmente substantivo deste logro de incivilidade gratuita foi examinado por William Saletan e Noah Millman, que fizeram pontos muito similares, dos dois lados da divisa liberal/conservador. Ambos os autores identificam um fissura ou incongruência metódica no artigo de Derbyshire, decorrente de seu comprometimento com a aplicação microssocial de generalizações estatísticas macrossociais. Estereótipos, por mais rigorosamente confirmados que sejam, são essencialmente inferiores ao conhecimento específico em qualquer situação social concreta, porque ninguém nunca encontra uma população.

Como um liberal de posições problemáticas, Saletan não tem escolha alguma além de recuar melodramaticamente das “conclusões de revirar o estômago” de Derbyshire, mas suas razões para fazê-lo não são consumadas por suas crise gastro-emocional. “Mas o quê, exatamente, é uma verdade estatística?” ele pergunta. “É uma estimativa de probabilidade a que você pode recorrer se você não souber nada sobre [um indivíduo em particular]. É o substituto fraco de uma pessoa ignorante para o conhecimento.” Derbyshire, com sua atenção de Aspergers à ausência de vencedores negros da Fields Medal, é “…um nerd matemático que substitui a inteligência social pela inteligência estatística. Ele recomenda cálculos de grupo em vez de se dar ao trabalho de aprender sobre a pessoas que está na sua frente”.

Millman enfatiza a inversão irônica que transforma o (desagradável) conhecimento científico social em ignorância imperativa:

Os “realistas raciais” gostam de dizer que eles são os que estão curiosos quanto ao mundo e que os tipos “politicamente corretos” são os que preferem ignorar a feia realidade. Mas o conselho que Derbyshire dá a seus filhos os encoraja a não serem curiosos demais sobre o mundo a seu redor, por medo de se machucarem. E, como regra geral, esse é conselho terrível para crianças – e não é o conselho que Derbyshire tem seguido em sua própria vida.

A conclusão de Millman também é instrutiva:

Então, por que eu sequer estou argumentando com Derb? Bem, porque ele é um amigo. E porque mesmo conversas preguiçosas e socialmente irresponsáveis precisam ser refutadas, não meramente denunciadas. O artigo de Derbyshire é racista? Claro que é racista. Todo o seu ponto é que é tanto racional quanto moralmente correto que seus filhos tratem pessoas negras de maneira significativamente diferente das pessoas brancas e tenham medo delas. Mas “racista” é um termo descritivo, não moral. A turma “realista racial” está fortemente convencida da precisão das principais premissas de Derbyshire, e eles não vão ser convencidos a abandonar essa convicção pela afirmação de que tal convicção é “racista” – tampouco, honestamente, eles deveriam ser. Por esta razão, eu sinto que é importante argumentar que as conclusões de Derbyshire não se seguem, de maneira simples, daquelas premissas e estão, na verdade, moralmente incorretas, mesmo que aquelas premissas sejam concedidas por bem do argumento.

[Breve intervalo…]

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O Momento NRx

Este não é ele.

O fenômeno Trump realmente é algo, uma crise da democracia e um despedaçamento da Janela de Overton muito inclusos, mas não é uma coisa intrinsecamente direitista e é radicalmente populista em natureza. Uma exploração reacionária do demotismo não é um episódio neorreacionário. É a Alt-Right que tem o devido crédito da captura do espírito deste desenvolvimento. Não somos nós.

A NRx está situada absolutamente fora da política de massa. Seu momento raia apenas quando a Era das Massas estiver concluída.

Ela estará concluída. A emergência da propriedade soberana (primária), liberada do critério da legitimação democrática é seu sinal. O governo, nestas bases, é neocameral. As tendências históricas profundas que a suportam incluem:

(1) Propriedade apolítica. Nenhuma realidade ou concepção dessa foi historicamente realizada ainda. Pois, enquanto a propriedade for determinada como uma relação social, ela não poder ser. A propriedade absoluta é criptográfica. Ela é mantida, não por consentimento social e, assim, acordo político, mas por chaves. Fnargl é um experimento mental provocador, mas as chaves privadas da CCP são um fato inegociável. Elas definem a relação de propriedade com um rigor que toda a história precedente da filosofia e da economia política foi incapaz de alcançar. Tudo que se segue da transição criptográfica – o Bitcoin mais notavelmente – contribui para o estabelecimento de um sistema de propriedade para além da prestação democrática de contas (e, desta forma, insensível à Voz). A administração neocameral implementa um estado criptográfico, estritamente equivalente a um governo completamente comercializado.

(2) Capital autônomo. A definição da corporação como uma pessoa legal estabelece as bases, dentro da modernidade, para a agência comercial abstraída que logo será realizada em ‘Corporações Autônomas Digitais’ (ou DACs). A escala da transição econômica assim implicada é difícil de superestimar. O consumo de massa enquanto fonte básica de receita para a empresa capitalista é superado em princípio. A convulsão iminente é imensa. O desenvolvimento industrial autopropulsor se torna seu próprio mercado, liberado da dependência de desejos de consumo populares (ou popularizáveis) arbitrários. A administração da demanda, enquanto base da governança macroeconômica, acabou. (Ninguém está remotamente pronto para isto ainda.)

(3) Segurança robótica. O rebaixamento definitivo das massas militares completa a trifeta. A massa armadas enquanto modelo da cidadania revolucionária declina à insensatez, substituída por drones. A Asabiyyah deixa inteiramente de importar, não importa o quanto continue a ser um foco de apego romântico. A industrialização fecha o ciclo e protege a si mesma.

O grande jogo, para as agências humanas (de qualquer escala social) se torna um de cooperação produtiva com formações de propriedade soberana, com a ameaça de violência política de massa varrida da mesa. A Alt-Right não é qualquer tipo de preparação para isto. Sua aventura é bastante diferente, o que não quer dizer que seja desinteressante ou – no curto prazo – inteiramente sem consequências, mas é exaurida por seu demotismo. Ela pertence à era que está morrendo, não à que está nascendo.

A modernidade sócio-política tem sido um argumento sobre distribuições de propriedade, e a Alt-Right agora demonstrou que a Esquerda (auto-consciente) não tem qualquer monopólio sobre isso. Conforme a senescência se aprofunda, a dialética rasga toda a estrutura apodrecida em pedaços. A NRx – quando entende a si mesma – não está argumentando.

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O que é a Alt-Right?

Tópico da semana, parece. O XS esculpirá um espaço no Chaos Patch para links visados no domingo, mas para os tipos impacientes, eis aqui um tira-gosto (1, 2, 3, 4).

Este blog, creio que previsivelmente, toma uma posição de me inclua fora dessa. A Neorreação, da maneira em que eu a entendo, previu a emergência da Alt-Right enquanto resultado inevitável dos excessos da Catedral e não gostou nem remotamente do que viu. Chute um cão o suficiente e você acaba com um cão mal-humorado. Reconhecer o fato não significa que você apoia chutar cães – ou cães mal-humorados. Talvez você fique feliz de ver o chutador de cães ser mordido (eu também). Isso, contudo, é o máximo a que se chega.

Uma definição curta, que me parece incontroversa: A Alt-Right é a direita populista dissidente. Colocada teoricamente, a NRx está, portanto, agrupada com ela, mas como uma coisa bastante diferente. Uma outra conclusão óbvia a partir da definição: a Alt-Right vai quase inevitavelmente ser bem maior do que a NRx é ou jamais deveria visar ser. Se você acha que o poder popular é basicamente ótimo, mas que a Esquerda apenas têm feito errado, a Alt-Right é muito provavelmente o que você está procurando (e a NRx definitivamente não é).

Para a Alt-Right, de maneira geral, o fascismo é (1) basicamente uma grande ideia e (2) um insulto sem sentido, inventado por (((Marxistas Culturais))), a ser ridicularizado. Para a NRx (versão do XS), o fascismo é uma aberração esquerdista em estágio terminal, tornada peculiarmente tóxica por sua praticidade comparativa. Não existe realmente qualquer espaço para um encontro de mentes neste ponto.

Como consequência de seu populismo essencial, a Alt-Right está inclinada ao anti-capitalismo, etno-socialismo, política de ressentimento e estatismo progressivo. Seu interesse na fragmentação geopolítica (ou produção do Patchwork) é algo entre irremediavelmente distraído e positivamente hostil. Além do seu – admitidamente muito divertido – potencial para a catálise do colapso, não há qualquer razão que seja para a ala tecno-comercial da NRx ter a menor simpatia por ela. Espaço para cooperação tática, dentro do quadro estratégico do pan-secessionismo, certamente existe, mas isso poderia ser igualmente dito de completos maoistas com uma disposição para quebrar coisas.

Nada disto deveria ser tomado como uma concorrência por recrutas. A Alt-Right ficará com quase todos eles – vai ser enorme. Da perspectiva da NRx, a Alt-Right deve ser apreciada por nos ajudar a nos limpar. Eles são muito bem-vindos a levarem quem quer que puderem, especialmente se fecharem a porta na saída.

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